O manejo de pragas é um fator que restringe o cultivo do algodão por conta do custo elevado. Em alguns casos, o valor das pulverizações para controlar insetos e ácaros no algodoeiro representam até 30% do orçamento total da produção. Uma das principais alternativas para superar esse obstáculo é a semente de algodão transgênica Bt.

Desde 2005, quando a primeira tecnologia Bt para algodão foi aprovada no Brasil, cotonicultores passaram a contar com uma ferramenta de grande valor para manejo de pragas e para a produção mais sustentável da fibra.

O que é Bt? De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), plantas transgênicas que contêm genes do Bacillus thuringiensis (Btproduzem toxinas inseticidas e têm sido usadas em programas de manejo integrado de pragas.

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) afirma que os benefícios do Bt são:

  • Eficiência no controle de pragas
    • Com menor frequência de aplicações de inseticidas, menos água é utilizada para diluir produtos químicos e o uso do trator é reduzido, o que economiza combustível.
  • Mais segurança para o agricultor
    • O trabalhador do campo é menos exposto a inseticidas.

O algodão Bollgard

Bollgard II RR Flex, uma tecnologia da Bayer lançada em 2013 que confere genes Bt a sementes de algodão, controla as pragas curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argillacea), lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella), lagarta-da-maçã (Heliothis virescens) e falsa-medideira (Chrysodeixis includens), além de causar supressão das pragas lagarta-da-maçã (Helicoverpa spp.) e complexo Spodoptera (Spodoptera spp.).

No Brasil, mais de dez toneladas de inseticidas são aplicadas somente na cultura do algodão, o que representa US$ 190 milhões em custo de produção.

Para que produtores possam continuar usufruindo os benefícios que essa ferramenta oferece para a cotonicultura, é necessária uma atenção especial para o manejo de resistência de insetos. Com o uso cada vez mais frequente, tecnologias Bt como Bollgard II RR Flex tendem a selecionar naturalmente insetos resistentes, reduzindo o potencial de controle da ferramenta. A estratégia mais indicada para promover a longevidade dessa tecnologia e retardar o desenvolvimento de insetos resistentes é o refúgio estruturado de algodão.

Refúgio de algodão

O refúgio é a área de plantas não Bt que é estruturada em lavouras de algodão Bt, com o objetivo de garantir a presença de insetos suscetíveis as proteínas Bt no ambiente. Com esse cenário, aumentamos a probabilidade de acasalamento entre insetos suscetíveis às toxinas da tecnologia Bt e insetos resistentes, garantindo que a geração seguinte de pragas continue suscetível ao controle de plantas transgênicas com genes Bt.

Estrutura do refúgio de algodão

Deve ter 20% de toda a área destinada à cultura de algodão na lavoura deve ser semeada com algodão não Bt. É preciso que as plantas não Bt fiquem no máximo a 800 metros de distância das plantas Bt.

Imagem 1: Agro Bayer Brasil
Imagem 2: Abro Bayer Brasil
Imagem 3: Abro Bayer Brasil

Manejo de pragas em áreas de refúgio de algodão

O manejo de pragas deve ocorrer de forma eficiente mesmo em áreas de refúgio. A finalidade é permitir que as plantas não Bt também alcancem produtividade, correspondendo às expectativas comerciais do produtor.

Sendo assim, o monitoramento de pragas deve ocorrer em todas as fases da cultura, considerando o estádio e a estrutura da planta que cada praga ataca. Os produtos utilizados no manejo devem ser alternativos ao Bt – não podem apresentar Bt na formulação.

Momento correto de aplicação de inseticidas no refúgio de algodão

Conheça os níveis de dano econômico das principais pragas da cultura do algodão em áreas de refúgio:

  • Curuquerê, S. eridania e S. cosmioides
    • Até 30-40 DAE: 10% de desfolha da planta ou duas lagartas maiores que 3 mm por metro². Após 30-40 DAE: 10% de desfolha da planta, 25% de desfolha do ponteiro ou duas lagartas maiores que 3 mm por planta.
  • Falsa-medideira
    • Até 30-40 DAE: 10% de desfolha da planta ou duas lagartas maiores que 3 mm por metro². Após 30-40 DAE: 10% de desfolha da planta ou duas lagartas maiores que 3 mm por planta.
  • Lagarta-das-maçãs
    • 10% de plantas infestadas e plantas com pelo menos uma lagarta.
  • Helicoverpa spp.
    • 10% de plantas infestadas e plantas com pelo menos uma lagarta. Oito a dez lagartas em 100 plantas.
  • Spodoptera frugiperda
    • 10% de plantas infestadas e plantas com pelo menos uma lagarta.
  • Lagarta-rosada
    • Dez adultos capturados por armadilha de feromônio a cada duas noites ou até 3-5% de maçãs atacadas.

Manejo de pragas não alvo do Bt em áreas de refúgio

É importante manejar também as pragas não alvo da tecnologia Bollgard II RR Flex, como os percevejos da cultura da soja Euschistus heros, Nezara viridula e Piezodorus guildinii, e os percevejos da cultura do algodão Horciasoides nobilellus e Dysdercus ruficollis, além de pulgões (Aphis gossypii), ácaros rajado (Tetranychus urticae) e branco (Polyphagotarsonemus latus), e bicudo (Anthonomus grandis). Todos esses insetos devem ser controlados com inseticidas seletivos, evitando impactar pragas-alvo do algodão Bt.

Para adotar os inseticidas específicos para cada praga, evitando o uso de Bt, consulte um engenheiro-agrônomo ou um representante técnico de vendas da marca de sementes adotada para a sua lavoura de algodão.

Fonte: Agro Bayer Brasil

1 COMENTÁRIO

  1. Muito bom esse material. Eu tenho uma coluna na revista Controle Biológico editada por Alexandre de Sene Pinto: CampoGRAVENA. No mês de Novembro eu escolhi o tema MEP no Agronegócio Algodão e estou consultando este material “Como manejar as pragas do do refúgio numa plantação de algodão Bt”, para atualizar-me, por ter estado afastado da cultura por muito tempo, depois de ter lançado as idéias de MIP-ALgodão no início dos anos 80 em Gioania-GO.

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