A colheita evoluiu pouco, para 38%, em função da persistência da alta umidade no ambiente das lavouras. Também o retorno das chuvas regulares, a partir do final do mês de fevereiro, provocou um pequeno prolongamento no ciclo previsto das cultivares. Na metade
Norte do Estado, foram raros os momentos em que foi possível realizar a operação, e as lavouras que se encontravam próximas ao ponto de colheita foram colhidas, embora a umidade dos grãos estivesse acima do ponto ideal.
Os produtores optaram por antecipar o corte, condicionados pelas previsões de continuidade de chuvas nos dias subsequentes. Para isso, utilizaram herbicidas para desfolha da soja e também para controle de plantas invasoras nas entrelinhas ou nas falhas de estande, as quais tem potencial de causar grandes problemas pela elevação da umidade e pelo aumento das impurezas. As lavouras em maturação representam 45% da área cultivada; em enchimento de grãos, 15%; e em floração, 2%.
A produtividade é variada, mas é superior à obtida nas cultivares precoces ou nas lavouras implantadas no início do período recomendado, colhidas anteriormente. A expectativa atual é pouco inferior a 1.500 kg/ha, com perdas acumuladas próximas a 55%.
Nas lavouras em estádios de formação e enchimento de grãos, foram realizados os manejos fitossanitários necessários, como aplicação de fungicidas e inseticidas. Nessas lavouras, foi constatado aumento considerável de infecção de ferrugem asiática e maior incidência de percevejos.
Os agentes financeiros já oferecem a produtores linhas de pré-custeio para a aquisição de insumos para as lavouras da safra 2022-2023. Esses recursos são considerados atrativos pelos sojicultores, pois mantêm as taxas de juros do plano safra atual nas linhas de crédito de recursos controlados, frente à expectativa de aumento expressivo nas taxas, a partir de julho, quando inicia o novo ano agrícola.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita encontra-se mais adiantada na Fronteira Oeste, mesmo com o registro de chuvas regulares nas últimas semanas. Em Maçambará, 40% das lavouras foram colhidas, e a produtividade nas lavouras implantadas em dezembro é de aproximadamente 1.200 kg/ha, praticamente o dobro da produtividade das lavouras estabelecidas em outubro e novembro. Em Manoel Viana, 25% das lavouras foram colhidas, e as chuvas frequentes impediram o avanço, mesmo nas coxilhas bem drenadas, o que aumentou o risco de perdas, as quais já chegam a 79%. Em Rosário do Sul, 40% foi colhido, e a quebra, na produtividade, é de 72%. Em Santana do Livramento, ocorreu variação expressiva na produtividade, desde 480 kg/ha até 1.800 kg/ha, expressando a desuniformidade na distribuição das chuvas no período de estiagem.
Na Campanha, houve pequeno avanço na colheita, pois a maturação das lavouras foi mais lenta e desuniforme. Produtores de Candiota relatam descontos próximos de 20% nas cargas de lavouras colhidas com maturação desuniforme e a presença de plantas daninhas. As lavouras em áreas de várzeas apresentam potencial muito elevado, com acamamento das plantas em alguns pontos.
Em Hulha Negra, o início da colheita em cultivares de ciclo médio indicou melhor produtividade em comparação com as precoces, alcançando entre 1.800 kg/ha até 2.400 kg/ha, que varia conforme o volume de chuvas durante o ciclo de desenvolvimento. No aspecto fitossanitário foram identificadas plantas com sintomas de ferrugem asiática em Bagé, sendo recomendada a proteção com fungicidas nas lavouras implantadas a partir de 15/12, que ainda devem permanecer verdes até o final abril, conforme o ciclo da cultivar. A incidência de oídio também foi identificada, e recomendado o monitoramento, pois a doença foliar pode causar perdas significativas, pois a severidade pode atingir 20% da área foliar.
Na de Caxias do Sul, praticamente não houve colheita no período devido às chuvas. O grão já maduro, a campo, perdeu a qualidade, aumentando a proporção de grãos ardidos. O agravamento foi facilitado, pois as vagens estão malformadas, e os grãos estão chochos, o que é um efeito da estiagem. Na região, 46% das lavouras foram colhidas; outros 46% estão em estão em maturação ou pronto para a colheita; e 8% estão em fase de enchimento de grãos. A expectativa de produtividade atual é de 2.400 kg/ha.
Na regional de Erechim, a produtividade aumentou levemente. A preocupação, no momento, é a continuidade de chuvas durante a colheita que pode elevar as perdas. A produtividade esperada é de aproximadamente 2.100 kg/ha, com perdas de 44% da expectativa inicial.
