A continuidade da colheita das lavouras de arroz foi severamente comprometida devido à sequência de dias chuvosos. Esse cenário foi agravado pela característica do cultivo, localizado em áreas de várzeas, onde o acesso torna-se mais difícil e onde estão concentrados os principais pontos de alagamento nas propriedades de produção.
Adicionalmente, ocorreram problemas para realizar a secagem dos grãos, o que resulta na perda de qualidade e rendimento, seja por falta de energia para as propriedades com silos próprios, seja pela demora no transporte dos grãos das lavouras até os locais de armazenagem em função de problemas nas estradas.
A área cultivada no Estado está estimada em 900.203 hectares, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz(IRGA). A produtividade inicialmente estimada em 8.325 kg/ha poderá ser reduzida após a quantificação das perdas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita foi prejudicada e, embora esteja mais adiantada em comparação com a de soja, estima-se que ainda há pouco mais de 14% da área por colher, o equivalente a aproximadamente 50 mil hectares. Em Uruguaiana e Barra do Quaraí, a colheita não avançou, restando 10% da área cultivada no campo; há sérios riscos de perdas em função das previsões de altos volumes de chuvas e da cheia subsequente do Rio Uruguai, que deve alagar boa parte dos talhões restantes.
Em São Borja, 15% das lavouras ainda não foram colhidas, e as perdas estão estimadas em 20%. Também há alto potencial de aumento dos prejuízos em decorrência da elevação prevista do Rio Uruguai e afluentes. Em Maçambará, a colheita atingiu 90% e, na área restante, estimam-se perdas de 30%.
Em Caçapava do Sul, as chuvas, que chegaram ao volume aproximado de 300 mm, destruíram cerca de 200 hectares de lavouras. Em Manoel Viana, as perdas ocasionadas pela enchente atingiram 500 hectares a serem colhidos. Em São Gabriel, ainda restam 30% (7.800 hectares) por colher, e as perdas estão estimadas em 30%.
Na de Pelotas, as atividades de colheita do arroz foram prejudicadas devido ao excesso de chuvas, que ocasionou atrasos gerais para o encerramento da operação. Embora a colheita estivesse mais adiantada antes do início das chuvas, os rizicultores ainda enfrentarão prejuízos nas áreas remanescentes em função da submersão de parte das lavouras e do acamamento das plantas. As lavouras não colhidas encontram-se maduras e abrangem cerca de 10% da área cultivada. Foram colhidos cerca de 90%, que mantêm a produtividade de referência da região em 9.858 kg/ha.
Na de Santa Maria, antes do evento das enchentes, mais de 80% da cultura do arroz havia sido colhida. As lavouras colhidas até então apresentavam produtividade média de 7.900 kg/ha. Porém, as áreas remanescentes foram completamente submersas e sofreram perdas totais ou inviabilidade econômica para a colheita. A área cultivada está estimada em 132.688 hectares.
Na de Soledade, grande parte das lavouras foi inundada pelas cheias e, após a normalização da situação, será realizada uma avaliação dos níveis de perdas e da qualidade do grão. As avaliações preliminares indicam perdas totais. Há registros, no Baixo Vale do Rio Pardo, de silos com arroz armazenado que foram parcialmente alagados na parte inferior. Devido à dificuldade de acesso ao interior, ainda não se tem uma dimensão precisa dos danos, incluindo a quantidade de silos afetados. Aproximadamente 60% das lavouras haviam sido colhidas antes do evento climático.
Comercialização (saca de 50 quilos)
Conforme o levantamento semanal de preços realizados pela Emater/RS-Ascar, no Estado, a saca de arroz apresentou elevação de 1,3%, passando de R$ 103,90 para R$ 105,32.
Fonte: Emater/RS