O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento
agronômico da soja em função da época de semeadura e do GMR, submetidas a
diferentes densidades de plantas.

Autores: Guilherme Guerin Munareto¹; Roderjan Gabriel dos Santos²; Isabeli Wolski Brendler³, Mariane Alves Roso4; Kaleb Emanoel Ferreira do Amaral5; Felipe Andrade Tardetti6, Marisa Gomes da Silva7.

Introdução

A cultura da soja é a principal commodity agrícola do Brasil, que é o segundo maior produtor mundial de grãos. A produtividade média da soja brasileira cresceu de 1,5 Mg ha-1 (1976-1981), para 3,206 Mg ha-1 (2018/2019). No Rio Grande do Sul (RS) também houve esta tendência de aumento, na última safra alcançou 3,321 Mg ha-1, sendo o segundo Estado entre os produtores de soja no Brasil, produzindo 19,18 Mt em 5,77 milhões de hectares (CONAB, 2019). Para aumentar a produtividade da soja é necessária a utilização de novas técnicas e o aperfeiçoamento das que estão sendo utilizadas, sendo elas época de semeadura, densidade de plantas e Grupo de Maturidade Relativa (GMR).

Desta forma a época de semeadura é preponderante para o sucesso da lavoura, que quando combina as melhores condições ambientais com os períodos críticos de desenvolvimento, proporciona rendimentos potenciais em diferentes grupos de maturidade relativa (GMR) Zanon et al. (2018). As cultivares de soja estão agrupadas em GMR, os quais representam a duração do ciclo de desenvolvimento da soja (ALIPRANDINI et al., 2009). Essa duração é influenciada pela resposta ao fotoperíodo, práticas de manejo e adaptação das cultivares de soja (ZANON et al., 2018).

Diante disso, como prática de manejo o ajuste na densidade de plantas pode influenciar o crescimento e o desenvolvimento das culturas, pois altera a disponibilidade dos recursos água, luz e nutrientes para cada indivíduo (Ferreira, 2018). Com base neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento agronômico da soja em função da época de semeadura e do GMR, submetidas a diferentes densidades de plantas.

Material e Métodos

No ano agrícola de 2018/2019 foi conduzido um experimento de campo com a cultura da soja, no município de Tupanciretã, RS, Brasil (29º06’14,47’’S, 53º59’57,02’’W, 482 m), região noroeste do Estado. O clima predominante no RS é subtropical úmido, com verões quentes e sem estação seca definida.


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A semeadura da soja foi realizada em três épocas, a primeira no dia 22/10/2018, a segunda no dia 20/11/2018 e a terceira no dia 21/12/2018, em todas as semeaduras foram utilizadas três cultivares, selecionadas por abrangerem diferentes faixas de grupos de maturação representativos a totalidade dos GMRs atualmente semeados no RS. Utilizou-se três cultivares de soja BMX RAIO IPRO, DM 5958 IPRO, ÍCONE IPRO pertencentes ao GMR (5.0, 5.9 e 6.8) respectivamente. Cada cultivar foi submetida a quatro densidades de semeadura 8, 14, 20 e 26 sementes por metro linear, sendo esta a faixa de densidade adotada pelos produtores no estado.

A semeadura foi realizada com uma semeadeira de 9 linhas a uma profundidade de 0,04 m, com espaçamento de 0,45 m entre fileiras, manejo de acordo com recomendações técnicas para atingir 6 Mg ha-1. O delineamento experimental utilizado foi instalado no esquema de parcelas subdivididas com seis repetições, sendo a parcela principal constituída pelas épocas de semeadura e as sub-parcelas com os Grupos de Maturidade Relativa (GMR) e dentro do GMR subdividida as densidades de semeadura.

A unidade amostral é composta por 4 fileiras de plantas, cada densidade dentro de cada GMR contará com 4 metros (m) de comprimento, dos quais para colheita utilizou-se as 2 fileiras centrais com 2,4 metros de comprimento totalizando uma área de 2,16 m². Após a colheita, realizou-se a debulha, limpeza, pesagem, determinação de umidade e correção da mesma para 13% em base úmida.

Resultados e Discussão

Na primeira época, observamos que a cultivar com menor GMR necessita de maior densidade e esta densidade deve ser reduzida quando aumenta o ciclo da cultivar. Os melhores resultados produtivos para o GMR 5.0 são para densidades entre 13 e 27 plantas, no entanto para o GMR 6.8 com densidade de 8 plantas (Figura 1), evidenciando que cultivares de ciclo menor em semeaduras antecipadas necessitam uma maior competição intraespecífica das plantas, para assim aumentar a eficiência na interceptação de luz e a altura das plantas (Rocha et al., 2018).

Figura 1. Produtividade em função da densidade de plantas, GMR e da época de semeadura.

Para a semeadura na segunda época, identificamos que as cultivares com GMR 5.0 e 5.9 com densidade de 8 a 18 plantas apresentaram maiores produtividades (Figura 1), validando que a produtividade decresce de acordo com o aumento do ciclo. Na terceira época, a cultivar com maior GMR (6.8) expressando a maior produtividade. As cultivares com GMR menor sofreram maior influencia do fotoperíodo que induziu o florescimento antecipadamente, de acordo com Braccini et al. (2004) o atraso na semeadura reduz o período compreendido entre a emergência das plântulas e o início do florescimento e, consequentemente, do ciclo da cultura, sendo responsável pela diminuição da altura da planta e produtividade.

Conclusão

Na primeira e segunda época de semeadura o aumento da produtividade se deu com a redução do GMR e aumento da densidade de plantas, esta densidade deve ser reduzida quando aumenta o ciclo da cultivar. Para semeaduras tardias observamos que o aumento do GMR responde ao aumento da densidade.

 

Referências

ALLIPRADINI, L. F. et al. Understanding soybean maturity groups in Brazil: environment, cultivar classification and stability. Crop Science, v.49, p.801-808, 2009.

BRACCINI, A. de L. e; MOTTA, I. de S.; SCAPIM, C.A.; BRACCINI, M. do C.L.; ÁVILA, M.R.; MESCHEDE, D.K. Características agronômicas e rendimento de sementes de soja na semeadura realizada no período de safrinha. Bragantia, v.63, p.81-92, 2004.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira: grãos, nono levantamento, junho de 2019. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em: 24 de jun. 2019.

FERREIRA, A. S. et al. Índice de área foliar de duas cultivares de soja em resposta à redução da densidade de plantas. Congresso Brasileiro de Soja, Goiania, GO. Inovação, tecnologias digitais e sustentabilidade da soja: anais.: Embrapa, agosto. 2018.

ROCHA, Bruno G.R et al. Cross-sowing system in soybean crop: advances and perspectives.

Rev. de Ciências Agrárias [online]. 2018, vol.41, n.2, pp.91-100. ZANON, A. J. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. 1ª ed., Santa Maria, 136 p., 2018.

Informações dos autores

Engenheiro Agrônomo, URI campus Santiago.

Engenheiro Agrônomo, UFSM, Santa Maria/RS.

Acadêmica do Curso de Agronomia, UFSM, Santa Maria/RS.

Acadêmica do Curso de Agronomia, UFSM.

Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM.

Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM.

Aluna do técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio, Colégio Politécnico, Santa Maria/RS.

Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.

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