As cotações da soja, em Chicago, recuaram bastante nesta semana, na esteira de chuvas ocorridas na região produtora dos EUA, no final da semana passada, assim como projeções de novas e melhores chuvas no transcorrer deste final de semana, o que permitiria a recuperação das lavouras da oleaginosa. Com isso, o fechamento da quinta-feira (29), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 14,83/bushel, contra US$ 15,00 uma semana antes, lembrando que no dia anterior o fechamento havia atingido a US$ 14,51. Os meses futuros continuaram com viés de baixa, sendo que novembro fechou a US$ 12,65/bushel e maio/24 em US$ 12,68, neste dia 29/06. A registrar que o farelo se aproximou do piso dos US$ 400,00/tonelada curta, enquanto o óleo de soja continuou subindo, batendo em 60,83 centavos de dólar por libra-peso no dia 29/06, a mais alta cotação do subproduto desde o início de março do corrente ano.
De fato, mesmo com as condições das lavouras piorando, conforme relatório semanal do dia 26/06, divulgado pelo USDA, o mercado cedeu diante da possibilidade de novas chuvas na região produtora. Como sabido, esta é a característica do “mercado do clima” que, nesta época, movimenta as especulações na Bolsa de Chicago. Assim, até a colheita estadunidense, no final de setembro, fortes oscilações nos valores do bushel de soja devem continuar ocorrendo.
Quanto às condições das lavouras, apenas 51% se apresentavam entre boas a excelentes no dia 25/06 nos EUA. Outros 35% estavam regulares e 14% entre ruins a muito ruins. No ano passado, nesta mesma época, 65% das lavouras estavam entre boas a excelentes condições. Todavia, 10% das lavouras já estão em fase de floração, contra 6% no ano passado e 9% na média histórica.
Por outro lado, as exportações de soja, por parte dos EUA, continuam mostrando menos compras por parte da China e maior presença da Europa. Provavelmente os EUA terão que rever para baixo as projeções sobre o volume a ser exportado em 2023/24, pois o total vendido até o dia 15/06 atingia a apenas 3,3 milhões de toneladas, contra 13,4 milhões no mesmo período do ano passado. (cf. Agrinvest Commodities) E na semana encerrada em 15/06 os EUA venderam 457.700 toneladas da safra 2022/23, ficando dentro das expectativas do mercado, enquanto da safra nova foram 168.800 toneladas, direcionadas particularmente para o México.
E aqui no Brasil os preços cederam, com o recuo em Chicago, associado a um câmbio que se manteve entre R$ 4,75 e R$ 4,85 por dólar em grande parte da semana, e prêmios ainda negativos nos portos nacionais. Alerta-se para o fato de que, contrariamente ao que se esperava, por enquanto a sinalização dos prêmios para o segundo semestre, e mesmo para o início do próximo ano, continua negativa. Em Paranaguá, por exemplo, nesta semana o prêmio para julho era de US$ 1,45/bushel negativo, para agosto US$ 0,55 negativo e para março/24 US$ 1,00/bushel negativo.
Em tal contexto, a média gaúcha recuou para R$ 126,12/saco, enquanto as principais praças gaúchas negociaram o saco a R$ 124,00. Já nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 105,00 e R$ 119,00/saco.
Dito isso, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) informou novos números para a safra 2023, apontando que a mesma teria ficado em 156 milhões de toneladas, apesar da forte quebra gaúcha. O esmagamento nacional de soja será de 53,2 milhões de toneladas neste ano, sendo que 16,6 milhões já foram realizados nos quatro primeiros meses do ano, o que é 3,5% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Com isso, a produção total de farelo de soja será de 40,7 milhões de toneladas e a de óleo de soja ficaria em 10,7 milhões. Já as exportações do grão de soja deverão atingir a 97 milhões de toneladas, a do farelo 21,9 milhões e a do óleo de soja 2,3 milhões de toneladas. Pelo valor médio esperado, a receita total com a exportação do complexo soja, neste ano, chegaria a US$ 65,5 bilhões, sendo US$ 52,6 bilhões da soja em grão, US$ 10,3 bilhões do farelo e US$ 2,6 bilhões do óleo de soja.
Especificamente no mês de junho, a expectativa é de que as exportações de soja tenham alcançado 14,2 milhões de toneladas, segundo a Anec. Em isso se confirmando, o Brasil teria exportado, em junho, quatro milhões de toneladas a mais do que no mesmo mês de 2022. Já para o farelo de soja as vendas teriam sido de 2,32 milhões de toneladas, contra 2,16 milhões em junho de 2022.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).