O controle de plantas daninhas é indispensável para evitar perdas produtivas decorrentes da matocompetição. Dentre os métodos de controle disponíveis, o controle químico com o uso de herbicidas pós-emergentes prevalece em lavouras comerciais, viabilizando os cultivos. Contudo, o uso frequente de herbicidas de mesmo mecanismo de ação e a elevada capacidade de algumas plantas daninhas em produzir sementes tem contribuído para o aumento das infestações de plantas daninhas em áreas de cultivo, tornando necessário utilizar práticas de manejo alternativas ao uso de herbicidas pós-emergentes.
Uma das principais alternativas, ainda dentro do método químico de controle de plantas daninhas é o uso de herbicidas pré-emergentes. Herbicidas pré-emergentes são produtos utilizados para controlar plantas daninhas antes que elas emerjam do solo (Pereira, 1987). Embora os pré-emergentes não sejam considerados uma tecnologia nova, a utilização desses produtos reduziu significativamente com o advento da soja rr (roundup ready), a qual possibilitou o controle de plantas daninhas em pós-emergência com o glifosato.
Benefícios do uso de herbicidas pré-emergentes
Os herbicidas pré-emergentes atuam diretamente no banco de sementes do solo, logo, um dos principais benefícios do seu uso é a redução dos fluxos de emergência de plantas daninhas. Além disso, as plantas daninhas que venham a emergir, tendem a apresentar maior uniformidade nesse processo, possibilitando maior assertividade do momento de controle em pós-emergência.
O uso de herbicidas pré-emergentes também possibilita aumentar o período anterior a interferência (PAI) aumentando a vantagem competitiva para as culturas cultivadas no início do desenvolvimento, além de possibilitar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas e o controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato, ainda no banco de sementes do solo por apresentarem maior espectro de ação.
Figura 1. Eficiência de herbicidas pré-emergentes no controle de plantas daninhas de folha larga.
Dependendo do produto, os herbicidas pré-emergentes ainda podem ser empregados em diferentes modalidades, na forma de “aplique e plante” ou de “plante e aplique”, onde respectivamente, em uma das modalidades tem-se a aplicação de herbicidas antes da semeadura da cultura e em outra a pulverização do herbicida ocorre após a semeadura.
Limitações do uso de herbicidas pré-emergentes
Como atuam diretamente no banco de sementes do solo, os herbicidas pré-emergentes necessitam maior contato com o solo, sendo assim, a cobertura do solo com palhada abundante pode ser um fator limitante, atuando como barreira física a chegada do produto no solo, reduzindo sua eficiência de controle.
Além disso, características físicas, químicas e biológicas do solo podem interferir na eficácia do herbicida em controlar plantas daninhas. Dentre os fatores com capacidade de interagir e influenciar na eficácia de alguns pré-emergentes, podemos destacar o teor de argila do solo, sua textura, a capacidade de troca de cátions (CTC), e o pH, estando esses, fortemente ligados ao potencial de adsorção do herbicida no solo, resultando na capacidade desse herbicida se dissolver.
Embora em alguns casos esses fatores possam ser vistos como limitações, cabe destacar que eles não condenam o uso de herbicidas pré-emergentes, mas sim, tornam necessário maior planejamento no uso desses produtos, com base nas características de solo e clima. Além dos fatores citados anteriormente, a umidade do solo também pode influenciar diretamente na eficiência de controle de alguns herbicidas.
A umidade do solo é necessária para que o produto possa alcançar a solução do solo e assim controlar as plantas daninhas do banco de sementes (sementeira). Além disso, cabe destacar que assim como o efeito residual é desejado até certo ponto, é necessário cautela no uso de pré-emergentes, especialmente pelo indesejado efeito residual que alguns produtos possam expressar, interferindo negativamente no estabelecimento de culturas agrícolas.
Embora necessitem de maior perícia e planejamento para uso, os herbicidas pré-emergentes são importantes ferramentas para o manejo e controle de plantas daninhas. Do ponto de vista técnico, além dos fatores citados anteriormente, visando o melhor uso desses produtos e posicionamento dos herbicidas, deve-se atentar para a seletividade do produto, o espetro de ação e o custo envolvido.
Veja mais: Seletividade de Herbicidas pré-emergentes em soja
Referências:
PEREIRA, E. TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES EM REFLORESTAMENTO. Série Técnica IPEF, Piracicaba, v.4, n.12, p.61 – 68, Set.1987. Disponível em: < https://www.ipef.br/publicacoes/stecnica/nr12/cap05.pdf >, acesso em: 19/01/2022.