Durante o ciclo de desenvolvimento da soja, deve-se atentar principalmente para a incidência de doenças fungicas, as quais se beneficiam das condições climáticas para o melhor desenvolvimento e aumento populacional. Dentre as doenças fungicas que podem incidir sobre a cultura da soja, uma da mais devastadoras e agressivas é a ferrugem-asiática da soja, causada pelo fundo Phakopsora pachyrhizi, identificada pela primeira vez no Brasil em 2001 (Embrapa Soja). Segundo Godoy et al. (2020), os danos ocasionados pena doença na cultura da soja podem variar de 10 a 90% dependendo da intensidade da infestação e severidade da doença.
Além das boas práticas de manejo, as quais incluem o controle cultural e a rotação de culturas, os fungicidas são fundamentais e amplamente utilizados no manejo e controle de doenças fungicas na cultura da soja. Entretanto, o uso indiscriminado de fungicidas de mesmo mecanismo de ação ou o posicionamento inadequado de fungicidas, possibilita a seleção de populações resistentes de fungos, resultando na ocorrência da resistência de fungos a fungicidas.
Atualmente sete mecanismos de ação de fungicidas estão registrados para o controle, sendo eles:
Benzimidazóis: utilizados no controle de Cercospora; Oídio; manchas foliares, entre outras;
– Triazóis: “ferramenta curativa mais utilizada nos últimos anos”, dentre eles o Tebuconazol e o Ciproconazol;
– Triazolinthione;
– Morfolinas;
– Estrobilurinas: utilizadas como ferramentas de controle preventivo, devido seu efeito residual;
– Carboxamidas: sendo considerados o grupo de fungicidas mais atuais, com relação a fungicidas sítio-específicos;
– Protetores – multissítios.
Quando o fungicida utilizado para o manejo de doenças for sítio-específico, os cuidados com relação a resistência de fungos a fungicidas devem ser redobrados. Fungicidas sítio-específicos possuem apenas um local de ação no fungo. Sendo assim, há uma maior facilidade do fungo em desenvolver resistência ao fungicida.
Além da rotação de mecanismos de ação, uma alternativa para o manejo da resistência de fungos a fungicidas é a utilização de fungicidas multissítios e protetores. Os fungicidas multissítios interferem em muitos processos metabólicos do fungo. Uma vez absorvido pela célula do fungo, esses fungicidas agem sobre processos como a atividade enzimática que desorganiza numerosas funções celulares. Ex: Mancozebe, Manebe, Tiram, Metiram, Propinebe, Zinebe, Ziram, Clorotalonil, compostos estanhados, sulfúricos, cúpricos, entre outros (Mário, 2019).
Quando comparados aos fungicidas sítio-específicos, os fungicidas multissítios impõe maior dificuldade ao fungo em desenvolver resistência, sendo assim, uma interessante ferramenta no manejo da resistência a fungicidas.
Para o manejo de doenças como a ferrugem-asiática da soja, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas – FRAC, recomenda que o manejo da doença deva ser realizado de forma preventiva, utilizando produtos registrados para a cultura, tais como triazóis, triazolintione e/ou carboxamidas. As carboxamidas “inibidores de respiração no complexo 2, dehydrogenase succinato (fungicidas SDHI, código FRAC 07)”, são ferramentas essenciais no manejo da resistência à ferrugem-asiática e devem ser utilizadas de forma preventiva, sempre aplicadas combinadas com fungicidas do grupo químico das estrubilurinas (FRAC-BR), ou outras moléculas, para promover maior controle e minimizar impactos de uma futura resistência.
Assim como fungicidas multissítios, fungicidas protetores desempenham papel fundamental no manejo de doenças da soja, especialmente quando empregados de forma preventiva e em combinação a outros fungicidas, a exemplo do Oxicloreto de Cobre que, quando combinado com o Fluxapiroxade por exemplo, que vem demonstrando bons resultados no controle de doenças da soja, especialmente da ferrugem-asiática da soja.
