As cotações da soja, em Chicago, nesta última semana de agosto, se mantiveram mais firmes, porém, na quinta-feira o mercado cedeu e o fechamento deste dia 31/08, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 13,60/bushel, contra US$ 13,65 uma semana antes. Mais uma vez o clima nos EUA foi o elemento central deste comportamento.

Tanto é verdade que o USDA informou uma redução de 59% para 58% nas lavouras entre boas a excelentes condições nos EUA, em seu relatório do dia 28/08. Um ano antes esse índice estava em 57%. Nesta data 91% das lavouras estavam em formação de vagens e 5% na fase de derrubada das folhas. Mas, apesar das especulações climáticas, as diferentes visitas às lavouras de soja dos EUA têm apontado, em muitos locais, uma safra cheia. É o caso, agora, do Estado de Indiana, que apresenta um potencial de produtividade ao redor de 100 sacos/hectare.

Por outro lado, na semana encerrada em 24/08, os EUA embarcaram 322.149 toneladas de soja, o que levou o volume total, no atual ano comercial, a 51,9 milhões de toneladas, contra pouco mais de 56 milhões no mesmo período do ano anterior.

E no Brasil, os preços voltaram a subir um pouco mais. E isso, mesmo com o câmbio retornando para o patamar ao redor de R$ 4,85 em boa parte da semana. Além de Chicago, os prêmios para os meses próximos, agora no terreno positivo, ajudaram no movimento. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 142,83/saco, enquanto as principais praças do Estado negociaram o produto a R$ 141,00. Já no restante do país, os preços oscilaram entre R$ 115,00 e R$ 130,00/saco.

Neste momento, se aceleram as exportações de soja, e também de milho, fato que ajuda nos preços aos produtores, porém, encontra problemas de logística, pelo qual sobem os preços dos fretes. Esse movimento tem reduzido a liquidez no interior do País, levando às oscilações dos preços. Nos portos, Santos (SP) está com restrição para recebimento de soja, devido à capacidade de estocagem. Assim, as negociações são mais frequentes nos portos de Paranaguá (PR) e de São Francisco (SC), porém, para entregas a partir de outubro/23. (cf. Cepea)

Os dados parciais da Secex mostram que, até a terceira semana de agosto, os embarques de soja somam 5,4 milhões de toneladas, com média mensal 48,6% maior que a de agosto/22.

Por sua vez, a futura safra de soja, no Brasil, está com nova projeção, devendo atingir a 162,8 milhões de toneladas, ou seja, mais 5,3% sobre o ano anterior. Esse aumento se deve, em especial, à esperada recuperação da produção gaúcha, atingida pela seca no ano passado. Além disso, se esperam efeitos positivos do El Niño no conjunto do território nacional produtor de soja. Entretanto, devido às margens de lucro apertadas, os produtores brasileiros devem reduzir o ritmo de aumento na área semeada, com a mesma crescendo 3,6%, contra 6,3% na safra anterior, o que levaria a área total plantada com soja, no Brasil, a 45,7 milhões de hectares. (cf. hEDGEpoint Global Markets)

Especificamente no Rio Grande do Sul, segundo a Emater local, a produção de soja deverá chegar a 22,4 milhões de toneladas nesta nova safra. Isso representa um aumento de 73% sobre a frustrada safra do ano anterior. A área semeada deve alcançar 6,7 milhões de hectares, com um aumento de 1,3% sobre o ano passado. Ou seja, a recuperação da produção se dará especialmente pela esperada melhoria do clima. Lembrando que o Estado gaúcho, nas quatro últimas safras de verão registrou três com grande frustração na produção devido a seca.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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