A elevação dos preços dos alimentos no Brasil está criando polêmicas em diversos setores no país. O arroz, o feijão o óleo de soja, além do pão de trigo, são alimentos essenciais na mesa dos brasileiros e estão sofrendo elevações expressivas de preços nas gondolas dos supermercados. E isso tem provocado troca de acusações entre a classe produtiva e os supermercados. A mídia por sua vez, como sempre, colocando mais lenha na fogueira. A lógica mostra que são dois os fatores principais que estão provocando o aumento dos preços dos alimentos no Brasil.

A aceleração da demanda, onde a procura se intensificou devido o isolamento social que junto veio os recursos liberados pelo governo federal, e que, consequentemente, a lei da oferta e da procura passou a vigorar; e o aumento do dólar, são fatores preponderantes. Com o dólar nas alturas, tem beneficiado a exportação dos grãos como soja, milho e outros produtos. Por outro lado, a importação de trigo para fazer a farinha, tem causado maior custo. Dai a repercussão é nos custos dos produtos finais. Com preços melhores na exportação, lá se vão o milho e soja, e atrás vai o arroz, embora não seja um produto de volume expressivo na exportação.

Ai o consumidor reclama, o governo fica no meio sem ter muito o que fazer, pois não pode intervir nos preços do mercado.

A mídia acusa os supermercados pela elevação dos preços, e os supermercados transferindo o problema para os produtores que dizem que forçam os preços. De novo as duas pontas se atacando. Quem está no meio da cadeia parece que não existe. O produtor de arroz, em sua grande maioria já vendeu seu produto antes dos preços aumentarem, embora nesse ano tivesse melhor do que nas safras anteriores onde amargaram grandes perdas.

O que o governo fez com relação ao arroz foi zerar o imposto, mas isso não significa baixa de preço e sim facilidade para importação para garantia de abastecimento. O preço lá fora está igual os daqui, portanto, quando esse arroz entrar não vai necessariamente baixar os preços.

A ministra da Agricultura Tereza Cristina disse que o governo retirou o imposto mais para ter outra fonte de fornecimento para o abastecimento, mas não garante que os preços vão cair. Somente a diminuição da procura poderá fazer baixar os preços, além da entrada da nova safra brasileira que acontecerá no início do próximo ano.

Veja o que a ministra Tereza Cristina disse sobre esse assunto:

“No passado o arroz teve o preço muito baixo durante muitos anos, nós tivemos uma queda na área de produção e o arroz então hoje ele tem um preço mais alto, mas ele está na prateleira, vai continuar nas prateleiras, quero dizer a vocês que as medidas que podiam ser tomadas foram tomadas para fazer a estabilidade e o equilíbrio para esse produto. O Brasil abriu mão, tirou a alíquota de importação para que produto de fora pudesse entrar e trazer o equilíbrio para os preços. Abrimos somente uma cota porque não temos necessidade de muito arroz, mas isso é uma cota de reserva para que possamos ter a tranquilidade de que o preço vai voltar,  vai ser equilibrado e que o produto continuará na gôndola para todos os brasileiros. E o governo está de olho para garantir a todo consumidor que tenhamos produtos nas prateleiras, abundância de alimentos para todos”.

presidente da Cooperja – Cooperativa de Jacinto Machado, Vanir Zanatta, diz que não vê como solução da elevação dos preços retirar o imposto nas importações.  Ele disse que o que precisa é estimular para aumentar a produção para ampliar a oferta e assim a lei da oferta e da procura regular os preços:

“Na última semana vimos uma pressão das mídias e entidades ligadas aos consumidores pela baixa de preço dos produtos agrícolas, entre eles o arroz. Tanto fizeram que o governo acabou cedendo e retiraram a TEC – Tarifa Externa Comum que estava em 10% sobre arroz em casca e 12% sobre o beneficiado. Não vejo como solução a retirada da Tarifa porque o preço não deve cair a curto prazo e entendo que não temos problemas de abastecimento. Os consumidores é que vão determinar até onde os preços irão. Oferta e procura, lei de mercado. Hoje o preço internacional está semelhante aos nossos e um fator que nos preocupa, sendo representante dos associados, é que com a importação desnecessária mais os estoques e passagem apresentado pela Conab de 500 mil toneladas teremos um estoque artificial na colheita próxima, prejudicando em muito os preços da nova safra e, principalmente, vai prejudicar os agricultores que mais precisam, aqueles que vendem logo após a colheita para honrar seus compromissos. Gostaria de deixar uma retrospectiva do porque que chegamos nesses valores. Nos últimos 10 anos os agricultores amargaram prejuízos para produzir arroz, estão endividados; e o Brasil que já plantou seis milhões de hectares nos anos 70, hoje planta um milhão e seiscentos, basicamente pela falta de estímulo e renda. Também não vejo como salutar essa guerra de vídeos nas mídias entre agricultores e consumidores, todos precisam uns dos outros, sozinhos não sobreviveremos. Pense nisso”.

Fonte: Fecoagro

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