Substancias bioestimulantes são frequentemente empregadas em culturas agrícolas, objetivando o estímulo e melhoria do crescimento e desenvolvimento vegetal, principalmente nos estádios iniciais do desenvolvimento das plantas ou em situações de estresse. Normalmente os bioestimulantes são aplicados via tratamentos de sementes ou pulverizações na parte aérea das plantas.

Além do incremento de produtividade em algumas situações, determinados estudos demonstram significativas contribuições dos bioestimulantes no estabelecimento das plantas, potencializando atributos fisiológicos das sementes como germinação. Entretanto, não necessariamente a adição de bioestimulantes nas sementes pode resultar em melhoria da germinação, estabelecimento de plantas e produtividade.

Para a cultura do trigo, analisando a influência de bioestimulante (Stimulate®), aplicado em diferentes estádios da cultura do trigo, sobre o crescimento e desenvolvimento de plântulas, massa de mil sementes, peso do hectolitro e produtividade, Chavarria; Pedersen; Deuner (2012), não encontraram resultados que demonstrassem significativa influência do bioestimulante nos atributos citados anteriormente, tão pouco na germinação das sementes (tabela 1).

Tabela 1. Germinação e crescimento de plântulas de trigo da cultivar Marfim tratadas com Stimulate®, avaliados em dois anos (2009/2010). Passo Fundo, 2011.

Fonte: Chavarria; Pedersen; Deuner (2012)

Resultados similares, demonstrando a ausência de efeitos significativos do tratamento de sementes de trigo com bioestimulantes também foram observados por Santos (2017) & Silva (2021), corroborando os resultados de Chavarria; Pedersen; Deuner (2012).

Contudo, conforme observado por Oliveira et al. (2020), os reflexos do uso de bioestimulantes na cultura do trigo podem estar condicionados á cultivar. Explorando os efeitos da aplicação do bioestimulante Stimulate®, via tratamento de sementes e aplicações foliares, na produtividade e na qualidade das sementes de trigo produzidas em solos de várzea, Oliveira et al. (2020) observaram que o uso de bioestimulantes exerce efeito diferenciado em cultivares de trigo, estando condicionado as respostas da cultivar.



Conforme resultados obtidos, Oliveira et al. (2020) destacam haver maior diferença da influência do uso de bioestimulantes em função das cultivares, podendo isso estar relacionado a características genéticas. Embora o emprego do bioestimulante no tratamento de sementes de trigo não tenha resultado em diferenças significativas de porcentagem de germinação (tabela 1), o bioestimulante analisado pelos autores, quando aplicado via tratamento de sementes de trigo, no intervalo das doses entre 3,5e 5,0 mL kg sementes-1, proporcionou aumentos significativos na altura e massa de matéria seca  da  parte  aérea (Oliveira et al., 2020).

Tabela 2. Porcentagem de plântulas normais obtidas nos testes de primeira contagem de germinação (PCG), germinação (G), teste de frio (TF), envelhecimento acelerado (EA), emergência em campo (EC), comprimento da parte aérea (CPA) e comprimento de raiz (CR) de sementes de trigo das cultivares TBIO Itaipu e TBIO Mestre, produzidas em função do tratamento das sementes com doses de biorregulador (Oliveira et al., 2020).

Fonte: Oliveira et al. (2020).

Com base nos resultados apresentados anteriormente, é possível concluir que a germinação do trigo não é influenciada pelo uso de bioestimulantes no tratamento de sementes, entretanto, as respostas fisiológicas da planta aos bioestimulantes no tratamento de sementes, podem estar condicionadas a genética da cultivar, podendo em algumas situações haver respostas positivas.


Veja mais: Período de ocorrência e controle de manchas foliares em trigo


Referências:

CHAVARRIA, G.; PEDERSEN, A. C.; DEUNER, C. C. BIOESTIMULANTES: ESTABELECIMENTO DE PLÂNTULAS E RENDIMENTO NA CULTURA DO TRIGO. Revista Plantio Direto – março/abril de 2012. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/128/7.pdf >, acesso em: 27/05/2022.

OLIVEIRA, S. et al. USO DE BIORREGULADOR E SEUS REFLEXOS NA PRODUÇÃO E NA QUALIDADE DE SEMENTES DE TRIGO. Scientia Plena, 2020. Disponível em: < https://scientiaplena.emnuvens.com.br/sp/article/view/4995/2245 >, acesso em: 27/05/2022.

SANTOS, M. N. A INFLUÊNCIA DO USO DE BIOESTIMULANTES NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA E TRIGO. Universidade Federal da Fronteira Sul, Trabalho de Conclusão de Curso, 2017. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1872/1/SANTOS.pdf >, acesso em: 27/05/2022.

SILVA, P. A. USO DE BIOESTIMULANTES A BASE ALGAS MARINHAS PARA TRATAMENTO DE SEMENTES DE TRIGO. Universidade Federal da Fronteira Sul, Trabalho de conclusão de curso, 2021. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/4912/1/SILVA.pdf >, acesso em: 27/05/2022.

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