O baculovírus tem as lagartas como principal alvo de infecção. Este vírus causa a morte dos insetos rapidamente e uma de suas grandes vantagens é que ele possui um alto período de permanência no ambiente agrícola, o que contribui com a disseminação para outros indivíduos.

Hoje veremos como este bioinseticida controla as lagartas, além de outras principais informações que você precisa conhecer para utilizar em seu cultivo.

Acompanhe a seguir!

O que é Baculovírus?

Este é um grupo de vírus que são patogênicos para determinadas espécies de lagartas. São organismos presentes naturalmente nos ambientes, assim como Beauveria bassiana, Bacillus thuringiensis, parasitoides e predadores, os quais realizam o controle de outros indivíduos na natureza.

Mas o baculovírus causa a morte dos insetos de uma forma diferente dos demais agentes de controle biológico. Os sintomas que eles causam nas lagartas infectadas, o aspecto que elas passam a apresentar e a forma como morrem, é bastante característico da ação destes vírus.

As lagartas são infectadas ao se alimentarem de folhas das plantas que estão contaminadas. O vírus ingerido penetra no intestino médio da lagarta e é dissolvido neste local. Com isso, as partículas virulentas são liberadas no interior do inseto. Estas partículas infectivas passam a se multiplicar e penetrar nos demais tecidos do corpo do inseto.

No final desta infecção acontece a ruptura das células, onde a lagarta morre e os tecidos do seu corpo se tornam líquidos. Estas lagartas mortas servem como uma fonte de infecção para outras lagartas no campo, pois quando o corpo do inseto morto se rompe, o vírus é liberado e a disseminação passa a acontecer.

No artigo de hoje, falaremos sobre os produtos registrados com baculovírus como ingrediente ativo que são uma opção para você pulverizar em sua lavoura. Além disso, você também verá que é possível coletar as lagartas mortas no campo e produzir de forma caseira um inseticida, já que devido as características do inseto infectado, é fácil identificar as lagartas que morrem por baculovírus. A coloração original é perdida e elas se tornam amareladas ou rosadas, há uma flacidez do corpo e as lagartas mortas, muitas vezes, ficam penduradas nas folhas da planta.

Lagarta morta por baculovírus. (Fonte: Eje 21)

Benefícios da utilização de baculovírus

O tempo entre a infecção pelo baculovírus até a morte da lagarta, dura cerca de sete dias; sendo que no quarto dia elas já param de se alimentar.

Em muitas regiões existe um alto índice de lagartas mortas naturalmente por baculovírus. Se for o seu caso, use este fato ao seu favor e produza o inseticida em sua propriedade para aplicar no cultivo.

Geralmente, uma única aplicação controla as lagartas durante toda a safra, este é um grande benefício do produto. Pois as lagartas que são infectadas acabam contaminando outras e realizando o controle da população de pragas.

Para preparo da calda inseticida, a indicação da Embrapa é utilizar uma quantidade entre 50 a 70 lagartas grandes por hectare, estes insetos infectados serão a base do seu inseticida.

Você deve triturar as lagartas com 5 ml de água, ou mais, se achar necessário. Em seguida, coe a mistura triturada. O líquido coado deve ser diluído em 200 L de água e estará pronto para pulverizar um hectare de sua lavoura.

Este bioinseticida é um produto de origem natural e, portanto, seguro para os trabalhadores que realizarão a aplicação e também para os insetos benéficos presentes no ambiente.

Quais lagartas o baculovírus controla?

Assim como outros bioinseticidas, o baculovírus possui um espectro de ação limitado a algumas espécies de insetos, mas seu efeito engloba importantes pragas.

Os produtos registrados no MAPA são para o controle de quatro espécies de lagartas:

  • Anticarsia gemmatalis (Lagarta da soja)
  • Chrysodeixis includens (Lagarta falsa-medideira)
  • Helicoverpa armigera
  • Spodoptera frugiperda (Lagarta-do-cartucho)
Lagartas das espécies: (A) A. gemmatalis, (B) C. includens, (C) H. armigera e (D) S. frugiperda. (Fonte: FMC Agrícola, Grupo Cultivar e Embrapa)

Cada baculovírus é específico para controle de uma espécie de lagarta, mas existem diferentes opções de produtos registrados para cada uma delas. Os produtos são recomendados para uso em qualquer cultura que tenha a ocorrência do alvo biológico, neste caso, a lagarta que se deseja controlar.

Um fato importante a ser comentado é que, é comum haver relatos de outras espécies que foram controladas por baculovírus. Isto se deve ao fato de que este agente de controle biológico está presente naturalmente nos ambientes, por isso é possível que ele controle outros organismos que ainda não foram testados para a formulação de produtos comerciais. Até o momento, só há o registro dos produtos específicos para controle das quatro lagartas citadas anteriormente.

Recomendações de aplicação

Para que a aplicação de baculovírus desempenhe um controle satisfatório das pragas, é importante seguir algumas recomendações, veja a seguir as principais:

  • O tamanho da lagarta é crucial no momento da aplicação. Esta deve ser feita quando as lagartas ainda estiverem pequenas, pois quanto maiores e mais desenvolvidas elas ficam, menos suscetível ao baculovírus elas se tornam.
  • Deve-se entrar com o produto quando o monitoramento registrar 20 lagartas pequenas (até 1,5 cm) por metro linear de soja ou 40 lagartas pequenas por pano de batida. Não espere um número maior para entrar com o controle, no momento da aplicação, não deve haver mais do que 30 lagartas pequenas e 10 lagartas grandes por pano de batida.
  • Utilizar espalhante adesivo para intensificar a aderência do produto na planta e otimizar a sua distribuição. Além disso, certifique-se de que houve uma deposição de produto adequada sobre a planta.
  • As pulverizações devem ser feitas no horário do dia em que houver menor incidência de sol e as temperaturas estiverem amenas, como no final da tarde, por exemplo.
  • Aplique a dose recomendada e se houver casos de reinfestação, você pode pulverizar novamente o produto.
  • Se a desfolha já tiver ocorrido em 30% do cultivo na fase vegetativa ou 15% após a floração, o baculovírus não deve ser aplicado. O mesmo deve ser feito caso o tamanho das lagartas seja superior ao indicado, assim como a quantidade registrada no monitoramento.
  • Siga as recomendações contidas na bula do produto quanto a conservação adequada que mantenha as propriedades inseticidas dele.
Lagarta morta por aplicação de produto com baculovírus. (Fonte: Koppert)

Conclusão

A eficiência do baculovírus no controle de pragas é comprovado em estudos práticos de campo. Atualmente também estão sendo testadas a compatibilidade entre estes vírus com os inseticidas químicos aplicados nas lavouras. Os resultados são positivos e apontam que há eficiência no controle com a combinação dos produtos químicos e biológicos (Maciel, Maciel, et al. 2021 a, b; Gloor et al., 2017).

Como você viu no texto de hoje, as vantagens de utilizar baculovírus como inseticida são muitas. Não é tóxico para o homem e nem para os organismos benéficos, o resíduo permanece nas plantas, a eficiência de controle é alta e geralmente não requer mais do que uma aplicação durante a safra.

Agora que você conhece, basta seguir as recomendações e realizar uma aplicação adequada para obter os benefícios do controle de pragas com baculovírus.

Referências

Gloor, J. V. S. ;  Lopes, E. C. ;  Ferreira, L. A. I. ;  Rigon, F. A. ;  Casaroto Filho, J. V. ;  Sitta, R. B. ;  Hermel, A. O. ;  Roggia, S. 2017. Compatibility of baculovírus of the false-moth caterpillar (ChinSNPV) with azadirachtin. XII Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, Londrina, PR. Documentos – Embrapa Soja, No.391 pp.90-100 ref.11

Maciel, Rodrigo Mendes Antunes, Junio Tavares Amaro, Fernanda Caroline Colombo, Pedro Manuel Oliveira Janeiro Neves, and Adeney de Freitas Bueno. 2021. “Compatibilidade Da Mistura de Nucleopoliedrovírus de Anticarsia Gemmatalis Baculovírus (AgMNPV) Com Agrotóxicos Utilizados Na Soja.” Ciência Rural 52 (2). https://doi.org/10.1590/0103-8478CR20210027.

Maciel, Rodrigo Mendes Antunes, Rodrigo Mendes Antunes Maciel, Junio Tavares Amaro, Fernanda Caroline Colombo, Pedro Manuel Oliveira Janeiro Neves, and Adeney de Freitas Bueno. 2021. “Mixture Compatibility of ChinNPV Baculovírus with Herbicides and Fungicides Used in Soybean.” Semina: Ciências Agrárias 42 (5): 2629–38. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2021v42n5p2629.

Foto de capa: Divulgação Koppert

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