O agronegócio vive atualmente uma revolução, principalmente no que diz respeito à área de genética e biotecnologia. Esse avanço é tão surpreendente e acontece de forma tão rápida que não faltam novidades no meio científico para serem debatidas.
Dessa forma, o pesquisador da Embrapa Soja Alexandre Nepomuceno comentou sobre algumas inovações que já estão mudando a vida no campo no canal do Youtube do Conexão Ciência, que serão destacadas aqui, no Mais Soja, em duas etapas.
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Na segunda etapa, o pesquisador ressaltou que muito se debateu em relação aos transgênicos, sendo que o primeiro transgênico que surgiu na agricultura foi no ano de 1994, mas pouco se debateu sobre. O transgênico mais famoso foi a soja resistente ao glifosato no ano de 1996.
O pesquisador destaca que na época, os transgênicos foram muito polêmicos, sendo bastante criticados pela população, porém, o que a maioria não sabe é que eles já existiam desde o final da década de 70, como a insulina, por exemplo, que é um produto transgênico onde se retira o DNA humano e coloca-se em uma bactéria que irá produzi-la.
Ao longo desses mais de 20 anos de utilização dos transgênicos, o pesquisador ressalta que até agora não foi constatado nenhum impacto à saúde humana, ao meio ambiente, e aos animais por utilizarmos a transgenia.
Alexandre cita que a transgenia é uma tecnologia importante, e que vai continuar sendo, porém, por causa de toda a polêmica que surgiu por trás dessa inovação, cada país criou uma regra para poder liberar o uso dentro do seu território, e isso acabou elevando os custos para desenvolver essa tecnologia, onde os custos estimados para desenvolver uma nova variedade hoje encontra-se na faixa de 130 milhões de dólares.
Na prática, o pesquisador ressalta que isso alimentou a possibilidade de gerar produtos, soluções e agregar valor em produtos utilizados na agricultura, usando a biotecnologia, para apenas quatro empresas atualmente, em virtude dos custos elevados.
Contudo, o pesquisador destaca que a evolução da tecnologia está surgindo muito rapidamente, em 2011, por exemplo, surgiu a tecnologia chamada Crispr, de edição de genoma. Essa técnica já ocorria desde a década de 80, porém era cara, complicada e não tão precisa, e a partir de 2011, na Califórnia, descobriu-se essa tecnologia que permite observarmos o DNA de determinada espécie e fazer pequenas alterações para introduzir características ou corrigir erros que possuem determinados genes.
O pesquisador ressalta que essa técnica é muito mais barata, muito mais rápida e precisa, e muitas vezes é usada para observar mutações que já existem na natureza e introduzir na espécie de interesse para corrigir determinado problema. O que já está ocorrendo nas Américas, principalmente na Argentina, que foi o primeiro país a elaborar uma legislação que regulamenta e analisa cada caso dessa tecnologia em seu país.
Conforme destacou o pesquisador, em relação e essa tecnologia, como se trata da utilização de uma mutação que já existe na natureza, não tem porque esse ser considerado um organismo geneticamente modificado. Na verdade, se está auxiliando os programas de melhoramento, utilizados há muitos anos, a serem realizados de uma maneira mais rápida.
Veja a conversa do pesquisador da Embrapa Soja Alexandre Nepomuceno no vídeo abaixo.
https://youtu.be/6vEVj–mCzQ?t=508
Elaboração: Engenheira Agrônoma Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.
Foto: R. R. Rufino, Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Embrapa Soja.