Uma comitiva brasileira, chefiada pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e que conta com a participação do coordenador da Câmara Temática do Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vicente Nogueira, está na China. O país tem enfrentando uma forte crise no setor pecuário, devido à Peste Suína Africana, também conhecida como PSA, sinalizando que há espaço para importação de proteínas animais de todos os tipos e, ainda, uma oportunidade para os exportadores brasileiros – sobretudo cooperativas.

Reunião – Nesta terça-feira (14/05), a missão brasileira se reuniu com a CEO do Rabobank, na China, Pan Chenjun, e demais diretores do banco – maior cooperativa de crédito da Holanda e um dos principais bancos do mundo em serviços de financiamentos para o setor de alimentos e agronegócio.

Abate – Segundo os executivos, entre 2018 e 2019, a PSA deve resultar no abate de mais de 120 milhões de suínos, impactando a produção de carne em mais de 13 milhões de toneladas. O efeito negativo da PSA sobre produção e comércio exterior da China foi destaque nas reuniões técnicas entre brasileiros e chineses.

Volume – Em 2018, o Brasil exportou 919 mil toneladas de carnes bovina, frango e suína para os chineses. Os produtos estão no top cinco das exportações agropecuárias brasileiras ao país asiático.

Cinco anos – Desde que a China registrou os primeiros casos da doença, em agosto de 2018, estima-se que o país tenha perdido cerca de 35% do rebanho. Análises do Rabobank apontam que até 200 milhões de porcos podem ser sacrificados ou mortos por causa da PSA. Os executivos do banco avaliam que os chineses precisarão de pelo menos cinco anos para retomar o rebanho no patamar anterior à doença.

Oportunidade – Segundo Vicente Nogueira, representante das cooperativas agropecuárias brasileiras, diante desse cenário e, também, considerando as incertezas da guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos, a diversificação de clientes e mercados, por exemplo por meio de feiras, se mostra ainda mais importante.

Prontas – “As cooperativas brasileiras têm feito muito bem seu dever de casa e, com todos esses fatores, é possível afirmar que elas têm condições de aproveitar o momento para ampliar sua participação no mercado asiático”, avalia.

Feira – Nogueira participou, também na terça-feira, da abertura do pavilhão brasileiro na feira SIAL China, ao lado da ministra Tereza Cristina. A SIAL China é a maior feira de alimentos do país e de todo o continente asiático. O Brasil participa do evento com espaços para diversas cadeias, como café, chocolate, vinhos, castanhas, lácteos e mel – cadeias importantes para o cooperativismo e com grande potencial de crescimento no mercado Chinês.

Vitrine – O espaço do Brasil foi organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e ainda conta com uma área específica para proteínas animais. Apenas em 2018, a China importou US$ 2,5 bilhões em carnes brasileiras e US$ 44,4 milhões nos outros produtos citados.

Soja – Segundo Nogueira, a crise pode ter fortes impactos sobre o Brasil, inclusive para cadeias como soja e derivados, como o farelo. Se, por um lado, o mercado chinês deve demandar mais proteínas animais, principalmente para as carnes bovina e de aves, por outro, a redução dos rebanhos tende a impactar a procura por rações, especialmente da cadeia da soja – o setor de carne suína sozinho responde por 54% da demanda total de rações da China.

Topo – A soja em grãos lidera a lista de produtos agropecuários exportados pelo Brasil para os chineses. No ano passado, 68,8 milhões de toneladas foram embarcadas, somando US$ 27,3 bilhões. Esse volume representa 87% das exportações agropecuárias para o país.

Doença – A peste suína africana é uma doença viral, altamente infecciosa. A chance de sobrevivência do animal é quase nula, o que leva ao sacrifício, conforme determina a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Não existe vacina. O vírus é bastante resistente e pode ser transmitido ao animal por meio de alimentos, equipamentos, sapatos, vestuários e no transporte contaminados.

Contágio – Segundo as autoridades sanitárias, uma das dificuldades em conter a transmissão na China é que a maior parte dos animais é criada em propriedades de pequeno porte e familiar, sendo, em geral, alimentados com restos de comida. A doença não oferece risco à saúde humana, pois não há registro de humanos infectados.

Fonte: Informe OCB/Com informações do MAPA, disponível no Portal do Sistema Ocepar

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