A qualidade das sementes desempenha um papel fundamental na garantia de uma produção agrícola bem-sucedida. É essencial que a cultura seja estabelecida de forma adequada desde o início, a fim de assegurar sua produtividade. Nesse sentido, é imprescindível buscar a aquisição de sementes de alta qualidade, que apresentem atributos genéticos, sanitários, físicos e fisiológicos favoráveis. Esses critérios são fundamentais para o sucesso do cultivo, uma vez que garantem um material de partida com potencial para atingir seu pleno desenvolvimento.

Figura 1. Sementes de soja de alta qualidade.

Foto: Jovenil José da Silva.

De acordo com França-Neto et al. (2016), sementes de alto vigor desempenham um papel fundamental ao promover a germinação e a emergência das plântulas de maneira rápida e uniforme. Esse processo resulta na produção de plantas de alto desempenho, que possuem um potencial produtivo significativamente elevado. Além disso, tais plantas apresentam uma taxa de crescimento maior, apresentando uma melhor estrutura de produção, um sistema radicular mais profundo e uma maior produção de legumes e sementes. Esses fatores combinados culminam em uma produtividade geralmente superior. Kolchinski et al. (2005), observaram aumento de 30% na produtividade de grãos na cultura da soja, com uso de sementes de alto vigor, comparado a sementes de baixo vigor.

O vigor das sementes é amplamente reconhecido como uma variável de extrema importância pelos especialistas. Ele desempenha um papel crucial na fisiologia das sementes, estando diretamente relacionado à sua capacidade de germinar e produzir plântulas normais, mesmo em condições adversas, não se limitando às condições ideais de germinação. Ao longo do sistema de produção, diversos fatores podem influenciar o vigor das sementes. Segundo França-Neto et al. (2016), a qualidade da semente pode ser afetada em todas as etapas, desde o cultivo no campo até as fases de colheita, recepção, secagem, beneficiamento, armazenamento, transporte e até mesmo na semeadura.



Krzyzanowski & França-Neto (2001), destacam a relação inversamente proporcional entre o vigor das sementes e sua deterioração. O vigor das sementes está intrinsecamente ligado à sua capacidade de germinação e produção de plântulas normais, enquanto a deterioração se refere à perda dessas características. Em outras palavras, quanto maior o vigor da semente, menor será sua taxa de deterioração.

O vigor das sementes é suscetível aos fatores ambientais e nutricionais que a planta é submetida ao ser semeada, sementes de baixo vigor dificultam a formação de um dossel de plantas adequado em uma lavoura (Bigolin et al., 2022). Conforme França-Neto et al. (2012), as sementes de alto vigor demonstram características distintas em relação à germinação e emergência, mesmo sob condições de estresse. Elas apresentam índices e velocidade de germinação mais elevados, mesmo quando sujeitas a fatores desafiadores, como semeadura em maior profundidade, compactação do solo, ataques de fungos ou baixas temperaturas durante o plantio. Mesmo diante dessas condições adversas, as sementes de alto vigor são capazes de superar as dificuldades e demonstrar uma capacidade excepcional de germinação e emergência, superando significativamente as sementes de baixo vigor. Essas sementes exibem uma resistência maior e são menos suscetíveis aos efeitos negativos desses estresses ambientais, garantindo uma taxa de sucesso superior na formação de plântulas normais.

A habilidade das sementes de alto vigor de enfrentar condições desfavoráveis durante a germinação e emergência é extremamente importante para a agricultura, uma vez que proporciona uma maior taxa de estabelecimento das plantas, consequentemente, em uma população vegetal mais homogênea e produtiva. Isso, por sua vez, contribui para a formação de um dos principais componentes de produtividade, o número de plantas por área, de acordo com Zanon et al. (2018). Além disso, contribui para a redução de perdas e aumenta o potencial de rendimento das culturas. Portanto, é evidente que a utilização de sementes de qualidade e com alto vigor é fundamental para alcançar altos níveis de produtividade na agricultura.

Figura 2. Comparação entre uma semeadura bem-sucedida, utilizando sementes de alta qualidade e vigor, e uma semeadura mal executada.

Foto: Roberto Kazuhiko Zito.

Na imagem à esquerda, podemos observar uma semeadura de soja bem executada, utilizando sementes de alta qualidade e vigor. As plântulas emergem de maneira uniforme, com um espaçamento adequado entre elas e sem a presença de falhas. Essa distribuição uniforme das plantas permitirá um aproveitamento máximo do espaço e dos recursos disponíveis, resultando em um estande homogêneo e favorável ao desenvolvimento saudável das plantas.

Já na imagem à direita, temos uma semeadura mal realizada, que resultou em falhas e aglomerados de plantas. A falta de qualidade e vigor das sementes utilizadas pode ter contribuído para uma germinação desigual, resultando em espaços vazios e áreas com plantas sobrepostas. Essa falta de uniformidade no estabelecimento das plantas pode levar a uma competição desigual por recursos, como luz, água e nutrientes, prejudicando o crescimento e o potencial produtivo da cultura.

Essa comparação visual destaca a importância de utilizar sementes de alta qualidade e vigor durante a semeadura da soja. A escolha de sementes de qualidade garante uma emergência uniforme e um estande adequado, fundamentais para o sucesso da cultura e o alcance de altos rendimentos.


Veja mais: Como garantir a QUALIDADE DE SEMENTES de SOJA?


Referências:

BIGOLIN, GABRIELE et al. INFLUENCIA DO VIGOR DE SEMENTES NO RENDIMENTO E QUALIDADE FISIOLOGICA DE SEMENTES DE SOJA. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, v.19, n.40, p.14 Jandaia – GO,2022. Disponível em: < https://www.conhecer.org.br/enciclop/2022b/influencia.pdf >, acesso em: 12/07/2023.

FRANÇA-NETO, JOÃO BARROS; KRZYZANOWSKI, FRANCISCO C.; HENNING, ADEMIR PLANTAS DE ALTO DESEMPENHO E A PRODUTIVIDADE DA SOJA. Seed News, Tecnologia v.16, n.6, 2012. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/77334/1/ID-33779.pdf >, acesso em: 12/07/2023.

FRANÇA-NETO, JOSÉ BARROS et al. TECNOLOGIA E PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 12/07/2023.

KOLCHINSKI, E. M.; SCHOUCH, L. O. B.; PESKE, S. T. VIGOR DE SEMENTES E COMPETIÇÃO INTRA-ESPECÍFICA EM SOJA. Ciências Rurais, ISSN 0103-8478, v.35, n.6, Santa Maria, 2005. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/MhVDQDFRztNrrXtSLnnWZLm/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 12/07/2023.

KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B. VIGOR DE SEMENTES. Infomativo Abrates, trabalho técnico, v. 11, n. 3, 2001. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/446594/1/Vigordesementes.pdf >, acesso em: 12/07/2023.

ZANON, ALENCAR JUNIOR et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. 136 p., 1°ed, Santa Maria – RS,2018.

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Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.

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