Com a semeadura do milho se aproximando, alguns cuidados necessitam ser adotados para reduzir os riscos da ocorrência dos enfezamentos que prejudicam a produtividade das lavouras. Os enfezamentos são doenças causadas pela infecção da planta de milho por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). Os dois tipos mais comuns são o enfezamento-pálido (causada por espiroplasma) e o enfezamento-vermelho (causada por fitoplasma) (Embrapa).
A cigarrinha-do-milho é o hospedeiro responsável por transmitir os molicutes e infectar as plantas de milho, causando os enfezamentos. Embora a principal espécie de cigarrinha seja a Dalbulus maidis, recentemente observou-se que a espécie Leptodelphax maculigera também foi observada no Brasil, e possui a capacidade em transmitir os enfezamentos.
Figura 1. Comparação de Dalbulus maidis adulto com Leptodelphax maculigera.
O milho é considerado o único hospedeiro das cigarrinhas no Brasil. Embora o controle do milho voluntário durante o período entressafra contribua para reduzir a densidade populacional da praga, por meio da eliminação do hospedeiro, ao se aproximar da semeadura da safra de verão, medidas complementares ao controle do milho voluntário necessitam ser adotadas para reduzir os danos causados pelos enfezamentos.
Medidas de manejo
Conforme orientações técnicas, além do controle do milho voluntário, é importante atentar para a escolha de cultivar, dando preferencia por híbridos de milho mais tolerantes aos enfezamentos, com ciclos semelhantes.
Além disso, é fundamental padronizar as datas de semeadura. Não é recomendada a semeadura em áreas de milho vizinhas a lavouras já estabelecidas, que apresentem sintomas dos enfezamentos e a presença das cigarrinhas.
As armadinhas (cartela adesiva), também podem ser utilizadas, inclusive nos períodos anteriores a semeadura, para identificar a presença de populações das cigarrinhas. Essas armadinhas são essenciais para o monitoramento dessas pragas, servindo como base para o posicionamento da aplicação de inseticidas.
Figura 2. Boas práticas para o manejo dos enfezamentos e da cigarrinha-do-milho.
Quando necessário utilizar inseticidas para o controle da cigarrinha (durante o período crítico de (VE a V5), é fundamental dar preferência por inseticidas com maior nível de controle, respeitando o intervalo entre aplicações de 5 a 7 dias. Conforme observado por Machado et al. (2024), avaliando a suscetibilidade da cigarrinha do milho a inseticidas, a maioria das populações da cigarrinha apresentam alta suscetibilidade ao metomil, carbosulfan e acefato, e suscetibilidade reduzida à bifentrina, acetamiprido e imidacloprido, demonstrando que metomil, carbosulfan e acefato são interessantes opções para o controle químico da cigarrinha-do-milho.
Veja mais: Suscetibilidade da cigarrinha do milho a inseticidas
Confira abaixo as orientações trazidas por Glauber Stürmer, pesquisador da CCGL.
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Referências:
ALVES, A. P. et al. GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA O MANEJO DOS ENFEZAMENTOS E DA CIGARRINHA-DO-MILHO. Embrapa Cerrados, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1129511/guia-de-boas-praticas-para-o-manejo-dos-enfezamentos-e-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 05/08/2024.
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, 2021. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1130346 >, acesso em: 05/08/2024.
EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICUTES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 05/08/2024.
FERREIRA, K. R. et al. FIRST RECORD OF THE AFRICAN SPECIES Leptodelphax maculigera (Stål, 1859) (Hemiptera: Delphacidae) IN BRAZIL. Research Square, 2023. Disponível em: < https://www.researchsquare.com/article/rs-2818951/v1 >, acesso em: 05/08/2024.
MACHADO, E. P. IS INSECTICIDE RESISTANCE A FACTOR CONTRIBUTINGTO THE INCREASING PROBLEMS WITH Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) IN BRAZIL? Society of Chemical Industry, 2024. Disponível em: < https://scijournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ps.8237?domain=author&token=EFNPXSEM4KUXHHESVXEG >, acesso em: 05/08/2024.
Foto de capa: Elizabeth de Oliveira Sabato.
