Em uma semana com dois feriados (na segunda-feira o Memorial Day nos EUA e na quinta-feira o Corpus Christi no Brasil), o mercado internacional apresentou recuo nas cotações em Chicago. O bushel de soja fechou a quinta-feira (30) em US$ 12,09, após US$ 12,39 uma semana antes.
Um dos motivos é o bom avanço no plantio da nova safra dos EUA, acompanhada de uma melhoria no clima no sul do Brasil, embora por aqui já não há mais o que fazer em relação as perdas consolidadas devido as enchentes. A sustentação das cotações, se houve, veio especialmente das novas altas nos valores do trigo em Chicago.

Dito isso, a área semeada com a oleaginosa nos EUA, no dia 26/05, chegou a 68%, contra a média histórica de 63% para este período. Cerca de 39% das lavouras estavam germinadas, na oportunidade, contra a média de 36%. Lembrando que a janela de plantio da soja, nos EUA, vai até o dia 20/06. Assim, salvo problemas inesperados, os norte-americanos irão plantar a soja dentro do período recomendado.

Por outro lado, na semana encerrada em 23/05, os EUA embarcaram 212.105 toneladas de soja, ficando próximo do limite inferior esperado pelo mercado. Assim, em todo o atual ano comercial, até o momento, as exportações estadunidenses de soja atingem a 40 milhões de toneladas, contra mais de 48,4 milhões no mesmo período do ano passado. Ou seja, cerca de 17,5% a menos!

E na Argentina, os produtores locais aceleraram as vendas de soja nestes últimos dias, procurando aproveitar os melhores preços mundiais das últimas semanas, assim como a melhoria do clima por lá. Nas três primeiras semanas de maio a Argentina vendeu 4,2 milhões de toneladas da oleaginosa, superando os volumes de todo o mês de abril (2,8 milhões) e todo março (3,5 milhões de toneladas). Mesmo assim, as vendas argentinas de soja, neste ano, são as mais lentas em quase 10 anos. Até o final da terceira semana de maio a Argentina exportou, em 2023/24, um total de 36,7% do total que espera colher, que é de 49,7 milhões de toneladas. Os preços internos da tonelada de soja, na última semana, ficaram em US$ 325,00. Isso equivale, ao câmbio do dia 29/05, a R$ 101,59/saco. Lembrando que entre março e abril, considerando o mesmo câmbio, os preços oscilaram na faixa de US$ 290,00/tonelada, ou seja, R$ 90,65/saco.

E no Brasil, os preços se mantiveram estáveis, com algum viés de baixa, apesar de o câmbio ter subido para R$ 5,21 por dólar no final da presente semana e mês. A média gaúcha fechou a semana em R$ 123,09/saco, enquanto as principais praças locais praticaram valores entre R$ 118,00 e R$ 119,00/saco. Já no restante do país, os valores oscilaram entre R$ 113,00 e R$ 124,00/saco.

O fato é que, excetuando as vendas antecipadas (para quem o fez), os preços das últimas semanas foram os melhores de toda esta safra. Nos portos de Santos e Paranaguá, devido o de Rio Grande enfrentar dificuldades de embarque em função das enchentes de maio, os prêmios subiram, elevando o indicador Esalq/BM&F/Bovespa para R$ 140,20/saco FOB em Paranaguá e a R$ 140,18/saco FOB em Santos. (cf. Cepea)

Em paralelo, analista privado dá conta de que o Brasil teria alcançado o seu 17º ano consecutivo de aumento de área semeada com soja, em 2023/24, atingindo a 45,93 mlhões de hectares, ou seja, 2,8% acima do registrado no ano anterior.

Mesmo assim, o aumento do plantio foi menos intenso do que nos anos anteriores (cf. Datagro), talvez indicando uma estabilização no mesmo para 2024/25. Entretanto, mesmo com excelente padrão tecnológico, a safra vai encerrando com severas perdas de produção em relação ao esperado. A produtividade média nacional esperada teria sofrido uma perda de 10,8%, ficando em 53,6 sacos/hectare, contra o recorde de 60 sacos no ano anterior. Desta forma, a expectativa de produção final, nesta atual safra, fica em 147,6 milhões de toneladas, contra as 160,8 milhões colhidas em 2022/23. Ou seja, um recuo de 8,3%. Mesmo assim, será a segunda safra da história brasileira da soja. (cf.
Datagro)

Somente o Paraná estima uma colheita 18% menor do que a do ano passado, ficando a mesma em 18,4 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul, que esperava 22,2 milhões neste ano, deverá ficar entre 18 a 19 milhões de toneladas, sem contar a perda de qualidade de parte do que foi colhido, devido ao excesso de chuvas e enchentes.

Fonte: CEEMA UNIJUÍ –  Prof. Dr. Argemiro Luís Brum -Análise semanal do mercado da soja, milho e trigo. Comentários referentes ao período entre 24/05/2024 e 30/05/2024

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