Figura 1. Porcentagem e eficiência de Oxicloreto de Cobre + Fluxapiroxade (Aumenax®); Azoxistrobina + Benzovindiflupir; Trifloxistrobina + Protioconazol no controle da ferrugem-asiática da soja. Resultados Técnicos – Mato Grosso e Minas Gerais, médias de três safras (BASF).
Conforme o estudo BIP – Business Intelligence Panel Safra 2019-20, da consultoria Spark Inteligência Estratégica, o uso de fungicidas protetores vem crescendo no pais, sendo empregados principalmente no manejo da resistência da ferrugem-asiática da soja. Segundo informações da Spark, ao menos uma aplicação com fungicidas protetores foi realizada em 70% da área cultivada com soja na safra 2019/2020.
Figura 2. Evolução do uso de fungicidas protetores no manejo de doenças da soja.

Segundo Araujo & Jacob Neto (2016), Produtos protetores a base de cobre são muito utilizado no manejo de doenças em várias culturas, por apresentarem alta toxicidade a fitopatógenos, baixo custo e efeito tóxico reduzido em mamíferos. Embora pareça um tanto quando novo o uso de fungicidas a base de cobre na cultura da soja, Araujo & Jacob Neto (2016) destacam que tanto a calda bordalesa, quando fungicidas a base de Oxicloreto de Cobre podem ser utilizados no manejo de doenças em soja, principalmente de forma preventiva no manejo da ferrugem-asiática da soja, ou seja, ja esta presente no manejo de doenças em diferents=es
Além disso, os autores enfatizam que o Cobre esta presente nas células vegetais, atuando em diversas reações bioquímicas e fisiológicas. O cobre participa de processos de indução â resistência e nos efeitos de proteção, causando toxicidade no metabolismo de microrganismos como o fungo Phakopsora pachyrhizi (Araujo & Jacob Neto, 2016), causador da ferrugem-asiática da soja, auxiliando na redução da incidência da doença.
Ferramentas essenciais no manejo da resistência a fungicidas, protetores e multissítios apresentam bons resultados quando posicionados de forma correta. Entretanto, não reduzem a importância de boas práticas de manejo, tais como a rotação de cultura, o uso de cultivares resistentes ou tolerante a doenças, cultivares de ciclo precoce, a eliminação de plantas daninhas, assim como evitar semeaduras tardias, entre outras práticas (FRAC-BR).
Referências:
ARAUJO, J. S. P.; JACOB NETO, J. COBRE AUXILIA NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Campo & Negócios: Grãos, 2016. Disponível em: < https://www.rigrantec.com.br/upload/produtos_artigos/c0501—cobre-auxilia-no-controle-da-ferrugem-asiatica-da-soja-geoquel-cobre-15-1548429753.29.pdf >, acesso em: 23/11/2020.
BASF. AUMEXAX®: FUNGICIDA PARA A CULTURA DA SOJA. Basf, disponível em: < https://agriculture.basf.com/br/pt/protecao-de-cultivos-e-sementes/produtos/aumenax.html >, acesso em: 20/11/2020.
EMBRAPA SOJA. FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Embrapa Soja, disponível em: < https://www.embrapa.br/soja/ferrugem/inicial >, acesso em: 20/11/2020.
FRAC-BR. NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas. Disponível em: < https://www.frac-br.org/soja >, acesso em: 20/11/2020.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 160, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215288/1/CT-160-OL.pdf >, acesso em: 20/11/2020.
MÁRIO, V. IMPORTÂNCIA DE FUNGICIDAS MULTISSÍTIOS NO MANEJO DE DOENÇAS DA SOJA. Informativo Técnico: Nortox, ed. 25, 2019. Disponível em: < http://www.nortox.com.br/wp-content/uploads/2019/10/informativo-artigo-25-Vandoir.pdf >, acesso em: 20/11/2020.
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