O fusariose, popularmente conhecida como podridão vermelha da raíz, é uma das doenças mais complexas de se manejar, exigindo medidas de controle conjuntas para evitar o desenvolvimento do patógeno. A doença tende a ser favorecida por solos mal drenados e compactados.
Os sintomas normalmente são observados em reboleiras, mas podem ocorrer de forma generalizada na lavoura. Dentre os principais sintomas, destacam-se o surgimento de manchas avermelhadas na raiz principal da planta (geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo) evoluindo, circundando as raízes, passando para a coloração vermelho-arroxeada pra castanho-avermelhado, a quase preta. Na área aérea da planta, observa-se o amarelecimento prematuro das folhas e necrose entre as nervuras, resultando no sintoma conhecido como folha “carijó” (Soares et al., 2023).
Figura 1. Sintomas típicos de podridão vermelha da raiz (Fusarium spp.) em soja.
Segundo Olszak-Przybyb; Korbecka-Glinka; Patkowska (2023), a patogenicidade de Fusarium spp. é determinada por uma ampla gama de fatores, incluindo os genes responsáveis pela transdução de sinal, compostos antifúngicos desintoxicantes produzidos por plantas, enzimas metabólicas e enzimas degradadoras da parede celular. Muitas espécies de Fusarium têm a capacidade de produzir micotoxinas, como tricotecenos, que podem ser tóxicas para as plantas.
Avaliando 19 isolados de Fusarium incluindo oito isolados de F. oxysporum , seis isolados de F. graminearum , quatro isolados de F. culmorum e um isolado de F. redolensincluindo oito isolados de F. oxysporum , seis isolados de F. graminearum , quatro isolados de F. culmorum e um isolado de F. redolens Olszak-Przybyb; Korbecka-Glinka; Patkowska (2023) observaram que o grau de patogenicidade da doença e sua severidade variam de acordo com a espécie do patógeno e sensibilidade da cultivar.
Dentre os 19 isolados de Fusarium analisados pelos autores, nas três cultivares avaliadas, observou-se que a porcentagem mediana da área da doença variou entre 5,0 e 88,0%, dependendo do isolado. Os sintomas da doença nas plântulas foram registrados de acordo com uma escala arbitrária de 0–5 modificada após Zang et al. na qual: 0 = plântula germinada saudável sem sintomas da doença (sem necrose); 1 = necrose leve com área total doente de até 10%; 2 = necrose leve a moderada com área total doente entre 11 e 25%; 3 = necrose moderada com área total doente de 26–50%; 4 = necrose extensa com área total doente de 51–75%; e 5 = necrose extensa com área total doente acima de 75% ou deterioração completa da semente (Olszak-Przybyb; Korbecka-Glinka; Patkowska, 2023).
Figura 2. Escala de classificação de sintomas de doenças em plântulas de soja inoculadas com Fusarium spp. Fotos de plântulas representando as seguintes classificações de doenças: 0 = plântula germinada saudável sem sintomas de doença (sem necrose); 1 = necrose leve com área total doente de até 10%; 2 = necrose leve a moderada com área total doente entre 11 e 25%; 3 = necrose moderada com área total doente de 26–50%; 4 = necrose extensa com área total doente de 51–75%; 5 = necrose extensa com área total doente acima de 75%.
Conforme resultados obtidos por Olszak-Przybyb; Korbecka-Glinka; Patkowska (2023), além da patogenicidade, observou-se que cultivares mais suscetíveis tendem a apresenta maior redução da porcentagem de germinação e a maior inibição do crescimento da radícula em comparação com a cultivares mais tolerantes, demonstrando as diferentes respostas que ocorrem em função do fungo e do hospedeiro. Confira o estudo completo desenvolvido por Olszak-Przybyb; Korbecka-Glinka e Patkowska (2023) clicando aqui!
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Referências:
OLSZAK-PRZYBYB, H.; KORBECKA-GLINKA, G.; PATKOWSKA E. IDENTIFICATION AND PATHOGENICITY OF Fusarium ISOLATED FROM SOYBEAN IN POLAND. Pathogens 2023. Disponível em: < https://www.mdpi.com/2076-0817/12/9/1162#app1-pathogens-12-01162 >, acesso em: 12/08/2024.
SOARES, R. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 6, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1158639 >, acesso em: 12/08/2024.