O uso de microrganismos benéficos na agricultura tem ganhado espaço, impulsionado pelos benefícios proporcionados ao sistema de produção, e boa relação custo benefício. Dentre os principais microrganismos utilizados na cultura da soja, além dos fungos, alguns gêneros de bactérias benéficas têm contribuído para a promoção do crescimento vegetal, e manejo fitossanitário da cultura.
Dentre essas bactérias, o gênero Bacillus tem se destacada na agricultura brasileira. Conforme observado por Chagas Junior et al. (2022), diferentes isolados de Bacillus subtilis, podem atuar na promoção do crescimento da soja, contribuindo para a melhoria de características fisiológicas da planta (biomassa da parte aérea e radicular de plantas de soja).
Corroborando os benefícios do Bacillus subtilis na cultura da soja, Louro et al. (2024), avaliando a eficiência do Bacillus subtilis no incremente de produtividade da soja, observaram que, o uso dessa bactéria, promove o aumento da produtividade da soja, possibilitando principalmente a melhor formação de componentes de produtividade como número de legumes por planta e número de grãos por legume.
Além dos impactos positivos diretos no crescimento e produtividade da soja, resultados recentes demonstram que as bactérias do gênero Bacillus, apresentam aptidão para uso no manejo fitossanitário da soja, no combate a fungos fitopatogênicos causadores de doenças.
De acordo com Salvadori et al. (2024), as bactérias Bacillus Amyloliquefaciens podem atuar como antagonistas do desenvolvimento de fungos fitopatogênicos, reduzindo o desenvolvimento de doenças em soja, contribuindo assim, para o manejo fitossanitário da cultura.
Avaliando o potencial de um produto comercial à base de Bacillus amyloliquefaciens cepas CPQBA 040-11DRM 01 e CPQBA 040-11DRM 04, sobre os fitopatógenos Cercospora sojina (Mancha olho de rã), Corynespora cassiicola (Mancha alvo), Septoria glycines (Mancha parda) e Colletotrichum truncatum (Antracnose), os autores observaram que, o uso do Bacillus amyloliquefaciens contribuiu significativamente para supressão do crescimento dos fitopatógenos estudados.
Conforme resultados obtidos por Salvadori et al. (2024), para as condições do presente estudo, o uso do bioproduto a base de Bacillus amyloliquefaciens, possibilitou a redução do crescimento miceliar de C. sojina, C. cassicola, S. glycines e C. truncatum em 30%, 55%, 50% e 52% respectivamente.
Figura 1. Halo de inibição demonstrado por Bacillus amyloliquefaciens sobre os fitopatógenos foliares C. sojina, C. cassicola, S. glycines e C. truncatum (respectivamente), aos sete dias após implantação do experimento.
Os resultados obtidos por Salvadori et al. (2024) evidenciam a capacidade das bactérias do gênero Bacillus em atuar como antagonistas no desenvolvimento de fitopatógenos da soja, demonstrando a aptidão desses bioagentes em atuar no manejo das doenças em soja, principalmente quando associados a determinados fungicidas, como foi verificado por Muniz et al. (2023).
Avaliando a eficácia de produto biológico à base de Bacillus subtilis BV02 isolado ou associado à produto à base de cobre no controle de ferrugem asiática, Muniz et al. (2023) observaram que, dependendo da dose do bioproduto, pode-se observar uma ação aditiva do Bacillus subtilis com o fungicida (a base de cobre), no controle da ferrugem-siática, demonstrando que há possibilidade de inserção desse bioinsumo no manejo fitossanitário da soja.
A ação antagonista das bactérias do gênero Bacillus sobre o desenvolvimento de fitopotógenos causadores de doenças na cultura da soja foi visualmente melhor apresentada pelo grupo Coxilha da UFSM e esta apresentada no vídeo abaixo, demonstrando o efeito significativo que o Bacillus exerce sobre o desenvolvimento de fitopatógenos.
Vídeo 1. Inibição do crescimento de Rhizoctonia solani por Bacillus spp.
Fonte: Coxilha (UFSM)
Em suma, pode-se dizer que o gênero Bacillus tem demonstrado uma importante contribuição tanto para a promoção do crescimento e produtividade da soja, como para o manejo fitossanitário da cultura. Contudo, vale destacar que o uso de bioinsumos com esse intuito deve ser mais cauteloso, havendo necessidade de maior planejamento nas aplicações, para um adequado posicionamento dessas ferramentas de forma proativa e eficiente, garantindo uma boa eficácia de controle, sendo, portanto, consideradas ferramentas complementares no manejo fitossanitário da soja.
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Referências:
CHAGAS JUNIOR, A. F. et al. Bacillus subtilis COMO INOCULANTE PROMOTOR DE CRESCIMENTO VEGETAL EM SOJA. DIVERSITAS JOURNA, 2022. Disponível em: < https://www.diversitasjournal.com.br/diversitas_journal/article/view/2071/1621 >, acesso em: 06/01/2025.
COXILHA UFSM. Grupo de Pesquisa em Manejo de Grandes Culturas de Coxilha. Disponível em: < https://www.instagram.com/coxilhaufsm?utm_source=ig_web_button_share_sheet&igsh=ZDNlZDc0MzIxNw== >, acesso em: 06/01/2025.
LOURO, A. et al. USO DE Bacillus subtillis NO INCREMENTO DA PRODUÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Cadernos de Agroecologia. Anais do XII Congresso Brasileiro de Agroecologia, 2024. Disponível em: < https://cadernos.aba-agroecologia.org.br/cadernos/article/view/7891/5729 >, acesso em: 06/01/2025.
MUNIZ, C. R. et al. ASSOCIAÇÃO DE Bacillus subtilis BV02 E PRODUTO À BASE DE COBRE NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA NA SOJA. Summa Phytopathol, 2023. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/sp/a/mG8nZqLjFBhC5c43C873rhF/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 06/01/2025.
SALVADORI, C. N. et al. Bacillus Amyloliquefaciens NO BIOCONTROLE DE FITOPATÓGENOS CAUSADORES DE DOENÇAS FOLIARES EM SOJA. Cadernos de Agroecologia, Anais do XII Congresso Brasileiro de Agroecologia, 2024. Disponível em: < https://cadernos.aba-agroecologia.org.br/cadernos/article/view/7720/5590 >, acesso em: 06/01/2025.
Foto de capa: Maurício Stefanelo – Ceres Consultoria