Os preços do arroz em casca, que vinham operando nas máximas nominais desde o início deste ano, agora atingiram recordes reais da série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, iniciada em 2005. Nessa terça-feira, 11, o Indicador ESALQ/SENAR-Rio Grande do Sul, 58% grãos inteiros, com pagamento à vista, fechou a R$ 73,05/saca de 50 kg, acima do até então patamar recorde real, atualizado para R$ 71,59/saca, que foi verificado em maio de 2008 (a série mensal do Cepea foi deflacionada pelo IGP-DI de julho/2020). No acumulado parcial deste ano (de 30 de dezembro de 2019 a 11 de agosto de 2020), o Indicador registra expressiva alta de 52%.
Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso vem especialmente da demanda aquecida. Boa parte das indústrias/beneficiadoras do estado sul-rio-grandense tem interesse em realizar novas aquisições, com o objetivo de repor estoques, mesmo com certa dificuldade nas negociações do cereal beneficiado com atacadistas e varejistas de grandes centros consumidores. Inclusive, em alguns dias, pesquisadores do Cepea verificam certa concorrência entre empresas na aquisição de novos lotes. Esses demandantes também estão atentos aos baixos estoques de passagem. Do lado da oferta, orizicultores, de olho no movimento de alta nos valores, limitam as vendas de novos lotes de arroz em casca no mercado spot, à espera de preços ainda maiores. Assim, esses produtores “fazem caixa” com a venda de outros produtos.
De acordo com o relatório de agosto da Conab, a produção de arroz da safra 2018/19 (de março/19 a fevereiro/20) foi estimada em 10,48 milhões de toneladas, 13,1% abaixo do volume do ano-safra anterior. Para a safra 2019/20 (de março/20 a fevereiro/21), a colheita nacional foi estimada pela Conab em 11,2 milhões de toneladas no relatório de agosto, 6,6% acima da safra passada.
Ainda segundo a Conab, a disponibilidade interna de arroz nesta temporada 2019/20 teve variação positiva de 641,1 mil toneladas, sustentada pelo aumento da produção, especialmente – o estoque inicial registrou queda e as importações podem ter ligeiro aumento. Porém, a previsão é que o consumo interno aumente 521,9 mil toneladas em relação ao período anterior, após ter cedido 1,7 milhão de toneladas em apenas dois anos. É esperado, também, que as exportações somem 139,1 mil toneladas a mais que a temporada anterior. Com isso, a demanda total pelo arroz brasileiro deve se elevar em 661 mil toneladas, superando, portanto, a variação positiva da disponibilidade interna. Como consequência, por enquanto, as estimativas apontam que o estoque final em fevereiro/21 seja equivalente a 2,6 semanas de consumo doméstico, contra 2,8 semanas observadas em fevereiro/20 e 3,1 semanas em fevereiro/19.
Fonte: CEPEA