Rodrigo Peixoto da Silva, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, apresentou na última sexta-feira, 29, no 64º Congresso da European Regional Science Association (ERSA), em Atenas, Grécia, estudo científico que traz alguns aspectos sobre como o mercado de trabalho na cadeia produtiva da soja e do biodiesel vem se transformando e transformando as diferentes regiões brasileiras. O artigo científico foi desenvolvido em parceria entre o Cepea e a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Entre os principais resultados apresentados pelo pesquisador do Cepea estão:
• Crescimento contínuo da população ocupada (2,26 mi em 2024): o total de pessoas ocupadas na cadeia produtiva da soja e do biodiesel praticamente duplicou entre 2012 e 2024, com destaque para o segmento de serviços, que se manteve com o maior contingente de pessoas, passando de 793 mil pessoas em 2012 para 1,6 milhão em 2024. O segmento primário apresentou o maior avanço (de significativos 118% no período) e a indústria teve crescimento de 56%, atingindo cerca de 89 mil pessoas ocupadas em 2024.
• Perfil da população ocupada – masculino, formal e mais qualificado: a participação dos trabalhadores com carteira assinada se manteve praticamente inalterada entre 2012 e 2024, em cerca de 77% do total de trabalhadores e 47% da população ocupada. É também quase que constante a participação feminina entre as pessoas ocupadas, representando, entre 2012 e 2024, cerca de 35% do total. Por sua vez, a qualificação tem aumentado, com a participação de pessoas com ensino médio passando de 32,8% para 40,2%, e a de pessoas com ensino superior, de 12% para 20,2% no período.
• Rendimentos reais crescentes: dentre os segmentos, destacam-se o primário (dentro da porteira) e a indústria, que tiveram avanços reais de rendimentos de 37% e 22%, respectivamente, entre 2012 e 2024. Essa elevação ocorre de forma concomitante com o aumento da qualificação na cadeia produtiva.
• Região Sul é a maior empregadora no segmento primário: a região Sul do Brasil desponta como a maior empregadora na produção de soja (segmento primário), com crescimento contínuo entre 2012 e 2021, ano em que atingiu 293 mil pessoas ocupadas, passando por redução posterior e chegando, em 2023, em 245 mil pessoas ocupadas. O Centro-Oeste, embora menos intensivo em trabalho, dada a maior escala das fazendas, é a segunda maior região empregadora. Entre as microrregiões de destaque estão Cruz Alta, Santiago e Ijuí (RS), Sudoeste de Goiás (GO), Dourados (MS), Parecis e Alto Teles Pires (MT), Campo Mourão e Guarapuava (PR).
• Mercado de trabalho cresce de forma concentrada no Centro-Oeste: quatro microrregiões do Centro-Oeste (Sudoeste de Goiás, Dourados/MS, Campo Novo do Parecis/MT e Alto Teles Pires/MT) responderam por cerca de 40% da população ocupada na região Centro-Oeste entre 2022 e 2024, indicando que o mercado de trabalho no segmento primário é bastante concentrado regionalmente.
O pesquisador do Cepea Rodrigo Peixoto, responsável pela apresentação do estudo no congresso, indicou que “esta foi uma ótima oportunidade para mostrar a realidade brasileira a pesquisadores de outros países, identificar similaridades e compartilhar soluções para as disparidades regionais presentes no País, enriquecendo o debate internacional sobre o mercado de trabalho em uma das principais cadeias agropecuárias do Brasil”.
Outras informações: https://www.cepea.esalq.usp.br/ e por meio da Comunicação Cepea, com o pesquisador Rodrigo Peixoto: cepea@usp.br
Fonte: Cepea