A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é a principal forma de fornecer nitrogênio (N) para a soja, de forma eficiente e econômica. Por meio do processo de simbiose com as plantas, as bactérias do gênero Bradyrhizobium são capazes de fornecer todo o nitrogênio necessário para boas produtividades de soja (Gitti, 2016).
Bactérias fixadoras de nitrogênio

Embora as bactérias do gênero Bradyrhizobium sejam originárias do solo, nem sempre essas bactérias são encontradas em populações suficientes para suprir a demanda de N da soja, via FBN, sendo necessário, aumentar os níveis populacionais dessas bactérias no solo, por meio a inoculação das sementes e/ou sulco com bactérias fixadoras de N.

Segundo Hungria; Campo; Mendes (2001), para suprir toda a exigência de nitrogênio para boas produtividades de soja, cada planta deve apresentar de 15 a 30 nódulos viáveis durante o período do florescimento. Além dos fatores climáticos e ambientais, sabe-se que o número de nódulos também apresenta relação com a nutrição, principalmente com relação aos teores Cobalto (Co) e Molibdênio (Mo).

Relação do Mo e Co com a FBN

Segundo Sfredo & Oliveira (2010), o Mo é cofator das enzimas nitrogenase, redutase do nitrito e oxidase do sulfeto, está intimamente relacionada com o transporte de elétrons durante as reações bioquímicas. A nitrogenase é uma enzima necessária para a FBN, sendo assim, a deficiência de Mo pode afetar a FBN.

Da mesma forma, o Co está relacionado a FBN. O Co participa na síntese de cobamida e da leghemoglobina nos nódulos, sendo, portanto, essencial para a FBN. Além disso, a deficiência de Co pode ocasionar deficiência de N na soja, devido à baixa fixação do N2 (Sfredo & Oliveira, 2010).

O Mo tem média mobilidade no floema e mais de 58% do Mo requerido pela soja é absorvido nos primeiros 45 dia, já o Co quando aplicado via foliar, é parcialmente móvel (Sfredo & Oliveira, 2010). Ambos os micronutrientes podem ser aplicados via foliar na soja e/ou no tratamento de sementes.

Ainda que distintos resultados tenham sido observados pela ciência, hora demonstrando melhora da FBN, hora demonstrando baixos benefícios em função da adubação com Mo e Co, em suma tanto o Co quanto o Mo aplicados em soja, podem contribuir para a  FBN.
Resultados

Quando avaliadas variáveis como número de nódulos por planta, fica evidente que a contribuição para o aumento dessa variável em função da adição de Co e Mo em soja, varia em função da dose, forma e época de aplicação. Conforme observado por Mata et al. (2011), o aumento demasiado da concentração de Co e Mo no tratamento de sementes de soja, pode resultar na redução do número de nódulos por planta.

Os autores destacam que a  aplicação  de  Mo  nas  sementes,  em  virtude  de  seu  contato com o inoculante, pode reduzir o número de células de Bradyrhizobium, a nodulação e a fixação biológica de  nitrogênio, visto que,  formas  salinas  ou  a  ação  bactericida  de  alguns produtos contendo Mo e Co podem provocar a morte do Bradyrhizobium.


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Conforme resultados obtidos por Mata et al. (2011), aplicações foliares de Co e Mo podem proporcionar o incremento de nódulos da soja quando esses micronutrientes não são adicionados ao tratamento de sementes. Sobretudo, os autores concluem que a aplicação  de  2,5  g  ha-1 de  Co  e  42  g  ha-1  de  Mo via  sementes  na  cultura  da  soja,  promove incrementos  na  nodulação, entretanto, o aumento da concentração desses micronutrientes no tratamento de sementes pode acarretar na redução do número de nódulos por planta.

Resultados similares foram observados por Garcia et al. (2013), demonstrando que o aumento do número de nódulos por planta é obtido com doses intermedirias de Co e Mo, sendo que, para as doses de 1,4, 2,8 e 5,6 mL por kg de semente de produto formulado contendo 1,5% de Co e 15% de Mo, observou-se o incremento de 32,2 %, 34,5% e 13,8% respectivamente, do número de nódulos por planta.

Figura 1. Número de nódulos em duas cultivares de soja, em função da aplicação de doses de produto formulado contendo 1,5% de Co e 15% de Mo (Comol) em sementes de soja.
Fonte: Garcia et al. (2013)

Corroborando os resultados, Silveira et al. (2021) observaram que não necessariamente o aumento da dose de Co e Mo resulta no incremento do número de nódulos por planta, demonstrando que há um equilíbrio entre dosagem de Co e Mo e nodulação da soja. Além disso, como citado anteriormente, ingredientes inertes e formulações contendo substâncias salinas podem inclusive prejudicar a nodulação da soja, em fundação da redução populacional de Bradyrhizobium.

Sendo assim, ao adicionar Mo e Co ao tratamento de sementes, deve-se seguir as orientações técnicas estabelecidas para a cultura e pela  empresa responsável pela formulação, a fim de potencializar a nodulação da soja e não a prejudicar. Contudo, sabe-se que o fornecimento de Co e Mo pode ser benéfico para a soja, resultando inclusive em incrementos de produtividade (Dourado Neto et al., 2012) quando doses e fontes são aplicadas de forma correta, seguindo as recomendações técnicas.

Referências:

DOURADO NETO, D. et al. ADUBAÇÃO MINERAL COM COBALTO E MOLIBDÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Semina: Ciências Agrárias, 2012. Disponível em: < https://repositorio.usp.br/bitstream/handle/BDPI/34096/Douradoetal-Semina2012.pdf;sequence=1 >, acesso em: 20/03/2024.

GARCIA, J. L. N. et al. NODULAÇÃO DA CULTURA DA SOJA EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES VIA SEMENTE. XXXIV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2013. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2013/anais/arquivos/2790.pdf >, acesso em: 20/03/2024.

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-20152016.pdf >, acesso em: 20/03/2024.

HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 35, 2001. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/18515/1/circTec35.pdf >, acesso em: 20/03/2024.

MATA, F. S. D. et al. Eficiência da Fixação Biológica de Nitrogênio na Cultura da Soja com Aplicação de Diferentes Doses de Molibdênio (Mo) e Cobalto (Co). Revista Trópica – Ciências Agrárias E Biológicas, 2011. Disponível em: < https://cajapio.ufma.br/index.php/ccaatropica/article/view/212 >, acesso em: 20/03/2024.

SFREDO, G. J.; OLIVEIRA, M. C. N. SOJA: MOLIBDÊNIO E COBALTO. Embrapa Soja, Documentos, n. 322, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/18872/1/Doc_322_online1.pdf >, acesso em: 20/03/2024.

SILVEIRA, P. G. et al. EFEITO DE DOSES DE COBALTO E MOLIBDÊNIO APLICADAS NO SULCO DE PLANTIO DA SOJA INOCULADA COM Bradyrhizobium. Unifunec Cient. Mult., 2021. Disponível em: < https://seer.unifunec.edu.br/index.php/rfc/article/view/4110 >, acesso em: 20/03/2024.

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