ANÁLISE CLIMÁTICA DE JUNHO

Em junho de 2023, os maiores acumulados de chuva continuaram concentrados sobre o extremo-norte do país, além de áreas da costa leste da Região Nordeste e da Região Sul, com volumes que ultrapassaram 150 mm, contribuindo para a manutenção dos níveis de água no solo e recuperação da umidade do solo na Região Sul.

Já em áreas do norte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste e no Matopiba, os volumes de chuva não ultrapassaram 40 mm, reduzindo ainda mais o armazenamento de água no solo e agravando o deficit hídrico em áreas da Bahia, centro e norte de Minas Gerais e entre Goiás e Mato Grosso.

Na maior parte da Região Norte foram observados acumulados de chuva maiores que 70 mm, e que ultrapassaram 250 mm em áreas do extremonorte da região, principalmente em Roraima e nordeste do Pará, mantendo os níveis de água no solo elevados e favorecendo o desenvolvimento dos cultivos na região. Entretanto, em Tocantins praticamente não foram observados volumes de chuva, o que impactou negativamente os níveis de água no solo.

Na Região Nordeste foram registrados grandes volumes de chuva em áreas do noroeste do Maranhão e na costa leste, incluindo áreas do Sealba, com valores que ultrapassaram 200 mm, mantendo os níveis de água no solo elevados, beneficiando as lavouras de feijão e milho terceira safra. Em grande parte do Matopiba houve pouco ou nenhum volume de chuvas, o que favoreceu a secagem natural dos grãos, mas causou restrição hídrica em algumas lavouras de milho segunda safra, que se encontravam em estágio reprodutivo.

Já na Região Centro-Oeste, com exceção do Mato Grosso do Sul, os acumulados de chuvas foram inferiores a 30 mm, causando redução do armazenamento hídrico, principalmente em áreas de Goiás e nordeste de Mato Grosso, o que também favoreceu a secagem natural do milho e a qualidade das fibras e colheita do algodão, mas restringiu as lavouras que se encontravam em estágio reprodutivo.

Em Mato Grosso do Sul, os volumes de chuva foram superiores a 40 mm, o que contribuiu para a manutenção dos níveis de água no solo e beneficiou o desenvolvimento das lavouras.

Na Região Sudeste, assim como no Centro-Oeste, foram registrados baixos volumes de chuva que não ultrapassaram 30 mm, principalmente em áreas do centro e norte de Minas Gerais, onde os volumes foram ainda menores, não ultrapassando 10 mm, agravando o deficit hídrico e restringindo o desenvolvimento das culturas de parte da região. Entretanto, em São Paulo, os acumulados de chuva foram maiores que 40 mm e contribuíram para a elevação do armazenamento hídrico em níveis satisfatórios à demanda hídrica dos cultivos, favorecendo o desenvolvimento das lavouras.

Na Região Sul, os volumes de chuva foram significativos em grande parte da região, com valores maiores que 150 mm, além de fortes rajadas de vento, principalmente em áreas do nordeste do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina, ocasionados pela atuação de um ciclone extratropical.

Esses volumes de chuva foram responsáveis pela manutenção do armazenamento de água no solo e favoreceram o milho segunda safra, que se encontrava em estágio reprodutivo, além da semeadura e desenvolvimento dos cultivos de inverno, como o trigo, nos três estados.

As temperaturas médias durante junho variaram entre valores menores que 14 °C em áreas serranas da Região Sul e valores superiores a 28 °C em áreas da Região Norte e do Matopiba. No segundo decêndio do mês foi observado o primeiro episódio de friagem do ano, onde houve uma incursão de uma massa de ar frio intensa que se estendeu até o sul da região amazônica, além de registros de temperaturas mínimas negativas e ocorrência de geada de intensidade fraca a forte em áreas serranas das Regiões Sul e Sudeste.

Além disso, as temperaturas mais amenas nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, contribuíram para a redução da evapotranspiração e menor variação na média diária do armazenamento hídrico no solo, reduzindo o impacto no desenvolvimento das culturas agrícolas em algumas áreas da região.


CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 4 de junho e 1° de julho de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias de até 1,5 °C, chegando a valores maiores que 3 °C na costa oeste da América do Sul, indicando o aquecimento das águas na região. Considerando a região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), desde o início de fevereiro de 2023 houve tendência de aumento da anomalia média de TSM, persistindo até o final de junho, chegando a valores maiores que 0,8 °C, e caracterizando o início do fenômeno El Niño.

A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica o estabelecimento das condições de El Niño (fase quente) durante os meses de inverno, com probabilidades maiores que 90% de que o fenômeno persista até a primavera, no trimestre de setembro, outubro e novembro de 2023.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO JULHO, AGOSTO E SETEMBRO DE 2023

As previsões climáticas, para os próximos três meses, segundo o modelo do Inmet, são mostradas na figura abaixo.

Fonte: INMET

Para a Região Norte há previsão de chuvas acima da média em áreas do extremo-norte, principalmente em Roraima, Amapá e noroeste do Pará, enquanto nas demais áreas os volumes de chuva podem ficar dentro ou abaixo da média. Em áreas do Matopiba, o modelo indica chuvas abaixo da média, que podem ser ocasionadas pela atuação do fenômeno El Niño.

Já em áreas do norte da região Nordeste, com exceção do norte do Ceará, e em áreas do Sealba, a previsão é de chuva dentro ou abaixo da média, o que pode contribuir para a redução do armazenamento de água no solo e impactar os cultivos de terceira safra.

Em grande parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, o modelo indica chuvas abaixo da média, principalmente em áreas entre Goiás e Minas Gerais.

Na Região Sul há previsão de chuvas dentro ou acima da média em grande parte da região, com exceção de áreas do centro e norte do Paraná e noroeste gaúcho, onde o modelo indica chuvas abaixo da média. Os volumes de chuva previstos poderão contribuir para a manutenção dos níveis de água no solo.

Em relação à temperatura média do ar, o modelo continua indicando que, nos próximos três meses, as temperaturas podem ficar dentro ou acima da média climatológica em grande parte do país, principalmente em áreas do Centro e Norte do Brasil. Já na Região Sul, as temperaturas podem ficar dentro ou ligeiramente acima da média, principalmente em agosto e setembro no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Esperam-se ainda entrada de massas de ar frio, comuns para esta época do ano, assim como ocorrência de geadas em áreas que já são suscetíveis a este fenômeno. Além disso, não de descartam ocorrências de eventuais episódios de friagem na Região Centro-Oeste e sul da Região Norte devido à incursão destas massas de ar frio sobre o país.

Fonte: INMET

Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet: https://portal.inmet.gov.br

Fonte: Conab



 

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