A tecnologia empregada no desenvolvimento da soja e do algodão no oeste da Bahia foi a pauta do programa de intercâmbio AgroBrazil, em Luís Eduardo Magalhães e Barreiras.
As 10 delegações estrangeiras que participam do programa, entre elas alguns dos principais países importadores de grãos e fibras do Brasil, visitaram a produção de sementes de soja e de algodão e conheceram sistemas de automação e maquinário inteligente usados nas lavouras da região.
“Conhecer a produção agropecuária do Brasil é importante porque meu país é pequeno e precisa desse conhecimento para aumentar a produção”, afirmou Radihisham Bin Ismail, adido comercial na Embaixada da Malásia.
O grupo visitou a Sementes Oilema, empresa que produz 20 mil hectares de soja na região de Placas, em Barreiras. Eles passaram pelas etapas de seleção, ensacamento e armazenamento. A empresa é familiar e investe no desenvolvimento do grão em busca de novas variedades que tragam mais qualidade e rentabilidade na produção da oleaginosa.
Grupo visitou galpão de armazenamento das sementes. O local concentra 35 mil sacas de 5 milhões de sementes cada.
“O crescimento da Sementes Oilema foi em função da tecnologia, de muita pesquisa, cruzamento de variedades, muito casamento de técnicas com manejo, isso tudo durante muitos anos e com muito profissionalismo que chegamos ao sucesso da marca, com respeito à equipe de trabalho e fazendo tudo com responsabilidade,” afirmou Carminha Missio Gatto, produtora rural e uma das sócias da Oilema.
A passagem pela Oilema aconteceu durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural (SIPATR) promovida pela empresa, com a participação de 270 funcionários. O evento contou com diversas palestras sobre melhoria da qualidade de vida, segurança interna e prevenção de acidentes ministradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/BA). As atividades na empresa foram um piloto que deverá se tornar um programa do Senar para atender produtores rurais do estado.
“Foi muito importante conhecer a produção e o potencial do agronegócio brasileiro”, destacou Ansgar Aschfalk, conselheiro para Alimentação e Agricultura na Embaixada da Alemanha.
O dia também foi dedicado a visitar a lavoura de algodão, com direito a ver de perto a colheita da fibra na fazenda Orquídeas, da Schmidth Agrícola. A empresa produz grãos, fibras e frutas e mostrou para o grupo como funciona o processo de plantio, manejo de pragas e colheita do algodão.
“Nós temos na Bahia um clima favorável que proporciona qualidades intrínsecas ao algodão produzido no estado em relação a outros lugares do país. Nosso diferencial é que conseguimos plantar um algodão no início da chuva, passando todo o período vegetativo com chuva e quando o algodão amadurece, a chuva cessa e chega o momento da colheita. Isso faz com que o algodão da Bahia tenha as melhores qualidades, por isso se fala que o algodão daqui é o melhor comparado ao algodão irrigado como o da Austrália, por exemplo. O nosso é todo de sequeiro,” afirmou Moisés Schmidth, produtor rural.
A produtividade do algodão da Schmidth Agrícola é de 350 arrobas/ha, o que corresponde a 5.250 kg de algodão com a arroba de 15 kg. Para alcançar esses números, a empresa usa um software para aplicação localizada de defensivos agrícolas, rotação de produtos e culturas e controle manual por hectare da principal praga do algodão, o bicudo do algodoeiro.
“O AgroBrazil é um momento ímpar porque estamos em contato com compradores e clientes e eles, por sua vez, estão averiguando a qualidade do nosso algodão”, ressaltou.
Análise e classificação do algodão
O dia de visitas foi finalizado no Laboratório de Análise de Fibras de Algodão da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), o maior da América Latina. O espaço tem 14 máquinas de última geração e processa 30 mil amostras de algodão por dia seguindo normas internacionais de classificação. Funciona sete dias por semana e 24 horas por dia no período da safra. O produtor rural paga R$ 1,58 pela análise de uma amostra de 150 gramas, que avalia comprimento da fibra, cor, uniformidade, entre outras características.
“Todas essas características são emitidas em um laudo que é repassado para o produtor utilizar na venda do produto tanto no mercado interno quanto no mercado internacional. Ano passado processamos 1,8 milhão de amostras e a expectativa para 2020 é ampliarmos para 3 milhões”, ressaltou Lidervan Mota Morais, diretor-executivo da Abapa.
Fonte: CNA, disponível no Portal da Ampasul