Em semana de relatório de oferta e demanda do USDA, Chicago trabalhou com preços relativamente estáveis, porém, com viés de baixa no final da mesma. O fechamento da quinta-feira (09), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 15,20/bushel, contra US$ 15,19 uma semana antes.

O relatório consolidou a colheita passada dos EUA em 116,4 milhões de toneladas, porém, reduziu os estoques finais de soja naquele país, trazendo-os para 5,72 milhões de toneladas. A safra mundial foi reduzida para 375,2 milhões de toneladas em 2022/23, a partir da forte quebra na Argentina. Com isso, a estimativa de colheita na Argentina caiu para 33 milhões de toneladas, enquanto a do Brasil permaneceu em 153 milhões. Já a importação de soja por parte da China foi mantida em 96 milhões de toneladas.

Lembrando que o relatório de intenção de plantio, previsto para o dia 31/03, é o mais importante neste momento, pois vai indicar o potencial da futura safra estadunidense.

Dito isso, os embarques de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 02/03, atingiram a 542.238 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado, Com isso, o volume total embarcado, no atual ano comercial, soma a 42,7 milhões de toneladas, ou seja, 3% acima do resultado do mesmo período do ano anterior.

Já pelo lado da demanda, a China indica uma importação recorde de soja nos dois primeiros meses de 2023, com o objetivo de repor estoques diante do atraso na colheita brasileira. As importações de janeiro e fevereiro atingiram 16,2 milhões de toneladas, com alta de 16,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O volume para os dois meses combinados é o maior desde pelo menos 2008, segundo dados da Alfândega chinesa. Entretanto, as vendas por parte do Brasil caíram 31% no período, ficando em 6 milhões de toneladas. (cf. AgRural)

Enquanto isso, na União Europeia as importações de soja em grão, para 2022/23, ano iniciado em julho, somaram 7,48 milhões de toneladas até o dia 05/03, contra 9,3 milhões no mesmo período do ano anterior. Por outro lado, as importações de farelo de soja, no mesmo período, somaram 10,5 milhões de toneladas, contra 11,2 milhões em idêntico período do ano anterior. Já as suas importações de colza atingiram a 5,7 milhões de toneladas, contra 3,5 milhões um ano antes. E as importações de óleo de palma atingiram a 2,34 milhões de toneladas, contra 3,59 milhões no mesmo período de 2021/22.

Por sua vez, no Brasil, os preços ficaram estáveis, porém, com viés de baixa diante de um câmbio que voltou a se aproximar de R$ 5,10 na medida em que a semana avançava. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 162,57/saco, enquanto as principais praças do Estado negociaram o produto a R$ 160,00. Por outro lado, nas demais regiões brasileiras os preços oscilaram entre R$ 142,00 e R$ 154,00/saco.

Em tal contexto, a colheita da soja no Brasil, no final da semana anterior, atingia a 43,3% da área, contra a média histórica de 46,7% e uma colheita de 54,6% no mesmo período do ano passado. (cf. Pátria AgroNegócios)

Outrossim, a comercialização da safra 2022/23, pelo Brasil, atingia a 35,4% da produção esperada, até o dia 03/03. No ano passado, nesta época, o volume vendido chegava a 48,5%, enquanto a média histórica é de 51,7% para o período. Mas há também vendas antecipadas para a futura safra 2023/24. Neste caso, esperando-se uma safra de 152,4 milhões de toneladas, tais vendas teriam chegado a 1,6% neste início de março. Em igual período do ano passado a comercialização antecipada era de 7,1% e a média histórica, para o período, é de 10,6%. (cf. Safras & Mercado)

Em termos ainda de colheita, cerca de 25% da área do Mato Grosso do Sul havia sido cortada no início de março, sobre uma área total de 3,8 milhões de hectares. A produção final esperada está mantida em 13,4 milhões de toneladas. Se confirmada, a mesma será 54% superior ao registrado no ano anterior, prejudicado que foi pela estiagem. Dito isso, a colheita está atrasada, foi deveria estar atingindo mais de 47% da área. (cf. Aprosoja/MS)

Enquanto isso, no Mato Grosso, a produção final de soja, nesta safra, foi revista para cima, devendo atingir ao recorde de 44,3 milhões de toneladas, segundo o Imea. Em confirmando tal volume, o mesmo será 8,35% superior ao registrado na safra anterior. A produtividade média do Estado poderá atingir a 61,6 sacos/hectare. Esta performance do Mato Grosso tende a compensar, em parte, as perdas ocorridas no Rio Grande do Sul.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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