Devido às características intrínsecas da planta e aos registros de resistência ao glifosato e a alguns graminicidas, o capim-amargoso (Digitaria insularis) é considerada uma das plantas daninhas mais difíceis de se controlar. A resistência de plantas daninhas a herbicidas é um problema mundial e extremamente complexo, considerando que a maioria dos casos de resistência são a herbicidas pós emergentes, dificultando o manejo em meio a culturas implementadas.

Os primeiros casos de resistências do capim amargoso ao herbicida glifosato foram identificados em 2008. Fato associado à prática intensiva e à rápida adoção das tecnologias RR (Roundup Ready – resistente ao glifosato) em culturas como soja, milho e algodão, que permitiu a utilização desse herbicida em pós emergência das culturas. O uso frequente do glifosato, resultou no aumento da pressão de seleção de genótipos resistentes, selecionando plantas daninhas em resistentes e suscetíveis.

Desde o primeiro registro de resistência do capim-amargoso, essa planta daninha desenvolveu novos casos de resistência, espalhando-se de maneira rápida por todo o território brasileiro. Em 2016, foi registrado um caso de resistência aos inibidores da ACCase, posteriormente, em 2020, houve confirmação de resistência múltipla da espécie a dois mecanismos de ação: os inibidores da EPSP’s e os inibidores da ACCase (Heap, 2024).

Figura 1. Evolução dos casos de resistência do capim-amargoso no Brasil.

A disseminação da espécie nas áreas de cultivo, aliada à resistência aos herbicidas, é atribuída às características intrínsecas da planta, sementes leves que se dispersam facilmente pelo vento e a habilidade de formar touceiras, que dificultam o manejo, contribuindo para a expansão de tal resistência.

Além disso, espécie apresenta mecanismos especializados que garantem sua sobrevivência em condições adversas ao longo de vários anos. Com isso, o manejo do capim-amargoso requer medidas dirigidas aos mecanismos de sobrevivência da planta daninha, principalmente com relação às sementes presentes no banco de sementes do solo, implicando em estratégias que dificultem ou impeçam a sua emergência (Rizzardi, 2019).



Por se tratar de uma gramínea, o pesquisador Rafael Pedroso destaca a limitação de herbicidas disponíveis com eficiência para o controle da espécie em pós-emergência. Dentre os principais grupos químicos disponíveis, destacam-se os inibidores da EPSP’s e os inibidores da ACCase. Com a limitação no uso de herbicidas no controle da espécie, houve um aumento significativo no uso de graminicidas (fop e dim). Contudo, diante dos casos de resistência já existentes é preciso atenção quanto aos produtos utilizados para evitar a seleção de biotipos resistentes.

O manejo integrado de plantas daninhas, segundo Rafael, requer uma abordagem proativa, envolvendo práticas como o uso de plantas de cobertura, rotação de culturas, consórcios e a aplicação de herbicidas pré-emergentes, como trifluralina, pendimetalina, s-metalacloro, diclosulan e clomazone, que são eficientes no controle do capim-amargoso.

Os graminicidas representam a principal ferramenta de manejo para reduzir o banco de sementes e controlar a competição inicial do capim-amargoso. No entanto, é crucial adotar um conjunto de práticas de manejo. Controlar o capim-amargoso nas fases iniciais de desenvolvimento é importante para evitar a formação de touceiras e, a rotação de mecanismos de ação é essencial para evitar a seleção de biotipos resistentes. Além disso, manter uma cobertura adequada do solo nas áreas de cultivo é fundamental para minimizar a germinação de plantas daninhas provenientes do banco de sementes do solo.

O pesquisador destaca a preocupação em relação à resistência múltipla do capim-amargoso aos inibidores da EPSP’s e aos inibidores da ACCase. Isso torna o manejo dessa planta daninha ainda mais desafiador e reforça a importância de estratégias integradas para o manejo da espécie.

Caso o cenário se assemelhe ao manejo do capim-pé-de-galinha, o controle pode se tornar ainda mais complexo, destacando a importância de implementar estratégias integradas para o controle do capim-amargoso. A experiência com o manejo do capim-pé-de-galinha serve como um alerta para a necessidade de ações proativas e abordagens diversificadas no controle do capim-amargoso.

Visando um manejo eficiente de plantas daninhas com o foco em capim-amargoso e capim-pé-de-galinha, o Mais Soja lançou, com o apoio da  IHARA, o Missão Mato Zero, um programa que conta com uma série de vídeos com alguns dos mais renomados pesquisadores do país, podcasts e textos técnicos, com o objetivo de trazer a informação e auxiliar no manejo de plantas daninhas.

No décimo primeiro vídeo da série, o pesquisador Dr. Rafael Pedroso da ESALQ-USP, aborda o tema:  Capim amargoso: resistências, como manejar? Confira:

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Referências:

HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. On-line, 2024. Disponível em: < www.weedscience.org >, acesso em: 11/01/2024.

RIZZARDI, M. A. CAPIM-AMARGOSO: UM NOVO PROBLEMA NAS LAVOURAS DO RIO GRANDE DO SUL? Up. Herbologia, Academia das Plantas Daninhas, 2019. Disponível em:< https://www.upherb.com.br/int/capim-amargoso-um-novo-problema-nas-lavouras-do-rio-grande-do-sul >, acesso em: 11/01/2024.

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