As manchas foliares fazem parte de um complexo grupo de doenças que acometem a cultura do trigo, nos diferentes estádios do seu desenvolvimento. Dentre os principais fungos que integram o complexo de manchas foliares, destacam-se Pyrenophora tritici-repentis (mancha-amarela), Cochliobolus sativus (mancha-marrom) e Phaeosphaeria nodorum (mancha da gluma).

Como principais consequências das manchas foliares, tem-se a redução da área fotossintéticamente ativa das folhas, por meio da formação de lesões (figura 1), resultando consequentemente, na redução da produção de fotoassimilados, acúmulo e translocações deles para os grãos, afetando a produtividade e qualidade do trigo produzido.

Dependendo da doença, severidade e estádio em que acomete o trigo, perdas de produtividade de até 80% podem ser observadas  (Simmi et al., 2020), em casos mais extremos, em que não há o controle efetivo das manchas foliares. No geral, pode-se dizer que, quanto mais cedo as manchas foliares incidem sobre o trigo, maiores as perdas de produtividade.

Figura 1. Mancha amarela em trigo.
Foto: Antunes, Joseani Mesquita

Tendo em vista o impacto das manchas foliares no rendimento do trigo, o controle efetivo dessas doenças é indispensável para a obtenção de boas produtividades, e o controle químico com o emprego de fungicidas é o método mais utilizado em escala comercial para o controle de doenças no trigo.

No entanto, visando um manejo eficiente e rentável, é necessário atentar para o posicionamento dos fungicidas no trigo. Dentre os principais fungicidas utilizados no manejo de manchas foliares no trigo, destacam-se produtos a base de estrobilurinas, triazóis e algumas carboxamidas. Em áreas de trigo sobre trigo, onde a pressão de inóculo é ainda maior, o adequado posicionamento dos fungicidas é ainda mais importante, devendo-se atentar para o estádio de aplicação, escolha do ingrediente ativo e rotação de produtos.


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Eficiência de fungicidas

A eficiência dos fungicidas registrados e em fase de registro no controle de manchas foliares do trigo, foi avaliada pela rede de ensaios cooperativos que reúne diversas instituições de pesquisa e empresas, públicas e privadas, para condução de ensaios de campo.

Os resultados foram apresentados por Ferreira et al. (2023). Os ensaios foram realizados no Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal, contemplando cultivares com suscetibilidade média a alta às manchas foliares e adaptadas às regiões do ensaio, com sete tratamentos e quatro repetições por tratamento.

Os fungicidas e doses avaliadas estão apresentados na tabela 1. Além disso, o experimento contou com um controle negativo sem aplicação de fungicida para a doença alvo, e um controle para comparação com trifloxistrobina + tebuconazol (Nativo, Bayer) (Ferreira et al., 2023).

Tabela 1. Descrição dos tratamentos fungicidas utilizados nos experimentos da Rede de Ensaios Cooperativos do Trigo para controle de manchas foliares, na safra 2022.
Fonte: Ferreira et al. (2023)

Foram realizadas três aplicações sequenciais de fungicidas, sendo a primeira no primeiro nó visível e segundo nó perceptível (alongamento), a segunda na folha bandeira totalmente expandida (fim do emborrachamento), e a terceira com 25% de florescimento, respeitando-se intervalo de, no mínimo, 12 dias e, no máximo, 18 dias (Ferreira et al., 2023).

Resultados

Conforme resultados obtidos, embora níveis variados de eficiência tenham sido observados, no geral todos os fungicidas avaliados na rede de ensaios foram capazes de reduzir a severidade das manchas foliares no trigo. No entanto, dentre os fungicidas avaliados, a menor severidade de manchas foi observada com o emprego de Azoxistrobina + Ciproconazol e Pidiflumetofen (T7), seguido pelo Piraclostrobina + Epoxiconazol + Fluxapiroxade (T5), demonstrando que fungicidas que associam diferentes grupos químicos em sua formulação tendem a apresentar maior eficiência no controle das manchas foliares.

Tabela 2. Médias, agrupamentos, intervalos de confiança (IC) e eficiência de controle para severidade de manchas foliares em trigo, estimados para diferentes tratamentos fungicidas, além de um controle negativo (sem aplicação). Dados sumarizados de 12 ensaios da Rede de Ensaios Cooperativos do Trigo para controle de manchas foliares, safra 2022.
Fonte: Ferreira et al. (2023)

Segundo Ferreira et al. (2023), embora todos os tratamento contendo fungicidas tenham apresentado resultados superiores de controle e rendimento em comparação a testemunha (sem fungicidas), vale destacar que as maiores médias de produtividade forma observadas por consequência, nos tratamentos com maior eficiência de controle, sendo que, os incrementos de produtividade variaram de 589 kg ha-1 a 1.040 kg ha-1.

Em suma, os resultados dos ensaios demonstram que, produtos contento associações entre triazóis, estrobilurinas e carboxamidas desempenham controle satisfatório das manchas foliares em trigo, devendo, ser posicionados de forma coerente no programa fitossanitário da cultura.

Confira o conteúdo completo de Ferreira et al. (2023) clicando aqui!  


Veja mais: Aplicação zero no trigo?



Referências:

FERREIRA, A. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MANCHAS FOLIARES DO TRIGO RESULTADOS DA REDE DE ENSAIOS COOPERATIVOS DO TRIGO – SAFRA 2022. Embrapa, Circular Técnica, n. 82, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1155430/1/Circular-Tecnica-82.pdf >, acesso em: 17/06/2024.

SIMMI, F. Z. et al. COMO CONTROLAR MANCHAS FOLIARES EM TRIGO. Revista Cultivar, Grandes Culturas, ed. 204, 2020. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/como-controlar-manchas-foliares-em-trigo#:~:text=Entre%20as%20principais%20doen%C3%A7as%20f%C3%BAngicas,%C3%A0%20qualidade%20fisiol%C3%B3gica%20das%20sementes. >, acesso em: 17/06/2024.

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