A cultura da soja no Rio Grande do Sul se encaminha para o final do ciclo. Estão colhidos 87% dos cultivos desta safra. Na semana, muitas lavouras foram colhidas com grão de baixa umidade, significando perda de peso do produto.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, o clima seco permitiu intensa atividade de colheita, elevando o índice na média regional de 65% para 80% da área cultivada. Na Campanha, produtores que já finalizaram a colheita disponibilizam as máquinas para acelerar o processo em lavouras mais atrasadas. A produção obtida nessa safra, superior à de outros anos, fez extrapolar a capacidade de armazenagem em alguns municípios. Em Hulha Negra, a unidade de armazenagem de uma cooperativa regional atingiu a capacidade máxima de estocagem durante a semana. Outras unidades da mesma armazenadora em Bagé, Candiota e Aceguá ainda não estão completas, mas dificuldades operacionais tais como o tempo de descarga atrasam o processo, com filas de espera de até oito horas. Por outro lado, os preços elevados associados às boas produtividades devem ser suficientes para que produtores com dívidas de safras anteriores possam quitá-las. Também se projetam a realização de investimentos como aquisição de novas máquinas e implementos e a ampliação de infraestrutura de armazenagem.

Na regional de Ijuí, a colheita chega a 98% e é realizada nas primeiras lavouras semeadas em janeiro, em segundo cultivo sobre milho ou soja. A produtividade destas primeiras lavouras está próxima a 50 sacas, mas com diminuição do potencial nas demais. O balanço da produtividade da cultura na safra vigente é muito positivo. Para a grande maioria dos produtores em diferentes municípios, o rendimento médio das áreas cultivadas será superior ao estimado inicialmente. Como fator de preocupação para a próxima safra ficam o aumento da incidência da doença mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) em várias lavouras e a presença de mosca branca durante o ciclo de desenvolvimento vegetativo da cultura. Próximo ao final da semana, o preço do produto teve queda expressiva.

Na de Caxias do Sul, a operação de colheita foi favorecida pelo tempo seco e restam menos de 5% a serem colhidos. Em alguns locais, o grão foi colhido com umidade muito baixa, chegando em alguns casos a 10%; tal redução causa perdas ao produtor: beneficia o armazenamento, mas reduz o peso.

Favorecida pelo clima nas regionais da Emater/RS-Ascar de Erechim e Passo Fundo, a colheita foi encerrada. Na de Erechim, a produtividade média é de 3.720 quilos por hectare. Na de Passo Fundo, ficou em 3.650 quilos por hectare, maior que a expectativa inicial. Mesmo assim, foi menor que as produtividades das safras passadas mais produtivas.

Na de Soledade, o predomínio de tempo seco favorece a colheita da soja, que se encaminha para a finalização. Estimam-se 98% colhidos. Lavouras por colher e em maturação predominam em áreas cultivadas com cultivares tardias e em restevas de tabaco, feijão e milho safra – grãos e silagem. Os efeitos da estiagem das últimas semanas não interferem na produtividade média final da cultura, que está em 3.300 quilos por hectare.

Na de Frederico Westphalen, cultura em reta final de colheita, que atinge 95% dos cultivos; o restante da área está em enchimento de grãos e maduro por colher. O ciclo de maturação de cultivos destas áreas foi acelerado devido à escassez de chuvas em abril. As condições climáticas são adequadas para realização da colheita.



Na de Santa Maria, a colheita chega aos 94% da área implantada; o rendimento médio obtido está muito bom, em torno de 3.300 quilos por hectare.

Na de Pelotas, a colheita avançou significativamente, novamente beneficiada pelo clima seco que predominou em abril. Permanecem ótimas as condições de tráfego para máquinas nas lavouras e de caminhões nas estradas. Isto proporciona agilidade e rapidez na colheita e no transporte do produto colhido. Os gargalos permanecem junto aos cerealistas, com filas de espera para recebimento, pesagem e descarregamento. Seguem disputados os serviços de fretes, fazendo com que os valores sejam praticados acima do normal. Avançando a colheita, as produtividades vão se elevando. Do total, 81% estão colhidos. Os restantes 19% estão no estágio de maturação e maduro por colher. Em Tavares, colheita finalizada. Em Pelotas, 95% colhidos e 90% em São Lourenço do Sul, Pedras Altas e Piratini.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, a cultura da soja encontra-se em final de ciclo; a colheita atingiu 86% da área, favorecida pelo tempo seco que proporciona obtenção de grão de excelente qualidade, com reduzidas perdas de colheita. Produtividade e preço acima do esperado, e há tendência de aumento na área plantada na próxima safra. Lavouras com boa produção, mesmo aquelas cujo estabelecimento inicial enfrentou mais dificuldades devido à diminuição das chuvas no começo de dezembro. O déficit hídrico no início do ciclo atrasou o desenvolvimento das lavouras. Entretanto, as lavouras se recuperaram, atingindo porte satisfatório.

Na regional de Santa Rosa, 6% das lavouras semeadas estão em maturação, sendo que a colheita avançou significativamente para 94% da área. A produtividade média está em 3.198 quilos por hectare. As áreas por colher são em geral de soja safrinha semeadas em janeiro e apresentam aspecto geral de porte menor do que o das lavouras já colhidas e com menor potencial de produtividade. Os cultivos de tais áreas deverão apresentar uma produtividade média de dois mil quilos por hectare.

Na de Lajeado, 87% da área está colhida; a produtividade foi ajustada para 3.451 quilos por hectare, o que representa acréscimo de 3,08% na esperada no início da safra. As lavouras que ainda estão por colher também apresentam bom potencial, apesar do pequeno volume de chuva registrado no último mês. Para a cultura, a pouca chuva praticamente não trouxe prejuízos, apenas acelerou o ciclo em algumas situações, mas nada que chegasse a comprometer o potencial das lavouras, que já estava consolidado. Produtores devem dar atenção ao teor de umidade dos grãos, que muitas vezes está na casa dos 10%. Esse índice na prática representa perda de peso ao considerarmos que o valor de referência é de 14% para desconto por umidade.

Comercialização – análise de conjuntura

Em relação à comercialização no âmbito da regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, as cotações apresentaram expressiva volatilidade na semana, chegando a atingir o pico máximo de R$ 172,00/sc. em 27 de abril. Já no dia seguinte, os preços começaram a cair e em 03 de maio os preços estão menores em relação aos da semana anterior, sendo pago ao produtor da região o valor médio de R$ 164,50/sc. de 60 quilos, ainda considerado bom preço pelos agricultores.

Nem de longe grande parte dos produtores e atores sociais relacionados à cadeia da soja poderiam imaginar o atual momento. São raras as situações onde se somam altas produtividades com alta valorização do produto. Um pouco menos que o milho, mas muito expressiva, observa-se elevação de cerca de 70% nos preços pagos pelo produto, se comparados aos praticados no início da safra. O Rio Grande do Sul vai bater recorde de produtividade e recorde de receita proveniente da comercialização da soja pelos agricultores, que de forma direta ou indireta irá potencializar a economia do Estado como um todo. A atividade nos portos continua intensa e as exportações podem marcar novo recorde em abril.

Comercialização (saca de 60 quilos)

Segundo o levantamento semanal realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, o preço médio da soja apresentou redução de 2,63% em relação ao da semana anterior, passando de R$ 170,90 para R$ 166,40/sc. O preço para o produto disponível em Cruz Alta se manteve em R$ 174,00/sc.

Fonte: Emater/RS-Ascar – Informativo Conjuntural – Nº 1657

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