Os nutrientes são essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudável das plantas, entre os nutrientes requeridos pelas plantas há uma divisão entre macronutrientes e micronutriente. Os macronutrientes são aqueles requeridos em maior quantidade pelas plantas, sendo eles o Nitrogênio, Potássio e o Fósforo, considerados como macronutrientes primários, além desses o cálcio, magnésio e o enxofre, classificados como macronutrientes secundários,mas não menos importantes e essenciais para as plantas.

Quanto aos micronutrientes, aqueles requeridos em menor quantidade pelas plantas, destacam-se o boro, cloro, molibdênio, cobre, ferro, zinco e manganês. Todos são fundamentais para que a planta cresça e se desenvolva de maneira saudável, sendo que cada um possui uma função específica na planta, quando não há disponibilidade no solo, torna-se necessário realizar a adubação para que o solo seja capaz de suprir as necessidades da planta.

Figura 1. Sintomas das deficiências nutricionais.

De acordo com o IPNI, o Ca é classificado como um macronutriente secundário que é requerido em quantidades relativamente grandes pelas plantas na forma de Ca2+. Desempenha um papel fundamental na estrutura da parede celular e na integridade da membrana, conferindo estabilidade à planta. Essas paredes celulares têm um papel importante na prevenção da invasão de diversos fungos e bactérias, além disso, o cálcio é vital para o alongamento adequado das células da planta, participa de processos enzimáticos e hormonais e tem influência nos processos de absorção de outros nutrientes. O cálcio regula muitos processos celulares desde o controle de transcrição e sobrevivência até a liberação de sinais químicos (Taiz & Zeiger, 2017).

O cálcio é um elemento pouco móvel na planta, por isso os sintomas de deficiência aparecem nas folhas jovens, Melo (2021) afirma que essas folhas normalmente são menores do que as normais, com a superfície entre as nervuras cloróticas, com pintas necróticas e tendência a se encurvarem para baixo. A deficiência de Ca afeta os pontos de crescimento, tanto da raiz como da parte aérea, e há a ocorrência de sintomas como atrofiamento do sistema radicular e morte da gema apical, ocorre também o retardamento da emergência das folhas primárias que, quando emergem, adquirem forma de taça, ou seja, encarquilhamento (Sfredo & Carrão-Panizzi, 1990).



Conforme Borkert et al. (1994), a deficiência de cálcio na soja resulta em retardo na emergência das folhas primárias, que, quando finalmente surgem, apresentam deformações como o encarquilhamento. Os botões terminais das folhas tornam-se necróticos, faixas cloróticas estreitas são formadas ao redor das porções remanescentes das folhas e o tecido entre as nervuras tendem a enrugar. Além disso, os botões terminais deterioram e ocorre o colapso dos pecíolos, as folhas primárias tornam-se moles e flexíveis e caem da planta.

Figura 2. Sintoma de Deficiência de Cálcio na Soja.

Fonte: Yara.

Borkert et al. (1994), afirmam ainda que a deficiência de cálcio é observada em soja cultivada em solos ácidos que não receberam calcário, e estes sintomas, resultam de uma combinação da deficiência de cálcio com toxicidade de alumínio e manganês. A principal forma de fornecer cálcio para as plantas é através da calagem do solo, que é responsável por corrigir a acidez do solo. A seguir, podemos observar as principais fontes de cálcio que podem ser utilizadas para fornecer o nutriente através da calagem para as plantas.

Tabela 1. Principais fontes de Cálcio para as plantas.

Adaptado INPI.

É importante realizar a análise do solo para verificar a fertilidade e se há a necessidade de realizar adubação e calagem antes de qualquer cultivo, para fornecer os nutrientes adequados para a cultura, havendo a necessidade de realizar calagem para corrigir a acidez do solo e readequar o teor de cálcio ao solo, alguns fatores são importantes. Gitti et al. (2019) afirmam que para a escolha do calcário deve-se levar em consideração a qualidade e as quantidades relativas de cálcio e magnésio, os teores de CaO + MgO devem ser superiores a 38%. Os calcários são classificados quanto aos teores de magnésio em calcário calcítico (< 5,0 % de MgO), calcário magnesiano (entre 5,0 e 12,0 % de MgO) e calcário dolomítico (> 12,0 % de MgO). Assim, para a definição de qual calcário vai ser utilizado, deve-se observar o balanço entre Ca e Mg no solo, os quais são obtidos através da análise de solo.  Vale destacar que, além da calagem, a adubação foliar também é uma forma de fornecer o nutriente para a planta.


Veja mais: O que é PRNT do Calcário e como altera a quantidade do corretivo?



Referências:

BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. Arquivo do Agrônomo, Informações Agronômicas n.6, 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 20/07/2023.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e Produção: Safra 2018/2019. Fundação MS, Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 20/07/2023.

IPNI. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS SOBRE NUTRIENTES PARA AS PLANTAS – CÁLCIO. Nutri-Fatos, Piracicaba – SP. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-5/$FILE/NutriFacts-BRASIL-5.pdf >, acesso em: 20/07/2023.

MELO, G. W. B. NUTRIENTES. Embrapa Uva e Vinho, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/uva-para-processamento/producao/solo-e-adubacao/nutrientes >, acesso em: 20/07/2023.

SFREDO, G; J.; CARRÃO-PANIZZI, M. C. IMPORTÂNCIA DA ADUBAÇÃO E DA NUTRIÇÃO NA QUALIDADE DA SOJA. Embrapa, Londrina – PR, 1990. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/448750/importancia-da-adubacao-e-da-nutricao-na-qualidade-da-soja >, acesso em: 20/07/2023.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL. Artmed, ed.6, Porto Alegre, 2017.

Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.

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