As sementes desempenham um importante papel no sistema produtivo, sendo responsáveis por proporcionar resistência, produtividade e outras características dentro do esperado da genética da cultivar. Sendo assim, podem ser tratadas como uma dos principais insumos da lavoura, se não o principal. Entretanto, o custo de aquisição de sementes nem sempre é baixo, devido a inúmeros fatores como material genético empregado, mão de obra, recursos envolvidos, entre outros fatores de produção.

Sendo assim, alguns agricultores optam por produzir suas próprias sementes, ou seja “salvar sementes”. As sementes salvas não podem ser comercializadas e sua utilização é restrita à semeadura na propriedade rural. A alternativa cativa alguns produtores que veem no ato de salvar sementes a oportunidade de diminuir os custos de produção, entretanto, alguns cuidados são necessários para manter a qualidade fisiológica, sanitária, genética e física dessas sementes, e um deles é o armazenamento adequado.

Além de garantir no campo a produção de sementes de qualidade, o beneficiamento e armazenamento das sementes é fundamental para conservar sua qualidade. Dentre os fatores de maior contribuição na perda de qualidade das sementes, destacam-se a umidade das sementes, temperatura de armazenamento e a forma como são armazenadas as sementes (recipientes/embalagens).

Avaliando a qualidade fisiológica de sementes de soja armazenada em diferentes embalagens, Vilela et al. (2016) encontraram resultados que demonstram maior perda de germinação de sementes de soja quando armazenadas em embalagens permeáveis (Tabela 1).

Tabela 1. Germinação (%) das sementes de soja em função do período de armazenamento em diferentes tipos de embalagem.

Fonte: Vilela et al. (2016).

Assim como Vilela et al. (2016), França-Neto et al. (2016) destacam o cuidado com as embalagens no armazenamento de sementes, visando diminuir a perda de qualidade das sementes. Segundo os autores, quando armazenadas em “big-bags”, as sementes de soja devem apresentar em média 1 % a menos de umidade quando comparadas ao armazenamento em sacarias, isso para diminuir a deterioração das sementes na parte central do “big-bag”.

Segundo França-Neto et al. (2016), a semente é higroscópica, sou seja, sua umidade tende a estar em equilíbrio com a umidade com ambiente. Sendo assim, é fundamental trabalhar com condições controladas de temperatura e umidade para diminuir a perda da qualidade de sementes. Os autores ainda comentam que sementes com umidade superior a 14% tendem a proporcionar melhores condições para o desenvolvimento de fungos como Aspergillus flavus e indicam que o melhor conteúdo de água na semente para o armazenamento é 13%.

Figura 1. Aspergillus flavus infectando semente de soja deteriorada.

Foto: Ademir Assis Henning.

Além de interferir negativamente da germinação das sementes, um estudo realizado por Smaniotto et al. (2013) demonstra que o aumento do conteúdo de água nas sementes (acima de 13%) para o armazenamento, diminui consideravelmente o vigor das sementes, alcançando valores de 76,1% aos 180 dias de armazenamento, isso quando armazenada a 14% de umidade em temperatura de 27°C (figura 2).



Figura 2. Valores experimentais e estimados da primeira contagem das sementes de soja em função do teor de água inicial e do tempo de armazenamento para a temperatura de 27 °C.

Fonte: Smaniotto et al. (2013).

Já com relação a temperatura de armazenagem, Smaniotto et al. (2013) encontraram resultados que demonstram que a temperatura de 20°C proporciona a melhor conservação da qualidade das sementes.

Outro fator importante, é atentar para tratar ou não as sementes com produtos como fungicidas ou inseticidas para o armazenamento. Avaliando a qualidade fisiológica de sementes de soja durante o armazenamento após o revestimento com agroquímicos, Camilo et al. (2017) observaram que tanto para a cultivar de soja M6972 IPRO quanto para a cultivar M7739 IPRO não houve perdas da qualidade das sementes ao serem armazenadas após o revestimento com inseticidas e fungicidas pelo período avaliado de 60 dias, entretanto, os autores destacam que as cultivares apresentaram respostas diferentes quando ao revestimento com os produtos, e enfatizam que cada cultivar pode apresentar suas peculiaridades quando a resposta do uso de produtos no armazenamento de sementes.

Outro fator importante de ser lembrado, é que assim como as sementes, o ambiente de armazenagem deve estar isento de pragas, patógenos e impurezas, sendo fundamental o monitoramento da massa de sementes para avaliar e quantificar possíveis indícios de deterioração.


Veja também: O que é qualidade de sementes e por que ela é tão importante?



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Referências:

CAMILO, G. L. et al. QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA DURANTE O ARMAZENAMENTO APÓS REVESTIMENTO COM AGROQUÍMICOS. Revista de Ciências Agrárias, p.436-446, 2017.

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016.

SMANIOTTO, T. A. S. et al. QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE SOJA ARMAZENADAS EM DIFERENTES CONDIÇÕES. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.18, n.4, p.446–453, 2014.

VILELA, A. O. et al. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA ARMAZENADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS. Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia, Foz do Iguaçu, 2016.

 

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