A região do Médio Alto Uruguai, situada no norte do RS tem na produção leiteira uma das suas principais atividades agropecuárias. Na alimentação do rebanho, cerca de 15% se dá através de volumosos com várias opções como feno, cana-de-açúcar, présecados e diferentes tipos de silagens.
A silagem, ganhou muita importância nos últimos anos para a pecuária brasileira e mundial, pois é uma prática de armazenamento da forragem em silos, podendo ser obtida de capins, sorgo e cana-de-açúcar, no entanto, a mais conhecida e utilizada é a silagem de milho, que apesar de ter um alto custo de produção, possui um maior valor nutricional devido a presença dos grãos de milho na sua constituição.
A armazenagem da silagem garante que haja uma pequena perda nutricional permitindo o armazenamento por um longo período, podendo-se utiliza-la em épocas de escassez de alimento. Por ser produzida pela moagem da planta inteira do milho, atenção deve ser dada a questão da fertilidade do solo principalmente com relação a alguns nutrientes devido a sua considerável extração do solo, além de não manter quantidade suficiente de palhada no sistema.
O melhoramento genético dos animais com foco na produção de leite e a necessidade de uma alimentação mais rica provocou uma mudança na forma de se produzir silagem. No passado o que importava era a produção de massa seca por isso os híbridos eram altos com espigas pequenas.
Hoje o foco está na qualidade e não apenas no volume de matéria seca produzido. Por isso que existem híbridos específicos para produção de silagem com uma relação maior de grãos na mistura e que no final produz uma silagem com maior valor nutritivo.
Para se produzir uma lavoura com milho de qualidade para a silagem, vários fatores são importantes, partindo da escolha de um bom híbrido, semeadura e um estabelecimento de qualidade, aplicação de todos os manejos necessários fechando a colheita para a silagem na época certa e um armazenamento dessa biomassa com qualidade.
Uma parte importante do planejamento para a produção da silagem que é muito esquecida pelos produtores diz respeito ao cuidado com a adubação e melhoria da qualidade química do solo. Para se atingir uma boa produtividade do milho, com vigor, que irá propiciar uma silagem de qualidade, é necessário se ter um solo com condições adequadas sob o ponto de vista químico, isso por que solo precisa oferecer à planta os nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento e crescimento.
Para saber a quantidade certa de fertilizantes a ser utilizado é necessário realizar a análise de solo para se ter conhecimento dos teores de nutrientes no solo, que deve ser feita antes do plantio e a cada dois a três anos em sistemas de produção onde entra o milho silagem, já que tudo o que é absorvido pela planta é retirado da lavoura.
A análise química do solo comparada as outras etapas da produção da silagem, é um dos itens de menor custo na produção, contudo, de extrema importância para suprir os nutrientes que a cultura precisa e por isso, ferramenta importante na tomada de decisão quando se busca maior produtividade.
Com base na análise de solo se determina a quantidade de fertilizantes necessária para suprir a demanda de nutrientes da cultura. Quando se fala em Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) os nossos solos possuem uma reserva considerável, conseguindo suprir na maioria das vezes a necessidade da cultura, já para os nutrientes nitrogênio (N) fósforo (P) e potássio (K) há uma extração maior do solo pela planta.
Em área de produção anual de milho silagem o produtor deve dar atenção ao potássio (K), isso por que o milho é uma as culturas que exige maior aporte de K, onde cerca de 80% desse nutriente é armazenado nas folhas e no colmo, sendo retirado da lavoura no ato da colheita, diferentemente de uma lavoura comercial de grãos onde grande parte desses nutrientes absorvidos voltam para o sistema.
A máxima absorção de K ocorre no estádio vegetativo com cerca de 40 dias de desenvolvimento, onde a taxa de absorção supera a de N e P, isso mostra a necessidade de disponibilizar todo o K já no início de desenvolvimento da cultura para alavancar a produção.
O que deve ficar claro para o produtor é que a produção de milho silagem exporta uma grande quantidade de nutrientes do sistema e problemas com fertilidade do solo se manifestarão com maior intensidade em lavouras para produção de silagem, a lavoura necessitará de uma maior adubação em relação a utilizada para produção de grão, caso contrário afetará também as culturas seguintes, pois terão uma menor disponibilidade de nutrientes.
Assim, a atenção deve ser redobrada com relação a adubação nesses sistemas de produção pensando no próprio milho silagem bem como outros cultivos envolvidos na rotação, aliás, a rotação de cultura deveria ser uma premissa básica em todos os sistemas de produção como forma de melhoria de todos os manejos, e como a produção de milho silagem é uma atividade que exige muito do solo, na medida do possível não é aconselhável usar a mesma área todos os anos.
Autores: Denise Maria Vicente e Éverton da Silveira Manfio, Membros do Grupo PET Ciências Agrárias UFSM – FW.
Fonte: Grupo PET Ciências Agrárias UFSM – FW