Em Tenente Portela, um dos 340 municípios gaúchos que enfrentam problemas por conta da estiagem, o produtor Valdemar da Motta, tem enfrentado o problema da falta de água na safra de grãos com medidas simples e baratas.
Acreditando que o solo é um de seus principais patrimônios, Motta decidiu protegê-lo do sol forte e, ao mesmo tempo, torná-lo mais fofo e poroso, a fim de que possa acolher e reter a escassa água da chuva. No fim de janeiro, após ter colhido a safra de milho, Motta plantou, novamente, milho, na mesma área de 15 hectares. Sem gastar muito dinheiro, o agricultor semeou 60 kg/ha do próprio milho, que havia acabado de colher. Recentemente, no final de abril, Motta deitou as plantas, com ajuda de uma grade e trator, e, sobre a cama feita de palha de milho, ele planeja semear trigo, em junho.
“Não gastei mais do que 55 reais por hectare, contando o diesel”, explica o agricultor. “E se eu não tivesse plantado milho, agora eu estaria gastando uns 70 reais por hectare com veneno para matar o inço que teria nascido na lavoura, então, na verdade, eu zerei a conta”, comparou Motta. “O benefício é muito alto, até porque a pesquisa diz que as raízes de milho ficam por uns 18 meses na terra”, completou o agricultor de Tenente Portela.
“Uma operação com custo baixíssimo e um retorno grandioso”, disse o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Dejair Burtet. “O agricultor devolveu ao solo uma bela cobertura e uma grande quantidade de raízes, que, junto com os seres vivos do solo, irão devolver a capacidade de infiltração de água, fertilidade e descompactação das camadas adensadas, aproximadamente, até 10 cm de profundidade”, continuou o extensionista rural da Emater/RS-Ascar. “Esta prática barata permite melhorar a estrutura do solo e garantir mais água para as culturas que virão depois”, finalizou Burtet.
Motivação
Foram decisivas para a tomada de decisão do agricultor, a participação dele em um seminário sobre conservação do solo e água, promovido pela Emater/RS-Ascar, parceira da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), bem como uma excursão, que o levou até a sede da Embrapa Trigo e da Fazenda Falcão, em Passo Fundo. Durante essas visitas, Motta conversou com pesquisadores e técnicos sobre manejo e conservação do solo.
“Se não investirmos na terra, os filhos não vão ficar, mas se fizermos bem feito, a gente vê o resultado e dá pra fazer”, resumiu o agricultor Motta, que tem dois filhos.
Fonte: Emater/RS