Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

Diante do avanço da doença conhecida como coronavirus, atingindo a Europa, o Brasil e a África, além dos EUA, China, Irã e outros países, as bolsas do mundo inteiro despencaram nesta semana de carnaval no Brasil. Chicago não fugiu a regra e a soja, para o primeiro mês cotado, perdeu quase 20 pontos entre os dias 21 e 24/02. Posteriormente este mercado se ajustou e reagiu um pouco. Assim, após bater na mínima desde o final de janeiro (US$ 8,74/bushel), o fechamento desta quinta-feira (27) ficou em US$ 8,86/bushel, contra US$ 8,92 uma semana antes.

Com o avanço do coronavirus pelo mundo, o dólar acaba servindo de valor refúgio aos especuladores e, com isso, sobe de preço, tirando competitividade das exportações estadunidenses.

Paralelo a isso, há muitas dúvidas quanto à retomada das compras chinesas de produtos agropecuários dos EUA, a partir da assinatura da Fase Um do acordo comercial entre os dois países. A mesma foi realizada em 15/01, porém, até o momento as compras chinesas não deslancharam. E, agora, com a China sendo o centro da epidemia de coronavirus, sua economia praticamente paralisou, o que dificulta ainda mais o comércio.

Ao mesmo tempo, apesar da quebra no Rio Grande do Sul, no restante da América do Sul se espera uma safra cheia, a qual daria conta de suprir a quebra de safra ocorrida na última colheita dos EUA, no final do ano passado.

Por outro lado, o relatório Outlook do USDA, destes últimos dias, indicou uma área a ser plantada com soja nos EUA um pouco maior do que o esperado, porém, 12% acima do semeado na safra anterior. Esta área ficaria em 34,4 milhões de hectares. Mas será o relatório de intenção de plantio, previsto para o dia 31/03, que deixará mais clara esta situação e é o que o mercado realmente considera.

Se esta área for confirmada, e o clima correr normalmente nos EUA, a futura colheita de soja neste país poderá chegar a algo entre 114 a 115 milhões de toneladas, contra 96,8 milhões na frustrada safra passada.

Por sua vez, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, no ano comercial 2019/20, iniciado em 1º de setembro, atingiram a 494.300 toneladas na semana encerrada em 13/02. Isso representa um recuo de 23% sobre a média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2020/21 as vendas atingiram a 3.400 toneladas. Na soma dos dois anos o mercado esperava um volume bem maior, algo entre 700.000 e 1,2 milhão de toneladas.

No Brasil, agora também atingido pelo coronavirus, o dólar disparou e o mercado cambial chegou a bater em R$ 4,50 por dólar durante o pregão do dia 27/02, um novo recorde nominal histórico. Mesmo assim, o recuo em Chicago e a estagnação dos prêmios em níveis bastante baixos para os padrões anteriores, não permitiram que os preços subissem.

Desta forma, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 78,83/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 85,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 74,00 em grande parte do Nortão matogrossense, até R$ 86,50 em Campos Novos (SC), passando por R$ 82,00 no centro e norte do Paraná; R$ 73,00 em São Gabriel (MS); R$ 76,50 em Goiatuba (GO); R$ 78,50 em Pedro Afonso (TO); e R$ 80,50/saco em Uruçuí (PI).

Os prêmios nos portos brasileiros fecharam a semana entre US$ 0,17 e US$ 0,47/bushel.

Enfim, até o dia 21/02 a colheita da soja no Brasil atingia a 30% da área, contra 28% na média histórica (no ano passado, nesta data, a mesma atingia a 38%). Por Estado produtor a mesma registrava 25% no Paraná, contra 30% na média; 74% no Mato Grosso, contra 49% na média; e 29% em Goiás, contra 39% na média histórica. Dos quatro principais Estados produtores, apenas o Rio Grande do Sul não apresenta ainda dados estatísticos significativos de colheita, devendo a mesma se intensificar a partir deste início de março. (cf. Safras & Mercado)


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CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

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