Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do trigo em Chicago igualmente subiram nesta semana de agosto, fechando a quinta-feira (27) em US$ 5,42/bushel, contra US$ 5,19 uma semana antes. A atual cotação do trigo em Chicago não era vista desde a terceira semana de abril passado.

O clima está atrapalhando a performance da colheita do trigo de primavera nos EUA, assim como sua qualidade. Enquanto a colheita do trigo de inverno atingia a 97% da área no dia 24/08, estando praticamente colhido, o trigo de primavera chegava a apenas 49% da área, contra a média histórica de 62% para o período.

Por outro lado, as exportações estadunidenses de trigo, relativas a safra nova, na semana anterior, atingiram a 764.100 toneladas, superando as expectativas do mercado.

Somou-se a isso a quebra de safra que as geadas deste final de agosto teriam provocado na Argentina, um dos maiores produtores e exportadores mundiais, assim como na região de produção do Brasil.

No caso argentino, além de uma área semeada menor em 300.000 hectares do que o inicialmente previsto, a Bolsa de Rosário calcula que as perdas devido a geada do final de agosto podem chegar entre 30% a 50% do total da safra prevista no vizinho país. Além disso, no transcorrer da presente semana houve chuva de granizo sobre muitas regiões produtoras daquele país. A Argentina esperava, inicialmente, colher 22 milhões de toneladas, sendo que 15,3 milhões já estariam comprometidas com o setor exportador. Ora, uma quebra nestas dimensões, se confirmada, causará sérios problemas no mercado argentino, atingindo igualmente o Brasil, seu principal importador.

Aqui no Brasil, os preços do cereal se mantiveram na mesma linha das semanas anteriores, porém, ainda com certo viés de alta. O balcão gaúcho fechou agosto valendo R$ 56,29/saco, enquanto no Paraná os valores permaneceram entre R$ 58,00 e R$ 60,00, e em Santa Catarina ao redor de R$ 56,00.



O grande problema agora é a quebra confirmada da safra devido as fortes geadas do final de semana que passou. Há regiões gaúchas que podem ter perdido até 80% da safra, caso no Noroeste, fato que derrubará significativamente a qualidade do produto. No total do Estado, por enquanto, não se descarta uma perda entre 25% e 30% da safra total de trigo esperada. Em Santa Catarina e no Paraná igualmente a situação se tornou crítica. No caso paranaense, a chegada da geada passada pegou 80% dos trigais suscetíveis a prejuízos consideráveis. E novas geadas estão previstas no Rio Grande do Sul até o final de setembro.

Se este conjunto de perdas se confirmar, o volume a ser colhido pelo Brasil diminuirá consideravelmente, aumentando a necessidade de importação em um momento em que a Argentina igualmente enfrenta problemas devido a geada. Desta forma, os preços nacionais do trigo de qualidade superior tendem a não baixar dos atuais níveis, mesmo em época de colheita.

Obviamente, será preciso esperar mais algumas semanas para se ter a dimensão exata dos prejuízos provocados pelas geadas, e até neve no sul, ocorridas neste último final de semana. É bom lembrar que no Paraná, onde a colheita se inicia, o trigo igualmente foi prejudicado pelas intensas chuvas ocorridas em julho especialmente.

Assim, no caso do Paraná, de uma expectativa inicial de colheita ao redor de 3,68 milhões de toneladas, já não se descarta este volume recuar para 2,5 milhões de toneladas, sem falar na queda da qualidade de muito do que será colhido. No Rio Grande do Sul o quadro de perdas pode ser ainda pior, pois a colheita será bem mais tarde, ficando ainda muito suscetível às mudanças climáticas.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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