As cotações do trigo, em Chicago, recuaram a ponto de romper o piso dos US$ 6,00/bushel no dia 15/09, quando o primeiro mês passou a ser setembro. Com isso, o fechamento desta quinta-feira (17) ficou em US$ 5,89/bushel, contra US$ 6,37 uma semana antes.

Este valor atual é o mais baixo desde o final de maio passado. No caso do trigo o relatório de oferta e demanda do USDA foi praticamente neutro, pouco trazendo de modificações em relação a julho. O mesmo indicou uma produção, nos EUA, de 47,2 milhões de toneladas e um pequeno aumento nos estoques finais do país, para 2023/24, com os mesmos passando a 16,8 milhões de toneladas. Com isso, o preço médio ao produtor estadunidense de trigo, no novo ano comercial indicado, permaneceu em US$ 7,50/bushel. Já a produção mundial de trigo foi reduzida em pouco mais de três milhões de toneladas, em relação a julho, ficando agora estimada em 793,4 milhões de toneladas. Porém, os estoques finais mundiais recuaram apenas um milhão de toneladas, ficando em 265,6 milhões de toneladas do cereal. A produção do Brasil está estimada em 10,3 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina ficaria em 17,5 milhões, após novos problemas climáticos no vizinho país.

Dito isso, a colheita do trigo de inverno, nos EUA, no dia 13/08, chegou a 92% da área, ficando exatamente na média histórica. Enquanto isso, o trigo de primavera, na mesma data, estava colhido em 24% da área, contra 28% na média histórica. Do que faltava colher, 42% estavam em condições entre boas a excelentes, 39% regulares e 20% em condições entre ruins a muito ruins.

Já os embarques de trigo, por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/08, somaram 183.289 toneladas, ficando abaixo das expectativas do mercado. Com isso, o total dos embarques estadunidenses de trigo, no atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, soma 3,22 milhões de toneladas, ou seja,18% menos do que há um ano.

E no Brasil, a pressão de baixa sobre os preços internos do trigo aumentou, na medida em que se aproxima a nova colheita, a partir de setembro. No Paraná, onde as primeiras lavouras já foram colhidas, as indicações de compra, FOB interior daquele Estado, estão entre R$ 1.250,00 e R$ 1.300,00/tonelada. Isso representa entre 75,00 e R$ 78,00/saco FOB. Assim, o preço aos produtores, no interior, recuaram para R$ 63,00/saco, enquanto a média gaúcha fechou a semana em R$ 65,00/saco.

Lembrando que a paridade de importação, a partir da safra nova da Argentina, estaria em torno de R$ 1.300,00/tonelada (R$ 78,00/saco) no interior. Assim, diante de uma nova safra cheia prevista, será muito difícil impedir que os preços internos do trigo continuem a recuar neste restante de ano.

Claro que falta ainda muito para a colheita no Rio Grande do Sul ser iniciada e o clima pode causar mudanças significativas nesta tendência de preços, porém, o quadro para os mesmos inquieta, embora previsto. Neste momento, por exemplo, a falta de frio e as altas temperaturas estão preocupando muito o setor produtivo do Estado gaúcho.

Pelo sim ou pelo não, as atuais médias de preço do trigo estão 36,6% e 44,2% abaixo do registrado um ano antes, no Rio Grande do Sul e Paraná, respectivamente. Esse quadro indica que o potencial de baixa no Estado gaúcho ainda é bastante significativo caso a nova safra venha normal.

Nesse sentido, contrariando as estimativas da Conab e do USDA, a iniciativa privada ainda avança uma safra total brasileira de 11,2 milhões de toneladas de trigo. (cf. Stone X) Já são números menores do que estimativas anteriores, porém, ainda bastante elevados para o padrão que se espera de colheita no país, o qual tende a ficar entre 10,3 e 10,5 milhões de toneladas.

Por sua vez, a importação de trigo pelo Brasil está estimada em 5,77 milhões de toneladas em 2023/24, com um crescimento de 27,9% sobre o ano anterior. Já a exportação do cereal pelo Brasil, em 2023/24, está prevista em 2,49 milhões de toneladas, ante 2,66 milhões em 2022/23. Diante deste contexto, os estoques finais brasileiros, para 2023/24, ficariam em 1,46 milhão de toneladas de trigo. (cf. Stone X)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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