Já faz certo tempo que a soja segue com importante destaque na produção brasileira de grãos, apresentando contínuos crescimentos tanto na área plantada quanto na produtividade, tendo na eficiente adubação da soja um dos grandes responsáveis por esse sucesso.

Entretanto, a elevação do custo da adubação vem sendo motivo de grande preocupação dos agricultores, principalmente em razão do custo mais elevado na compra de fertilizantes. Por essa razão, é importante que nos atentemos às particularidades do manejo de adubação da soja, sem que existam desperdícios e que o potencial de produção da cultura seja assegurado.

Manejo de adubação da soja: por que você deve fazer?

Independente da cultura, manejar a adubação significa tomar decisões de forma antecipada, ou seja, ainda sem a presença das plantas. Nesse sentido, o professor de Química do Solo da Faculdade de Agronomia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Tales Tiecher salienta que na cultura da soja o melhor indicador que demonstra se o manejo da adubação está sendo adequado ou não é a sua produtividade, entretanto, ele faz uma ressalva importante.

“Para explorar o máximo potencial produtivo da cultura da soja é necessário que o solo tenha fertilidade adequada desde o primeiro dia após a semeadura. Somente com a quantidade de nutrientes essenciais às plantas de soja, em quantidade adequada para o seu pleno crescimento e desenvolvimento, e livre da presença de elementos tóxicos durante todo o seu ciclo, será possível alcançar alta produtividade”.

Além disso, o pesquisador explica que sob condições de escassez de algum nutriente ou sob condições de alto teor de algum elemento tóxico, as plantas podem demonstrar sintomas visuais na sua morfologia (coloração e menor desenvolvimento, por exemplo), o que pode prejudicar toda a produtividade.

Nesses casos, o dano econômico dificilmente será revertido com adubações foliares ou de cobertura, mostrando ainda mais a importância da realização de um eficaz manejo de adubação da soja desde a semeadura.



4 medidas para realizar um eficiente manejo de adubação da soja

Alguns são os fatores que influenciam na eficiência do manejo da adubação da soja e por isso precisam ser considerados. Dentre os fatores mais importantes, Tiecher cita:

  1. Dose do fertilizante;
  2. Tipo de fertilizante;
  3. Local de aplicação; e
  4. Momento da aplicação dos fertilizantes e corretivos

Baseado nesses quatro fatores, Tiecher explica que algumas medidas são essenciais para que o agricultor possa tomar as decisões mais corretas no manejo da adubação da soja.

A primeira medida indicada pelo professor da UFRGS é fazer a correta análise do solo. “A correta análise do solo deve ser realizada por laboratórios idôneos, além disso é importante utilizar amostras de solo representativas da gleba cultivada”.

Com base nos resultados da análise de solo e na expectativa de produção da soja, o professor indica que se deve utilizar os sistemas de recomendações oficiais de cada região para definir a adubação e correção do solo quando necessária.

Tiecher explica também que a análise do solo deve ser realizada com maior frequência (no mínimo a cada duas ou três  safras), impedindo que falhas na adubação resultem num desbalanço nutricional da cultura.

É necessário ter em mente que nunca adubamos ou corrigimos o mesmo solo duas vezes, pois após a aplicação de fertilizantes o solo não será mais o mesmo, ou seja, uma nova análise do solo deve ser realizada”.

Neste contexto, o professor explica que atualmente existem muitas ferramentas, inclusive on-line e gratuitas, que auxiliam na interpretação dos resultados da análise de solo e na definição da dose, tipo de fertilizante, local e modo de aplicação, que levam em consideração as especificidades de cada região do Brasil.

Evite erros mais comuns durante o manejo de adubação

Vimos até aqui a importância em priorizar alguns passos para um bom manejo de adubação da soja, mas alguns erros precisam ser evitados.

Na concepção de Tiecher, os erros mais comuns no manejo da adubação da soja têm relação com:

  • Coleta de amostras de solo realizada de forma inadequada – “Uma amostragem de solo malfeita põe em risco todos os demais esforços feitos a partir da interpretação e recomendação”, explica;
  • Erros na definição dos quatro fatores acima descritos – “Erros na dose de fertilizantes e corretivos, por exemplo, podem levar a resultados que dificilmente serão revertidos no curto prazo”, diz.

O professor explica que as consequências da definição da dose de nutriente aplicado sem levar em consideração a sua disponibilidade no solo e a necessidade da cultura podem ser bastante sérias.

Segundo ele, essa falha pode resultar em aplicações de doses insuficientes, que levam a menor produtividade, ou a doses acima do necessário, que aumentam desnecessariamente os custos de produção.

Por fim, o professor salienta que atenção especial deve ser dada para o modo de aplicação de nutrientes com baixa mobilidade no solo, como é o caso do Fósforo (P). Ele dá um exemplo:

A aplicação superficial de P em áreas com baixo teor desse nutriente em subsuperfície pode resultar em menor produtividade da soja, especialmente em anos com déficit hídrico”.

Além disso, como o Fósforo tende a ficar acumulado no local onde ele é aplicado, a aplicação superficial em áreas declivosas, aumentam as perdas do nutriente por escoamento e erosão superficial, aumentando o potencial de contaminação das águas dos rios.

Fonte: Portal da Agrishow Digital

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