TEMPO NO BRASIL

O mês de fevereiro foi marcado por um grande volume de chuva e altas temperaturas em toda a região agrícola do Brasil, com acúmulo de chuvas superior a 100 mm. A região norte destacou-se com os maiores valores registrados, onde as chuvas variaram de 264 a 307 mm. Os menores volumes acumulados de chuvas ocorreram no Nordeste, chegando a 90 mm acumulados (Mapa 1). Como consequência, a umidade do solo aumentou nessas regiões (Mapa 2), favorecendo o desenvolvimento das lavouras e dificultando as operações de colheita e os tratos culturais.

As temperaturas máximas oscilaram entre 24 e 26 °C na região sul do país e alcançaram 35ºC em algumas regiões do Mato Grosso e Goiás. As mínimas, por sua vez, mantiveram-se com valores próximos aos 17°C no nordeste do país (Mapa 3 e 4).

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

Nos principais estados produtores de soja do Brasil, o aumento das chuvas nas últimas semanas de fevereiro dificultou a entrada de máquinas no campo, desacelerando a colheita que vinha ocorrendo em ritmo recorde no país. Mesmo assim, a área colhida da safra 2018/19 é superior à da safra passada para a mesma época. No MATOPIBA e na região Sul do Brasil as lavouras de soja mais tardias, que ainda se encontram em desenvolvimento no campo, podem ser favorecidas pela elevação da umidade do solo durante as fases de florescimento e enchimento de grãos.

A chuva também favoreceu o desenvolvimento do milho segunda safra em praticamente todo o país, justificando o otimismo dos produtores do Mato Grosso e do Paraná, onde as áreas semeadas já atingem 87% e 73% do total, respectivamente.

A irregularidade nas chuvas entre os meses de dezembro e janeiro reduziu a taxa de crescimento dos canaviais do Centro-Sul, mas as chuvas de fevereiro foram suficientes para repor a umidade dos solos até o nível máximo, assegurando boas condições para as próximas semanas.



Os baixos volumes de chuva em São Paulo e sudeste de Minas Gerais em dezembro e janeiro afetaram as variedades precoces de laranja. No entanto, as chuvas abundantes de fevereiro contribuíram com o aumento do peso dos frutos para as variedades Pera Rio, Valência e Valência Folha Murcha, que se encontram atualmente em período de colheita.

As lavouras de café da região Minas Gerais, afetadas pelo calor e chuva escassa em janeiro, encontraram melhores condições ao longo de fevereiro por causa do retorno das chuvas à região.

O volume de chuva no mês de março, contudo, será determinante no desempenho da safra cafeeira de 2019/2020, pois nesses meses ocorrem crescimento dos ramos, o enchimento e a definição do peso dos frutos a serem colhidos.

Imagem 1

SAFRA DE SOJA NO PARANÁ

As projeções geradas pelo Sistema TEMPOCAMPO para safra de soja 2018/2019 no Estado do Paraná apontam para uma perda variando entre 10% e 5,5% para os cenários pessimista e otimista, respectivamente.  Destacam-se as regiões noroeste, oeste e sudeste onde o Coeficiente de Produtividade Climática (CPC) indica que as perdas podem chegar até 20% pelo cenário intermediário (Mapa 5).

As projeções indicam que a produtividade média do estado deverá variar de 3,13 a 3,32 t ha-1, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. As maiores produtividades são esperadas para a região Centro-sul do estado, devido ao maior volume de chuva acumulado ao longo do ciclo e às condições mais favoráveis à cultura nesta região (Mapa 6).

O Sistema TEMPOCAMPO prevê que a produção de soja, para o estado do Paraná, para a safra 2018/19 deverá ficar entre 17,10 e 18,11 milhões de toneladas, para os cenários pessimista e otimista, respectivamente.

Do percentual da cultura que ainda se encontra no campo, 3% estão na fase de floração, 39% em enchimento de grãos e 58% em maturação. As lavouras que estão nas fases de floração e enchimento de grãos ainda podem ser beneficiadas pela retomada das chuvas que ocorreu no mês de fevereiro, melhorando a expectativa de produtividade.

A Figura 1 apresenta a evolução das projeções na safra 2018/19 para a cultura da soja. Nota-se que as primeiras previsões do Sistema TEMPOCAMPO, assim como as geradas pela CONAB e DERAL-PR apontavam um cenário bastante promissor, com possibilidade de safra recorde. Essas projeções consideraram o bom volume e distribuição de chuvas no início do ciclo da cultura para o Estado do Paraná.

No entanto, as projeções passaram a ser menos otimistas ao longo da safra, principalmente pela estiagem observada nos meses de novembro e dezembro. Assim, estima-se uma quebra de safra com perdas que podem superar 2 milhões de toneladas.

Imagem 2

Fonte: Boletim Agrometeorológico do Sistema TEMPOCAMPO ESALQ/USP, por Evandro Henrique Figueiredo Moura da Silva

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