Em grande parte das praças acompanhadas pelo Projeto Campo Futuro, parceria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com o Cepea, a lavoura de verão deve registrar menor produtividade frente ao potencial esperado pelos agricultores, devido ao clima desfavorável. Assim, com a proximidade do fim da colheita de verão, a rentabilidade da temporada 2018/2019 agora depende do bom desenvolvimento da segunda safra, para que o produtor tenha balanço financeiro positivo.

Nesse contexto, como o potencial na segunda safra é alto em grande parte das regiões brasileiras, algumas lavouras alternativas ao milho e ao trigo (estas mais tradicionais) têm sido avaliadas e devem ser cultivadas por agricultores brasileiros.

Ao se avaliar os sistemas produtivos com soja seguida de trigo e com soja seguida de milho na região oeste do Paraná (Cascavel), tem-se que a produtividade da oleaginosa pode ser de 15% a 45% menor que o potencial. Assim, para o sistema soja + trigo, dados os preços de venda do cereal em fevereiro/2019, de R$ 49,49/sc, e produtividade de 43,33 sc/ha, a soja poderia registrar quebra de até 34% sem acarretar margens negativas ao sistema, frente à expectativa inicial de produzir 60 sc/ha. Caso a quebra seja de 45%, o sistema apresentaria Retorno por Real Investido sobre o Custo Operacional Efetivo (RRCO) de -8,6%.

Para o sistema soja + milho 2ª safra, considerando-se os preços médios das sacas de 60 kg de soja e milho em fevereiro, de R$ 68,83 e R$ 30,39, respectivamente, e produtividade de 107 sc/ha para o cereal, a safra de soja em Cascavel poderia ter quebra de até 35% sobre a produtividade da oleaginosa de 60 sc/ha para não gerar margem negativa ao produtor. Portanto, se a quebra estiver entre 35% e 45%, pode gerar margem negativa, mesmo que o milho atinja os resultados simulados. No caso de uma quebra de 45%, o retorno sobre o custo operacional para o sistema seria de -6,4%.



Na região oeste de Santa Catarina (Xanxerê/ Chapecó), em cenário similar, se considerado
um sistema composto por soja RR seguida de trigo e outro de soja RR seguida de aveia branca, a quebra na produtividade da soja também pode ser preocupante ao agricultor. Assim, no sistema soja + trigo, considerando-se o preço médio da saca de soja de R$ 69,16, e do trigo de R$ 42,04, em fevereiro, além da produtividade típica do trigo de
53 sc/ha, a produtividade da soja poderia recuar até 43% em relação à expectativa inicial,
de 65 sc/ha, para que o desembolso do sistema ainda possa ser liquidado. Logo, uma quebra de aproximadamente 45% resulta em um retorno por Real investido sobre o custo operacional efetivo de -2%, diminuindo a receita do produtor.

Em um segundo cenário, quanto ao sistema soja + aveia branca, considerando-se o preço
da aveia branca de R$ 0,39/kg e a produtividade média de 2.500 kg/ha, o rendimento da oleaginosa poderia diminuir até 44% sem prejudicar o sistema. Portanto, mesmo com
a maior quebra estimada (45%), a RRCO do sistema seria de -1%. Já no Cerrado, uma alternativa ao milho 2ª safra para compor o sistema pode ser o sorgo. Contudo, segundo agentes, as perdas na soja devem ser menos expressivas nessa região do que no Sul, sendo de no máximo 15% em Uberaba (MG) e Rio Verde (GO). Assim, considerando-se esta quebra, em Uberaba, para o sistema soja RR + milho 2ª safra, com preços médios das sacas de soja e milho em fevereiro/2019 de R$ 65,83 e de R$ 30,64, respectivamente, e produtividade de 80 sc/ha para o milho, a safra de soja poderia ter quebra de até 33% sobre 62 sc/ha para não gerar margens negativas ao produtor.

Já para o sistema soja RR + sorgo, também em Uberaba, considerando-se os preços médios das sacas de soja e de sorgo, de R$ 65,83 e de R$ 21,44, nessa ordem, e produtividade de 65 sc/ha para o sorgo, a produção de soja em Uberaba poderia ter quebra de até 43%, o que levaria o produtor a saldar o custo operacional. Assim, há vantagem para o sorgo como segunda cultura em detrimento do milho de segunda safra (com produtividade de 80 sc/ha no milho).

Em Rio Verde, o quadro é similar ao encontrado na região mineira. Caso a quebra na soja se confirme, no sistema soja RR + milho 2ª safra, a preços de venda de fevereiro/2019 de R$ 65,53 e de R$ 27,58 para soja e milho, respectivamente, com produtividade de 85 sc/ha para o milho, a quebra final da soja pode ser de até 33% para que o produtor salde os desembolsos do sistema. Caso o sistema contemple o sorgo na 2ª safra, aliado à soja, a quebra da oleaginosa deve ser de, no máximo, 35% para que o sistema pague o custo operacional. Neste cenário, os preços e a produtividade considerados para o sorgo foram de R$ 19,31/sc e 65 sc/ha respectivamente.

Fonte: Projeto Campo Futuro, CEREAIS, FIBRAS E OLEAGINOSAS, MARÇO/2019

O projeto Campo Futuro é executado pela CNA em parceria com o SENAR e o Cepea/USP.

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