Na de Frederico Westphalen, a colheita avançou em ritmo lento em decorrência das chuvas e do escalonamento na maturação das lavouras. Além da baixa qualidade dos grãos, houve a presença de impurezas advindas de plantas invasoras, que se estabeleceram no final do ciclo da oleaginosa e que passam pelo processo de debulha nas máquinas colheitadeiras. A expectativa inicial era de 3.540 kg/ha, e a atual é de 1.372 kg/ha, com uma redução de 61%.
Na regional de Ijuí, a produtividade das lavouras colhidas na semana, embora represente uma área pouco expressiva, apresentou leve acréscimo. A maturação das lavouras está acontecendo em ritmo muito mais lento do que nos anos anteriores, e ainda há grande desuniformidade de maturação. Estima-se que a produtividade seja pouco inferior a 1.100 kg/ha e que 28% dos cultivos tenham sido colhidos.
Na de Lajeado, 32% dos cultivos foram colhidos, 40% estão em maturação fisiológica, e a produtividade estimada é próxima de 2.000 kg/ha, o que representa perdas de cerca de 40% na expectativa inicial. As lavouras semeadas mais tardiamente, muitas em janeiro, fora do período recomendado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático, estão com desenvolvimento satisfatório e contribuem para elevar o índice de produtividade.
Na de Passo Fundo, estima-se que foram colhidos 44% dos cultivos e que 43% estejam maduros. A produtividade estimada atualmente é de 1.950 kg/ha.
Na regional de Pelotas, prosseguiu a colheita beneficiada pelo tempo firme e sem dificuldades operacionais ou eventos adversos entre 03 e 09/04. A expectativa de produtividade está em torno dos 2.250 kg/ha, o que significa uma redução de aproximadamente 20% no potencial produtivo.
Na de Porto Alegre, o ritmo da colheita aumentou com a utilização de colheitadeiras oriundas das áreas de arroz, que estão em término de safra. Foram colhidos 13% dos cultivos; 62% estão em maturação; e a expectativa de produtividade é de 2.700 kg/ha.
Na de Santa Maria, a colheita alcançou 38% das lavouras, e a redução de produtividade estimada permanece em 60%, resultando em aproximadamente 1.050 kg/ha obtidos. Na de Santa Rosa, o tempo instável dificultou a colheita, que avançou pouco ao longo da semana. Com a alta umidade nos solos, observou-se a operação, com poucas máquinas, apenas nas tardes dos dias 07 e 09/04. A colheita alcançou 34% da área plantada; 2% das lavouras encontram-se em floração (lavouras de soja safrinha e ou de ciclo tardio semeadas em dezembro); há 20% em fase de enchimento de grãos; e 44% em maturação. As perdas, na maior parte dos municípios da região, estão consolidadas em 84% em relação à produtividade inicial, e a atual perspectiva de produtividade permanece em 516 kg/ha. Contudo, na região, há índices acumulados de 450 a 650 mm de chuvas a partir da primeira quinzena de março, e parte das lavouras que foram dessecadas apresentam grãos apodrecidos, ampliando as perdas das lavouras do cedo. A produtividade média dessas lavouras não ultrapassa de 300 kg/ha.
Na de Soledade, desacelerou a colheita de soja no período devido à ocorrência de chuvas, que, no geral, foram volumosas em dois momentos na semana. A elevada umidade relativa do ar também favoreceu a incidência de doença fúngicas, principalmente a ferrugem asiática. Em decorrência disso, os tratamentos com fungicidas foram intensificados. Com os tratamentos fúngicos, também são aplicados inseticidas para o controle de lagartas e percevejos, que têm incidência pontual na região.
Programa Monitora Ferrugem RS
Na última semana de monitoramento, a ocorrência de esporos da ferrugem asiática inicia seu processo de diminuição em função do avanço da colheita no Rio Grande do Sul. De forma generalista, a safra 2021-2022 se caracterizou pela presença constante de esporos no território gaúcho, em menores quantidades no início do período de desenvolvimento da soja com elevação a partir do avanço nos estádios de desenvolvimento, os relatos da ocorrência de doença no campo se deram a partir de março, ocorrência esta tardia em função da estiagem que aconteceu no Estado.
Para mais informações sobre a ocorrência da ferrugem asiática da soja acesse: http://www.emater.tche.br/site/monitora-ferrugem-rs/home#mapas.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, houve interrupção na tendência de queda. Houve elevação de +1,48% em relação à semana anterior, passando de R$ 175,09 para R$ 177,69. O produto disponível, em Cruz Alta, teve queda de preço, com redução de -1,05% em relação à semana anterior, sendo cotado a R$ 188,00/sc.
Fonte: Emater/RS – Informativo Conjuntural