Uma das principais premissas do plantio direto consiste na cobertura permanente do solo, a qual normalmente é derivada da palhada ou resíduos vegetais de culturas antecessoras. Dentre as principais vantagens da cobertura do solo, podemos destacar a redução do impacto da gota da chuva e consequentemente erosões superficiais, assim como a maior conservação da umidade do solo, matéria orgânica entre outros atributos.
Indo mais além, pode-se dizer que a boa cobertura do solo contribui significativamente para a redução da amplitude térmica do solo e aumento da produtividade de culturas agrícolas, possibilitando um ambiente mais favorável ao crescimento e desenvolvimento vegetal a nível de solo. Além da presença da cobertura do solo, a qualidade e quantidade da palhada é de suma importância visando maiores contribuições na produtividade de culturas agrícolas.
Avaliando a temperatura e umidade do solo em função do uso de cobertura morta no cultivo de milho, Vieira et al. (2020), observaram que a quantidade de palhada influencia diretamente a amplitude térmica e temperatura máxima do solo, especialmente nas camadas mais superficiais. Os autores avaliaram o solo cultivado com milho sob diferentes quantidades de matéria seca para cobertura do solo (4 e 8 t ha-1 de palha de braquiária).
Figura 1. Temperatura máxima diária do solo nos diferentes tratamentos e nas profundidades de 5-10 cm (A) e 20-25 cm (B), avaliadas durante o período de 09 de agosto a 13 de novembro de 2016, (15 a 110 dias após a emergência da cultura do milho). Tangará da Serra – MT (Vieira et al., 2020).
O solo analisado em questão foi um Latossolo Vermelho distroférrico argiloso. Com base nos resultados observados pelos autores, fica evidente a contribuição da palhada em cobertura do solo para a redução te temperatura máxima do solo, proporcionando assim, melhores condições térmicas para o crescimento e desenvolvimento vegetal, especialmente do sistema radicular das plantas.
Além disso, a temperatura do solo impacta diretamente evaporação de água do solo, logo, a redução da temperatura do solo pode resultar na menor perda de água do solo por evaporação. Os autores destacam que a cobertura do solo serviu também para reduzir a amplitude térmica do solo (figura 2), fato que pode ser explicado pela menor variação entre absorção e perda de calor do solo, afetando diretamente o fluxo de calor no solo.
Figura 2. Amplitude térmica diária do solo e do ar nos diferentes tratamentos e nas profundidades de 5-10 cm (A) e 20-25 cm (B), avaliadas durante o período de 09 de agosto a 13 de novembro de 2016 (15 a 110 dias após a emergência da cultura do milho). Tangará da Serra – MT (Vieira et al., 2020).
A cobertura do solo afeta a produtividade do milho?
Com base nos resultados apresentados anteriormente, pode-se supor que haja respostas da planta a cobertura ou não do solo. Analisando as contribuições da cobertura do solo na produtividade do milho, Barbieri et al. (2020) observaram haver diferença estatística significativa da produtividade do milho em função da cobertura ou não do solo com palhada de braquiária.
Os resultados obtidos pelos autores indicam incremento médio de produtividade superior a 1600 kg ha-1 de milho em função da cobertura do solo com palha, em comparação ao solo descoberto, destacando assim, a valiosa contribuição da palhada em cobertura para o aumento de produtividade do milho.
Tabela 1. Altura de planta (AP), número de grãos por fileira de milho (NGF), número de grãos por espiga de milho (NGE), massa seca de planta (MSP), massa de mil grãos (M1000) e produtividade (PROD), para os três tratamentos (Barbieri et al., 2020).
Dessa forma, fica evidente a necessidade de investir em cobertura do solo para o aumento de produtividade, rentabilidade e sustentabilidade das culturas agrícolas, sendo a rotação de culturas e o cultivo de plantas de cobertura, algumas das principais ferramentas disponíveis para isso.
Veja mais: Plantas de cobertura e rotação de culturas melhoram o solo e auxiliam no controle de plantas daninhas
Referências:
BARBIERI, J. D. et al. COBERTURA DO SOLO, EVAPOTRANSPIRAÇÃO E PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA. Cultura Agronômica,Ilha Solteira, v.29, n.1, p.76-91, 2020. Disponível em: < https://core.ac.uk/reader/304218890 >, acesso em: 29/12/2021.
VIEIRA, F. F. et al. TEMPERATURA E UMIDADE DO SOLO EM FUNÇÃO DO USO DE COBERTURA MORTA NO CULTIVO DE MILHO. Científica, Jaboticabal, v.48, n.3, p.188-199, 2020. Disponível em: < http://cientifica.org.br/index.php/cientifica/article/view/1264/797 >, acesso em: 29/12/2021.
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Olá.. qual melhor planta para cobertura de solo do milho? E existe algum espaçamento em que essa cobertura deixa de ser útil ou não? Obrigado