ANÁLISE CLIMÁTICA DE AGOSTO
Em agosto de 2022, os maiores acumulados de chuva foram registrados principalmente no noroeste da Região Norte, na costa leste do Nordeste, em Santa Catarina e centro-sul do Paraná, chegando a acumulados de chuva superiores a 300 mm em algumas áreas. Assim como observado nos últimos meses, em grande parte do Brasil Central, as chuvas em agosto foram ligeiramente mais escassas, refletindo na redução do armazenamento de
água no solo.
Na Região Norte, foram observados acumulados de chuva superiores a 150 mm, principalmente em áreas do noroeste da região, mantendo os níveis de armazenamento de água no solo elevados. Já em áreas do leste de Rondônia e Acre, Tocantins e sul do Pará, os acumulados de chuva foram inferiores a 30 mm, e impactaram negativamente os níveis de água no solo.
Na Região Nordeste, os acumulados de chuva foram superiores a 120 mm, e concentraram-se na costa leste da região, favorecendo o armazenamento de água no solo e as lavouras em desenvolvimento na região da Sealba, com exceção de áreas localizadas mais no interior da Bahia. Em áreas do oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí não foram registrados acumulados de chuva, o que reduziu os níveis de água no solo, mas favoreceram os cultivos de segunda safra que se encontravam em maturação e colheita.
Na Região Centro-Oeste foram registrados volumes de chuva em áreas do sul do Mato Grosso e grande parte do Mato Grosso do Sul, onde houve recuperação do armazenamento de água no solo e beneficiou os cultivos de inverno em enchimento de grãos no sudoeste do estado e sul-matogrossense. Nas demais áreas da região não foram observados volumes de chuva, predominando o tempo seco, que favoreceu as fases finais dos cultivos
de segunda safra.
No centro-norte da Região Sudeste, assim como em parte do Centro-Oeste, não foram registrados acumulados de chuva, o que provocou a redução do armazenamento de água no solo, porém esta condição continuou favorecendo os cultivos de segunda safra e de inverno que se encontravam nas fases finais de desenvolvimento, além da colheita da cana-de-açúcar e do café. Já em áreas do sul de São Paulo e do Rio de Janeiro foram observados acumulados de chuva superiores a 70 mm, e nas demais áreas, como no centro-sul de Minas, norte de São Paulo e no Espírito Santo, foram registrados volumes de chuva em torno de 20 mm, causando um ligeiro aumento dos níveis de água no solo.
Na Região Sul foram observados registrados de chuva em toda a região, com acumulados que ultrapassaram 200 mm, principalmente em áreas de Santa Catarina e centro-sul do Paraná. No norte do Paraná, as chuvas contribuíram para a recuperação do armazenamento de água no solo, o que beneficiou os cultivos de inverno, como o trigo, que se encontrava em desenvolvimento vegetativo, florescimento e enchimento de grãos.
Em agosto também ocorreu redução nas temperaturas em grande parte do Centro-Sul do país, além de registros de ocorrência de geadas, que variaram de intensidade fraca à forte, principalmente no final do mês. Entretanto, a maioria das culturas de inverno que se encontravam nas áreas atingidas pela geada estavam em desenvolvimento vegetativo, não sendo observados danos significativos às culturas nessas áreas.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 21 e 27 de agosto de 2022. Na parte central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias negativas de até -1,5 °C, chegando a valores de até -2 °C na costa oeste da América do Sul e em alguns pontos da área central, indicando a persistência de temperaturas mais frias nestas regiões.
Já na região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante agosto permaneceu negativa, indicando a persistência de uma La Niña com intensidade fraca. Nos primeiros 12 dias do mês, os valores de TSM permaneceram em torno de -0,6 °C, com uma tendência de diminuição até o dia 23, chegando a -1 °C. Na última semana houve uma ligeira tendência de aumento dos valores de anomalia, chegando a valores próximos de -0,8 °C.
A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que as condições de La Niña ainda devem permanecer durante os meses de primavera (setembro, outubro e novembro), com probabilidades entre 70% e 80%, até o início do verão.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO SETEMBRO, OUTUBRO E NOVEMBRO DE 2022
As previsões climáticas, segundo o modelo estatístico do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Norte do país, há previsões de chuva acima da média climatológica, com exceção de áreas do centro-sul do Pará, sudoeste e leste do Amazonas e centro de Rondônia, onde a previsão indica uma tendência de chuvas dentro ou abaixo da média.
Na Região Nordeste, o modelo indica chuvas dentro ou acima da média climatológica em praticamente toda a região, o que deve favorecer as fases mais sensíveis das culturas em grande parte do Sealba, como o feijão e o milho terceira safra. Já em áreas do Matopiba, o início da safra deve ser marcado por chuvas dentro ou acima da média climatológica, principalmente em outubro e novembro, o que será favorável para a elevação dos níveis de água no solo, principalmente em áreas do oeste da Bahia e em Tocantins, e poderá favorecer o estabelecimento e as fases inicias das culturas.
Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão trimestral indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média em grande parte da região, com exceção de áreas no sul do Mato Grosso, sudeste do Mato Grosso do Sul e São Paulo, onde há previsão de chuvas abaixo da climatologia. Porém, principalmente em outubro, há previsão do retorno gradual das chuvas em grande parte da região, o que será importante para a elevação do armazenamento de água no solo, o estabelecimento e as fases iniciais das culturas no campo, como a soja, o milho e o algodão.
Já na Região Sul, com a previsão da persistência de condições de La Niña, nos próximos três meses o prognóstico climático aponta para chuvas ligeiramente abaixo da média em grande parte da região, principalmente em outubro e novembro. Porém, em setembro, o modelo indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média, favorecendo uma manutenção da umidade do solo, o que pode contribuir para o menor impacto nas fases iniciais dos cultivos da safra de grãos, caso ocorra chuvas abaixo da média, principalmente em outubro.
Em relação à temperatura média do ar, há previsão de temperaturas ligeiramente dentro ou acima da média climatológica em praticamente todo o país, principalmente em áreas do Matopiba em setembro e outubro. Já em grande parte das Regiões Sudeste e Sul, com exceção de áreas do oeste de São Paulo e norte do Paraná, há previsão de temperaturas dentro ou ligeiramente abaixo da média.
Fonte: Conab – Acompanhamento da Safra Brasileira, 12° Levantamento