Tripes são insetos fitófagos que pertencem à ordem Thysanoptera e constituem um dos grupos de artrópodes mais abundantes associados ao cultivo de soja. Dentre várias espécies de tripes presentes em lavouras de soja, as mais comuns são Caliothrips brasiliensis e Frankliniella schultzei.

Conforme a espécie, as ninfas possuem coloração branca, bege-clara, amarelada, marrom ou preta. Medem aproximadamente 2 mm e costumam se abrigar no interior dos folíolos novos, ainda não abertos. Passam por três instares e atingem a fase adulta entre oito e nove dias.

O principal dano da praga na soja é a raspagem das folhas que tornam-se prateadas, sendo um dano direto devido ao hábito alimentar do inseto. Entretanto, os tripes podem causar também danos indiretos por atuarem como vetores de vírus, levndo à morte das plantas ou afetando a produção e a qualidade dos grãos.

Figura 1. Danos de tripes em soja.

Fonte: Revista Agrocampo.

Segundo Gamundi et al. (2009), estudos realizados mostram que a falta de controle em ataques de tripes durante todo o ciclo da cultura pode reduzir em 47% o número de folíolos por planta de soja. O dano de tripes provoca uma queda antecipada de folíolos no momento de enchimento de grãos, o qual é acentuado pelo atraso do momento de controle.

Figura 2. Altura, número de folíolos por planta e índice de área foliar após incidência de C. brasiliensis e F. schultzei em distintos estádios fenológicos da cultura da soja.

Fonte: Gamundi et al., 2009.

Segundo os mesmos autores, o controle realizado em todo o ciclo da soja, quando comparado a nenhum controle, resultou num ganho de rendimento de grãos de 1682 kg/ha. Além disso, o controle de tripes nos estádios R3 e R5 da cultura evitou reduções de rendimento na ordem de 1200 e 948 kg/ha, respectivamente.

Figura 3. Rendimento, número de grãos/m2 e peso de mil grãos, após incidência de C. brasiliensis e F. schultzei em distintos estádios fenológicos da cultura da soja.

Fonte: Gamundi et al., 2009.

O momento de controle é variável ​​de acordo com a dinâmica e abundância populacional de tripes na lavoura. Altas infestações de tripes no período vegetativo e início do reprodutivo podem responder ao controle químico. Entretanto, com populações baixas no período vegetativo e início do reprodutivo, só haverá resposta ao controle com infestações moderadas a altas, a partir de 20 tripes por folíolo (GAMUNDI et al., 2009).

A fim de realizar-se o controle mais adequado, recomenda-se monitorar a lavoura periodicamente a cada 7 a 10 dias, amostrando plantas ao acaso em 10 a 15 pontos da lavoura e observando-as com as raízes para cima, de forma a determinar qual segmento do dossel apresenta sintomas de folhas prateadas ou necróticas. Deve-se tomar a decisão de controlar quando as folhas da metade inferior do dossel estiverem prateadas ou marrons, e se houver mais de 20 tripes por folíolo na metade superior das plantas.

Os dados de redução de produtividade e nível de controle de tripes apresentados acima referem-se às condições de cultivo da Argentina (município de Oliveros, província de Santa Fé), onde os experimentos foram conduzidos. O Grupo de Manejo e Genético de Pragas (UFSM), em parceria com a CCGL-Tec (Cruz Alta) está atualmente conduzindo um projeto de mestrado pelo PPGAgro com o objetivo de determinar o nível de dano econômico de tripes em soja, para as condições de cultivo do sul do Brasil.  As informações obtidas devem ser divulgadas em breve.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM



 REFERÊNCIAS:

DEMARCO, Liamar et al. Ocorrência em cultivares e controle químico de lagartas, ácaros e tripes, em soja. 2013.

GAMUNDI, Juan Carlos et al. Evaluación del daño de trips Caliothrips phaseoli (Hood) en soja. Para mejorar la producción, v. 30, p. 71-76, 2005.

GAMUNDI, Juan Carlos; PEROTTI, E. Molinari; DIZ, J. Control y evaluación de daños de Caliothrips phaseoli (Hood) en cultivos de soja. Para mejorar la producción, n. 33, 2006.

GAMUNDI, J. C.; PEROTTI, E. Evaluación de daño de Frankliniella schultzei (Try-bom) y Caliothrips phaseoli (Hood) en diferentes es-tados fenológicos del cultivo de soja. Para mejorar la producción, v. 42, p. 1-5, 2009.

SOSA-GÓMEZ, Daniel Ricardo et al. Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja. Embrapa Soja-Documentos (INFOTECA-E), 2014.

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