A ocorrência de chuvas no Estado, de modo geral, ameniza a situação da cultura, que vem sofrendo com a estiagem. Na semana, 85% das lavouras ficaram nas fases de floração e de enchimento de grãos.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em função da presença de volumes expressivos de chuvas na terça-feira (14/02) e na quinta-feira (16/02), alguns produtores da região da Campanha realizaram o plantio e o replantio de lavouras de soja, situação também observada em algumas propriedades na Fronteira Oeste, em São Borja. Porém, a maior parte dos produtores que não plantaram toda a área planejada já desistiram e devem focar no cultivo de inverno para aproveitar parte dos insumos já adquiridos. As lavouras que receberam bons volumes de chuvas apresentam diferentes condições. Há casos de áreas com elevado índice de mortalidade de plantas, onde o potencial produtivo já foi severamente comprometido, bem como áreas de cultivares precoces, que haviam sofrido aborto de grande quantidade de flores e de vagens nas semanas anteriores e que já se encontram na fase de enchimento de grãos. Estas últimas não possuem quantidade suficiente de folhas novas nem conseguem recuperar o porte e o tempo de ciclo para emissão de flores. As áreas de cultivares de ciclo mais longo implantadas em novembro, que estão no final da fase de floração, e as áreas implantadas no final de dezembro e em janeiro, apesar de apresentarem porte baixo, ainda tem ciclo suficiente para aproveitar a melhoria das condições de umidade no solo.
Na de Caxias do Sul, o volume de chuvas amenizou o déficit hídrico das lavouras de soja. Porém, ainda é insuficiente para o bom desenvolvimento da cultura, que se encontra predominantemente na fase de floração, de formação de vagens e de enchimento dos grãos.
Na de Frederico Westphalen, a condição climática de baixa umidade tem gerado uma menor pressão de doenças. Contudo, o retorno das precipitações favorece a ocorrência de doenças e, em muitas lavouras, não há efeito protetivo dos fungicidas.
Na de Ijuí, o retorno das precipitações possibilitou a recuperação das lavouras onde os volumes acumulados foram superiores a 30 mm. No entanto, a situação da cultura é muito irregular entre os municípios e entre localidades nos municípios. Em Tenente Portela, as lavouras têm desenvolvimento bem variado: há áreas muito prejudicadas pela estiagem e com perdas irreversíveis bem como áreas com potencial produtivo próximo à expectativa inicial. Essa situação é comum em quase todos os municípios, pois há grande variabilidade de potencial produtivo entre as lavouras, conforme o volume de chuvas acumulado no período de desenvolvimento da cultura. Em Jóia, ainda não foi possível finalizar a semeadura da cultura. Em Ibirubá, as chuvas contribuíram para minimizar os danos causados pela estiagem aos diversos estádios fenológicos. As precipitações bem distribuídas nos dias 15 e 17/02 permitiram a rápida retomada do desenvolvimento da soja, melhorando o potencial produtivo das lavouras.
Na de Passo Fundo, a lavoura se apresenta nas fases de floração (30%) e de formação de vagens (70%).
Na de Porto Alegre, as chuvas do período foram de abrangência mais ampla se comparadas às ocorridas anteriormente, favorecendo o desenvolvimento das lavouras. Não há indicadores de perdas intensas pela estiagem. As lavouras estão predominantemente em desenvolvimento vegetativo. Aproximadamente 40% das áreas estão entre as fases de floração e de formação das vagens.
Na de Santa Rosa, ainda não é possível avaliar o impacto das últimas chuvas, da melhora na umidade relativa do ar e do decréscimo das temperaturas para as lavouras. Em período anterior a essas precipitações, foi observada a crescente perda do estande de plantas, principalmente das que apresentavam elevada quantidade de legumes, muito provavelmente por exigirem maior demanda hídrica nesse estádio fenológico. Contudo, a melhora das condições climáticas possibilitou que os produtores de toda a região realizassem a aplicação de inseticidas e de fungicidas; estes já excediam o intervalo comumente adotado na maioria das lavouras. Em função da chuva de alta intensidade, mesmo que de curta duração, e da presença de vento, houve forte redução da população de tripes nas plantas. Essa condição possibilita que produtores em manejo integrado atrasem a aplicação de agrotóxicos, pois as condições climáticas não estavam favoráveis à ocorrência de doenças, principalmente de ferrugem asiática. Devido ao avanço do estádio reprodutivo da cultura e aos poucos legumes formados, os produtores já avaliam a necessidade de acionar o Proagro ou seguro. Porém, já foram recebidas as primeiras solicitações de Proagro, e já estão sendo realizadas as vistorias em lavouras. Os tratamentos para o controle de ervas daninhas e de doenças fúngicas estão sendo efetuados conforme as condições mínimas de umidade no solo e no ar. As últimas chuvas possibilitaram a retomada das pulverizações de fungicidas e de inseticidas.
Na de Soledade, a ocorrência de chuva, em toda a região, beneficia a cultura, que retoma o crescimento e o desenvolvimento. A maior parte da área cultivada está na fase reprodutiva, e os dias quentes que antecederam a chuva elevaram as perdas na cultura, causando a queda de folhas, de flores e de vagens em formação. A expectativa é o grau de recuperação das lavouras. O clima ameno e a boa umidade do solo viabilizam os tratamentos fitossanitários. No entanto, ainda assim, muitos tratamentos não foram realizados devido ao estresse hídrico da cultura principalmente para o controle de tripes, de ácaros e das doenças oídio e ferrugem, embora a pressão desta última seja baixa.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, a cotação média da soja na semana foi de R$ 164,50/sc., representando uma redução de 2% em relação à cotação da semana anterior.
Fonte: Informativo Conjuntural n° 1751- Emater/RS