Objetivou-se avaliar os componentes morfológicos da soja em sistemas de manejo do solo, com e sem o uso de cobertura vegetal na entressafra.
Autores: Diandra Pinto Della Flora¹; Jorge Wilson Cortez²; Nayra Fernandes Aguero³; Wenderson da Silva Cavalcante³; Gustavo Coelho Arantes³
Condições de solo e clima e capacidade do aproveitamento dos recursos ambientais promovem modificações na morfologia das plantas de soja. Além disso, o desempenho da soja pode ser impactado pelas culturas utilizadas na entressafra (Balbinot Junior et al., 2011) e pelos sistemas de manejo de solo (Cortez et al., 2017).
De acordo com Board & Harville (1992), dentre os componentes morfológicos, o índice de área foliar (IAF) interfere na interceptação da radiação solar e, consequentemente, na capacidade da planta interceptar a radiação incidente, sendo uma importante característica para analisar o crescimento vegetal (Zanon et al., 2015). Assim, objetivou-se avaliar os componentes morfológicos da soja em sistemas de manejo do solo, com e sem o uso de cobertura vegetal na entressafra.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental de Ciências Agrárias – FAECA, da Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil. O clima da região é do tipo Cwa (mesotérmico úmido), com verão chuvoso e inverno seco e com temperatura média anual de 22ºC, apresentando solo classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, muito argiloso.
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso no esquema de parcela subdividida, com quatro repetições. Os tratamentos principais (parcelas) foram compostos por seis sistemas de manejo (Tabela 1), e os tratamentos secundários (subparcelas) pela presença ou ausência de cobertura vegetal.
Cada parcela experimental ocupou área de 16,6 m de comprimento e 8 m de largura (total de 132,8 m2), com subparcelas de 16,6 m x 4,0 m (66,4 m2).
A aveia branca (Avena sativa), utilizada como cobertura vegetal, foi semeada em maio de 2019, a 5 cm de profundidade, com espaçamento de 0,20 m entre linhas e densidade de semeadura de 120 kg/ha, sendo dessecada no pleno florescimento. A soja foi semeada em outubro de 2019, com espaçamento de 0,45 m e estande de 10 plantas por metro. Os componentes morfológicos da soja foram determinados quando a cultura atingiu estádio vegetativo V4.
A Área Foliar (AF, m²) da soja foi determinada através de um integrador de área foliar de bancada (Área meter) LI-COR®, modelo LI 3100C, pela coleta de 5 plantas aleatórias por subparcela. Após a determinação, as folhas e caule das plantas foram encaminhados para secagem em estufa a 65 ºC até atingir peso constate, e posteriormente aferido a massa.
A partir dos dados de área foliar (AF, m2/planta), através de metodologia proposta por Benincasa (2003) foi obtido o índice de área foliar (IAF, m2/m2), os dados primários de biomassa de matéria seca da parte aérea (BSPA, g/planta) e biomassa de matéria seca de folhas (BSF, g/planta), e os valores dos índices de crescimento como área foliar específica (AFE, m2/g), razão de massa foliar (RMF, g/g) e razão de área foliar (RAF, m²/g).
Os dados foram submetidos a análise de variância e, quando significativo, com o método de Scott Knott a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os sistemas de manejo de solo não influenciaram os componentes morfológicos da soja (Tabela 2), promovendo índice de área foliar entre 1,10 e 1,48 m²/m², já a adoção de cobertura vegetal promoveu aumento no IAF, AFE, BSPA e BSF.
De acordo com Balbinot Junior et al. (2011), o desempenho da soja pode ser impactado pelas culturas utilizadas na entressafra. Em regiões do país onde há predomínio do pousio (não utilização de cobertura vegetal) na entressafra, percebe-se um aumento da degradação da qualidade do solo pela erosão, além de aumento de ocorrência de plantas daninhas (Moraes et al., 2013).
Em trabalho desenvolvido por Yokoyama et al. (2018), o uso de culturas de entressafra como braquiária, crotalária e trigo, influenciaram positivamente o IAF nas fases de crescimento vegetativo da soja. De acordo com Board & Harville (1992), o IAF interfere na interceptação da radiação solar e, consequentemente, na capacidade da planta interceptar a radiação solar incidente, tornando este índice uma importante característica para analisar o crescimento vegetal (Zanon et al., 2015).
Conclusão
Os sistemas de manejo de solo não influenciam os componentes morfológicos da soja.
O uso de cobertura vegetal da aveia branca promove aumento do índice de área foliar, área foliar específica, biomassa seca das folhas e da parte aérea da soja.
Referências
BALBINOT JUNIOR, A. A.; VEIGA, M. D.; MORAES, A. D.; PELISSARI, A.; MAFRA, A. L.; PICOLLA, C. D. Winter pasture and cover crops and their effects on soil and summer grain crops. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 46:1357-1363, 2011.
BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas (noções básicas). 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2003. 41p.
BOARD, J. E.; HARVILLE, B. G. Explanations for greater light interception in narrow vs. Widerow. Crop Science, 32:198-202, 1992.
CORTEZ, J. W.; MAUAD, M. S.; LUIZ, C. F.; RUFINO, M. V.; SOUZA, P. H. N. Agronomical attributes of soybean and soil resistance to penetration in no-tillage and chiseled surfaces. Revista Engenharia Agrícola, 37:98-105, 2017.
MORAES, P. V. D.; AGOSTINETTO, D.; PANOZZO, L.; OLIVEIRA, C. E.; VIGNOLO, G. K.; MARKUS, C. Manejo de plantas de cobertura no controle de plantas daninhas e desempenho produtivo da cultura do milho. Semina: Ciências Agrárias, 34:497-507, 2013.
YOKOYAMA, A. H.; RIBEIRO, R. H.; BALBINOT JUNIOR, A. A.; FRANCHINI, J. C.; DEBIASI, H.; ZUCARELI, C. Índice de área foliar e SPAD da soja em função de culturas de entressafra e nitrogênio e sua relação com a produtividade. Revista de Ciências Agrárias, 41:953-962, 2018
ZANON, A. J. et al. Contribuição das ramificações e a evolução do índice de área foliar em
cultivares modernas de soja. Bragantia, 74:279-290, 2015.
Informações sobre autores:
- ¹ Doutoranda em Agronomia, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados/MS. E-mail: diandradellaflora@gmail.com
- ² Profº. Adj. Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD. E-mail: jorgecortez@ufgd.edu.br
- ³ Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados/MS. E-mail:
nayra_fa@hotmail.com, wendellsilva_@hotmail.com.br, arantescgustavo@gmail.com.