Os solos ácidos são resultado do processo de sua formação, que se caracteriza pela alteração/decomposição do material de origem (minerais primários) e a formação de argilominerais e óxidos, causado, na sua essência, pela alta atividade do H+ em solução. À medida que a intemperização avança, cria-se condição para que, lentamente, o Al seja liberado à solução do solo (Al+3 – livre), ocorra a percolação de cátions alcalinos e alcalinos terrosos (lixiviação de bases) e os grupos funcionais dos colóides, em especial da matéria orgânica, permaneçam protonados (Santos et al., 2016).

Os solos se tornam ácidos quando elementos básicos como Ca, Mg, Na e K contidos pelos colóides são substituídos por íons de hidrogênio (Tagliapietra et al., 2022). Como principais consequências, tem-se a alteração da disponibilidade dos nutrientes do solo, a restrição do crescimento das raízes das plantas pela presença do Al tóxico e por consequência a redução do volume de solo explorado pelas raízes.

É consenso que o pH do solo apresenta relação com a disponibilidade dos nutrientes na solução do solo, sendo também um indicativo da acidez do solo. A acidez do solo está associada a disponibilidade dos nutrientes às plantas, mas também a toxicidades. Em solos ácidos, ocorre a baixa disponibilidade de Ca, P, Mg e Mo, e alta disponibilidade de Fe, Cu, Mn, Zn, Co, Ni e Al (Tagliapietra et al., 2022).



Figura 1. Disponibilidade de nutrientes do solo em função do pH.

Solos ácidos apresentam alta acidez ativa (baixo pH) e alta acidez potencial (altos valores de H+Al), alta saturação da CTC por Al e baixa saturação da CTC por bases (Santos et al., 2016). Infelizmente, a acidificação do solo é um processo natural do sistema de produção de grãos, pois a lixiviação de nutrientes, a exportação de nutrientes, a adubação nitrogenada e a fixação de N2 são processos que acidificam o solo (Tagliapietra et al., 2022).

Sendo assim, a diagnose periódica do solo, mediante análise química da fertilidade do solo, é necessária para identificar a acidez do solo e corrigir seu pH quando necessário. Com relação a correção da acidez do solo, melhores resultados produtivos têm sido observados ao se corrigir toda a camada do solo explorada pelas raízes das plantas cultivares.

Como o calcário, insumo mais utilizado para a correção do solo, é considerado praticamente imóvel no solo, em casos mais severos, onde se observa acidez nas camadas mais profundos do solo, pode haver a necessidade de incorporar o calcário no solo para a devida correção da acidez.

Com isso em vista, é essencial que no momento da implantação do sistema plantio direto, se realize as devidas correções da acidez e fertilidade do solo, visando reduzir posteriores necessidades de revolvimento do solo.


Veja mais: Compactação do solo no sistema plantio direto



Referências:

SANTOS, D. R. et al. DIAGNÓSTICO DA ACIDEZ E RECOMENDAÇÃO DA CALAGEM. Manual de Calagem e Adubação Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, cap. 5, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 23/05/2023.

TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.

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