A produção de biocombustíveis no Brasil teve início nos anos 70, época em que foi lançado o Programa Nacional do Álcool, conhecido como Proálcool. De lá pra cá, foram grandes os avanços.
“Todos acompanham o flagelo que acontece hoje nas mudanças climáticas. São queimadas, destruição, enchentes, secas. Estamos convencidos de que a transição energética é uma necessidade e o biodiesel se coloca como uma alternativa muito importante na descarbonização e uso do grande potencial de produção de biomassa que temos. Afirmo que somos bastante promissores nesta atividade. Como pouco mais de 20 anos de produção de biodiesel, já temos 51 indústrias prontas no Brasil e várias em implementação”, disse Francisco Turra.
Para o representante da Aprobio, a produção de biodiesel está ajudando muito o Brasil na geração de emprego e renda, na saúde, na promoção de oportunidades e também mirando o geomercado externo.
Segurança jurídica
“Se houvesse segurança jurídica de já termos a mistura B13 como prevíamos e B15 até março desse ano, certamente já teríamos mais indústrias, mais empregos; e empregos verdes, o que é fundamental para nossa economia também”, afirmou Turra.
Soja na linha de frente
O principal produto utilizado na produção de biodiesel é a soja, sendo o Brasil o maior produtor do mundo dessa oleaginosa. “Para o sucesso desta atividade é fundamental pensar na agregação de valor, uma vez que o biodiesel é produzido, basicamente, de um subproduto de soja: o óleo de soja. O farelo de soja ficou preservado e este é destinado à produção da proteína animal brasileira”, defendeu o representante da Aprobio.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, e também o quarto do mundo na produção de suínos. “Então, o farelo de soja é o alimento que chega a todas estas proteínas e outras mais como o peixe, por exemplo. É incontável o benefício que a produção de biodiesel traz indiretamente à cadeia”.
Exportação de biocombustível
Francisco Turra ressaltou que a cada ano o biocombustível brasileiro melhora sua qualidade. “Estamos exportando, por exemplo, para a Bélgica e para os Estados Unidos, rigorosíssimos em termos de qualidade do produto. O cheque que o agro entrega ao país gira em torno de R$1, 3 trilhões a cada ano. Se tivéssemos uma agregação de valor maior em tudo, o setor entregaria um cheque de R$ 3, 4 trilhões”.
A produção nacional de biodiesel foi de 6,27 bilhões de litros no ano passado e a perspectiva é de aumento este ano, com a previsão de acréscimo à mistura do diesel, conforme prevê resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 10% para 12%. O teor será elevado para 13% (mistura B13) em abril de 2024, para 14% (mistura B14) em abril de 2025 e para 15% (mistura B15) em abril de 2026.
Biodiesel de graxaria
Vale destacar que a graxaria também está sendo utilizada para produzir biodiesel. “A graxaria era um gargalo por ser poluidora, não tinha destino adequado. Era um problema para curtumes frigoríficos e abatedouros menores. Hoje, este subproduto de origem animal resulta em um biodiesel precioso, produzido com algo que antes era um atentado ao meio ambiente e agora é utilizável, tem preço, oferece renda e melhorias ambientais impactantes”, explicou o ex-ministro da agricultura.
Etanol de cana
A Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis 2022, publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta que foram produzidos 26,5 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar naquele ano, que somados à participação do biocombustível oriundo do milho de 4,1 bilhões de litros (crescimento de 26%), alcançou 30,6 bilhões de litros (2,5% superior a 2021). A destinação do mix para o etanol diminuiu 1,3%, com o anidro ganhando participação no total. O país aumentou o balanço positivo no comércio internacional de etanol (exportação líquida de 2,2 bilhão de litros), elevando os níveis de exportação e reduzindo os de importação.
Confira na íntegra a entrevista de Francisco Turra à TV SNA: