A safra 2021-2022 tem sido especialmente desafiadora para os produtores e técnicos diante dos cenários adversos condicionados por evento climático extremo, uma seca de longa duração e extensa área de ocorrência na safra de verão, e uma guerra na Europa com grave impacto sobre preço e suprimento de adubos a partir da safra de inverno. Nesse cenário, conjugado ao aumento da disponibilidade de bioinsumos no mercado nacional nos últimos anos, as decisões de manejo por técnicos e produtores passam a considerar a intensificação do uso desses bioinsumos. Ao lado dos agentes de controle biológico para pragas e doenças, os produtos disponíveis no mercado são, em grande parte, biofertilizantes, onde bactérias com diferentes mecanismos de ação podem propiciar aumento de crescimento e produção de grãos. Ao lado de fixadores de nitrogênio (N), já consolidados como estratégia de suprimento de N da soja, principal cultura de grãos do Brasil, surgem novos inoculantes que podem proporcionar redução da dependência de fontes minerais de nutrientes e até mesmo reduzir o impacto de estresse hídrico.

Contudo, é necessário observar o manejo adequado desse tipo de insumo, cuja eficácia depende da sobrevivência dos microrganismos e de sua multiplicação até o momento do estabelecimento junto a lavoura. São inúmeras as armadilhas e riscos que os agentes biológicos dos inoculantes enfrentam desde sua produção até sua deposição no campo.

O primeiro obstáculo enfrentado pela agente biológico está na sua multiplicação em condições controladas. Além das condições adequadas de nutrientes e temperatura, o processo de produção do inoculante necessita evitar a contaminação por outros microrganismos e estabelecer um padrão de concentração de células ao final do processo de multiplicação. Para tanto, os produtores de inoculante, devidamente registado no Ministério da Agricultura (MAPA), seguem rígido controle do processo de produção e da qualidade do produto final. Nesse sentido, só produtos registrados recebem inspeções periódicas do MAPA para verificação dos padrões de qualidade exigidos.

O segundo obstáculo diz respeito ao transporte/armazenamento, bem como ao prazo de validade dos inoculantes, que afetam a sobrevivência levando a redução da concentração de células viáveis obtida durante o processo de produção dos inoculantes.  Embora a refrigeração não seja uma exigência no transporte e armazenamento, a disposição do inoculante deve considerar ambiente sem exposição solar direta e com boa ventilação. Ao comprar um bioinsumo, o consumidor deve estar atento às condições nas quais o fornecedor armazena esse produto.

O último risco à sobrevivência do inoculante ocorre na propriedade rural, no momento da deposição do bioinsumo na semente, ou pulverização no sulco ou na planta. A associação de outros insumos químicos ou de outros microrganismos incompatíveis, leva a progressiva mortalidade dos componentes biológicos e redução do efeito do bioinsumo. Portanto, no tratamento de semente e nas pulverizações, a aplicação conjunta de inseticida, fungicidas e micronutrientes, especialmente no tradicional “sopão”, leva à perda do investimento do produtor na adoção do bioinsumo.  Por isso deve-se evitar a aplicação desses insumos numa única operação.

Esse conjunto de manejo compõe as Boas Práticas de Manejo de Inoculantes e estão disponíveis nas publicações técnicas da Embrapa.

Fonte: Embrapa Trigo

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