O milho é uma das principais e mais importantes culturas de verão dos sistemas de produção agrícola, desempenhando papel determinante na rotação de culturas para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas. Entretanto, assim como nas demais culturas, algumas doenças fungicidas podem acometer a cultura do milho causando significativas perdas produtivas e da qualidade dos grãos e sementes produzidos.
Embora de importância secundária em virtude da baixa incidência na cultura do milho, o carvão-do-milho é uma das doenças fúngicas que mais chama atenção em função das características visuais. O carvão-do-milho é causado pelo fungo Ustilago maydis e se diferencia das demais doenças por apresentar galhas, especialmente nas espigas, uma vez que ocorre infecção dos ovários. Inicialmente, as galhas são recobertas por uma membrana esbranquiçada e brilhante com posterior formação de uma massa de esporos pretos (teliósporos), que são liberados com o rompimento desta membrana (Neves et al., 2019).
Figura 1. Sintomas típicos de carvão-do-milho.

Conforme destacado por Pinto; Santos; Wruck (2006), condições de altas temperaturas (26°C a 34°C), baixa umidade do solo e plantas de milho com deficiência nutricional, assim como a ocorrência de déficits hídricos, podem favorecer o desenvolvimento da doença. A infecção da espiga de milho resulta na substituição dos grãos ou sementes pelas estruturas do fungo, formando galhas (Pinto; Santos; Wruck, 2006).
Figura 2. Aspecto de carvão do milho causado por U. maydis. Na parte superior da espiga observa-se o início da formação de galhas.

A doença acomete principalmente variedades de polinização aberta (VPA), sendo essas mais suscetíveis ao fungo. Em milho VPA, é possível observar relatos que indicam perdas de produtividade de até 10% e a incidência acima de 75% (Silva et al., 2016). Com o advento de híbridos de milho com maior resistência genética, a incidência da doença assim como os danos foram reduzidos significativamente.
Entretanto, cabe destacar que sob condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo, principalmente quando agravadas por condições de estresse hídrico ou altas doses de nitrogênio na cultura do milho, ainda é possível observar o desenvolvimento da doença. O controle da doença se baseia principalmente em boas práticas agronômicas, bom posicionamento de cultivares e rotação de culturas. Até então, não há registro de defensivos agrícolas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle do carvão-do-milho (Agrofit, 2022).
Veja mais: O que são Boas Práticas Agronômicas?
Referências:
AGROFIT. SISTEMA DE AGROTÓXICOS FITOSSANITÁRIOS. Agrofit, 2022. Disponível em: < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >, acesso em: 11/04/2022.
NEVES, F. L. et al. OCORRÊNCIA DE Ustilago maydis EM ÁREAS DE PLANTIO DE MILHO NO MUNICÍPIO DE MUCURICI, ESPÍRITO SANTO. III SICT do Incaper, 2019. Disponível em: < https://biblioteca.incaper.es.gov.br/digital/bitstream/123456789/3903/1/carvao-milho-neves.pdf >, acesso em: 11/04/2022.
PINTO, N. F. J. A.; SANTOS, M. A.; WRUCK, D. S. M. PRINCIPAIS DOENÇAS DA CULTURA DO MILHO. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 2006. Disponível em: < https://core.ac.uk/download/pdf/45506508.pdf >, acesso em: 11/04/2022.
SILVA, D. D. et al. CARVÃO-COMUM-DO-MILHO NO BRASIL: CONHEÇA ESTA DOENÇA. Embrapa, Circular Técnica, n. 222, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1064327/1/circ222.pdf >, acesso em: 11/04/2022.
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