Atualmente, os enfezamentos em milho têm chamado atenção em lavouras produtoras do grão, pela capacidade em reduzir a produtividade do milho, podendo em caso mais extremos, até mesmo inviabilizar a lavoura. Conforme destacado por Sabato; Barros; Oliveira (2016), os danos em decorrência dos enfezamentos em milho podem ser superiores a 70%. Como principais impactos, tem-se a redução do tamanho das espigas de milho, reduzindo significativamente a produtividade da cultura.
Figura 1. Danos por enfezamento em milho.
A Embrapa destaca que os enfezamentos mais comuns observados em lavouras de milho são o enfezamento vermelho e o enfezamento pálido. O enfezamento vermelho é causado por um fitoplasma (Maize bushy stunt) e o enfezamento pálido causado por espiroplasma (Spiroplasma kunkelii).
Naturalmente, os enfezamentos são transmitidos às plantas de milho por um agente transmissor, a cigarrinha-do-milho como é popularmente conhecido. Embora possa causar pequenos danos diretos à cultura do milho, esse vetor se destaca pelos danos indiretos, mais especificamente pela transmissão dos enfezamentos.
Embora o uso de cultivares tolerantes e /ou resistentes aos enfezamentos seja uma importante ferramenta de manejo, assim como o controle químico do vetor (cigarrinha), cabe destacar que o manejo entressafra do milho exerce importante papel na redução da incidência dos enfezamentos.
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É comum observar plantas voluntárias (tiguera) de milho em meio a lavouras em sucessão, especialmente, se tratando de cultivares de milho com certa tolerância e/ou resistência a herbicidas. Essas plantas de milho voluntárias, podem ser consideradas hospedeiras da praga, e servem de abrigo para a cigarrinha-do-milho durante o período entressafra, possibilitando e sobrevivência da praga, que muitas vezes pode estar infectada com os microrganismos causadores dos enfezamentos.
Figura 2. Área de trigo com presença de milho voluntário (tiguera).
Levando em consideração que as fêmeas depositam cerca de 14 ovos dia-1, podendo colocar 611 ovos durante os seus 45 dias de vida (Waquil, 2004), o controle de plantas hospedeiras da cigarrinha-do-milho, especialmente do milho tiguera, é essencial para reduzir as populações da praga não só no período entressafra, mas consequentemente na safra do milho. Além disso, algumas plantas espontâneas de milho podem ainda, estar infectadas com os enfezamentos, contribuindo para a manutenção do ciclo da doença (figura 3), sendo assim, o controle do milho tiguera na entressafra é fundamental para reduzir as perdas decorrentes dos enfezamentos em milho.
Figura 3. Planta tiguera de milho com sintomas de enfezamento vermelho.
Referências:
EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICUTES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 15/03/2022.
EMBRAPA. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/arquivos/Cartilhacigarrinhaeenfezamentos_Embrapa.pdf >, acesso em: 15/03/2022.
EMBRAPA. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/arquivos/Cartilhacigarrinhaeenfezamentos_Embrapa.pdf >, acesso em: 15/03/2022.
SABATO, E. O.; BARROS, A. C. S.; OLIVEIRA, I. R. CENÁRIO E MANEJO DE DOENÇAS DISSEMINADAS PELA CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Cartilha, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1059085/1/Cenariomanejo1.pdf >, acesso em: 15/03/2022.
WAQUIL, J. M. CIGARRINHA-DO-MILHO: VETOR DE MOLICUTES E VÍRUS. Embrapa, Circular Técnica, n. 41, 2004. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/cigarrinha-do-milho-vetor-de-molicutes-e-virus.pdf/17d847e1-e4f1-4000-9d4f-7b7a0c720fd0 >, acesso em: 15/03/2022.