A forte retração do dólar frente ao real segue exercendo pressão sobre o mercado domésticos de algodão. Na média do CIF do polo das indústrias têxteis paulistas, a pluma fechou a quinta-feira (24) cotada a R$ 4,72 por libra-peso, recuando 1,76% em relação ao dia anterior e no menor patamar desde o último dia 11 de fevereiro. Em relação ao mesmo período do mês passado, acumulava perdas de 6,98%. Na comparação com igual momento do ano passado, os ganhos ainda eram de 72,9%.
“Comparado ao custo total de produção, as cotações atuais garantem margens próximas a 25% nas principais regiões produtoras”, avalia o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento. “Esta margem ainda é atrativa, mas já chegou a 40%, quando a pluma operou em seus níveis máximos da temporada”, pondera.
No FOB exportação do porto de Santos, a indicação ficou em 94,73 centavos de dólar por libra-peso (c/lb) no dia 24, com queda de 0,96% em relação à véspera. “Esta cotação faz com que o produto brasileiro seja 10,1% mais caro que o norte-americano (contrato spot) negociado em Nova York”, lembra Bento. No dia anterior, esta diferença era de 9,6. Há uma semana, de 9,7%. E, há um mês, de 13,6%.
O Plano Safra 2021/22, divulgado nesta terça-feira, não trouxe nada muito específico, que afete diretamente o algodão. “Os produtores de algodão são de grande porte e o plano foca muito mais nos pequenos”, frisa o analista.
“O principal ponto que chama a atenção, negativamente, é a elevação da taxa de juros”, destaca Bento. “Porém, a Selic, referência para os juros no país, se elevou. Então, era necessário este ajuste”, explica.
Ainda conforme o analista, em relação aos R$ 1,4 bilhão liberados para auxílio à comercialização, ao que tudo indica, não serão utilizados pelos produtores de algodão. “Pois não há indicações de que os preços atinjam níveis inferiores aos mínimos estabelecidos pelo governo”, ressalta. “Em linhas gerais, o plano ficou dentro do esperado e não trouxe nenhuma grande novidade”, finaliza.
Fonte: Agência SAFRAS