A continuidade das condições ambientais desde o início de março, com chuvas alternadas a períodos de tempo firme e com temperaturas mais amenas, proporcionou uma evolução mais adequada à cultura da soja em fases anteriores à maturação.
POR TALINE SCHNEIDER/EMATER-RS
De acordo com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado nesta quinta-feira (17/03) pelas gerências de Planejamento e Comunicação da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), as lavouras em recuperação apresentam plantas com porte médio, aumento de ramificações, emissão de folhas e concentração de vagens em formação no terço superior. Para as lavouras semeadas no final do período recomendado, houve um aumento significativo do número de nós e trifólios nas plantas bem como folhas de maior tamanho, dando aspecto visual de lavouras bem desenvolvidas.
As precipitações atrapalharam parcialmente a colheita, que alcançou 9% da área cultivada. A operação seguiu sendo realizada em lavouras que foram mais afetadas pela estiagem, com cultivares mais precoces. Outros 37% estão em fase de de maturação, 41% em enchimento de grãos, 12% em floração e resta apenas 1% ainda em germinação e desenvolvimento vegetativo.
A colheita do milho evoluiu lentamente para 68% da área cultivada. O acréscimo de apenas 4% foi condicionado pela ocorrência de chuvas e pela maior atenção à operação em outros cultivos, como a soja e o arroz. A produtividade estimada permanece em 3.428 kg/ha, representando um decréscimo de 53% da projetada inicialmente. A melhoria nas condições ambientais, durante o mês de março favoreceu 15% dos cultivos que estão em estágios vegetativo (2%), em florescimento (3%) e em enchimento de grãos (10%). As áreas em maturação permanecem pouco afetadas pelas precipitações e chegam a 17%.
Olerícolas
Na regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, o desenvolvimento de todas as espécies olerícolas apresenta-se adequado, beneficiadas pela umidade no solo e temperaturas mais favoráveis. O retorno da umidade no solo permitiu a retomada das atividades de preparo dos canteiros, semeaduras e transplantes dos cultivos a campo. A cultura do tomate em ambiente protegido, implantada em meados de janeiro, apresenta bom evolução, e os frutos das primeiras pencas já estão em início de desenvolvimento. A incidência de tripes ainda é alta, necessitando continuidade de controle. A cultura da mandioca está em início da colheita, mesmo com a redução do desenvolvimento devido à estiagem. Raízes apresentam teor mais elevado de fibras. A produção regional ainda não está normalizada em consequência da baixa oferta de produtos nas feiras.
Frutícolas
Na regional de Santa Rosa, as boas chuvas na primeira quinzena de março, a redução da temperatura e a boa umidade do solo favoreceram os pomares. Com as boas condições climáticas da semana, os produtores realizaram o manejo do controle de pragas e doenças e as adubações em cobertura necessárias. Já se percebe a mudança no aspecto dos pomares, que se apresentam com folhas sem murcha. Plantas cítricas estão em frutificação, com tendência de frutos menores, porém com maior teor de açúcar devido à baixa umidade do solo na frutificação. A manga está em período de maturação e colheita na região, assim como butiá, caqui e goiaba.
Pastagens
A ocorrência de chuvas, em praticamente todo o estado do RS, possibilitou a retomada do desenvolvimento das pastagens, permitindo o pastejo em diversos locais que estavam prejudicados pelo efeito da estiagem prolongada. Em geral, as espécies forrageiras estão com rebrote, sendo que muitos produtores aproveitaram a umidade do solo para realizar a adubação em cobertura e, assim, potencializar o crescimento das plantas.
Áreas com pastagens cultivadas de verão, como capim kurumi e capim capiaçu, mostram-se mais resistentes à falta de umidade no solo, sendo que a ocorrência de chuvas, proporcionou a boa oferta de pasto aos animais. Os campos nativos apresentam uma boa resposta aos eventos de chuva, melhorando a disponibilidade de massa verde para o pastejo. Muitos produtores já iniciaram o preparo das áreas que receberão pastagens de inverno.
Bovinocultura de corte
O retorno da umidade ao solo proporcionou o desenvolvimento das pastagens, fazendo com que o cenário da produção de gado de corte apresentasse melhoras O rebrote foi tão intenso em algumas propriedades, que houve relatos da ocorrência de diarreias em animais devido à menor quantidade de matéria seca na alimentação. Esse fato causou a perda de escore corporal nesses rebanhos, sendo necessário realizar a suplementação com volumosos mais fibrosos.
Foi constatado um aumento do parasitismo pelo carrapato bovino, demandando mais controle através da redução no intervalo de banhos carrapaticidas, pois as condições ambientais se apresentam favoráveis ao desenvolvimento dos carrapatos.
Alguns produtores devem estender a estação de monta com o objetivo de aproveitar eventual manifestação de cio das matrizes, que já estão em pleno processo de recuperação do estado corporal. Em outras regiões, o foco do manejo reprodutivo está nos diagnósticos de prenhez.
Bovinocultura de leite
Com a melhora da situação das pastagens, já é possível notar o início da recuperação da condição corporal das matrizes. A situação dos rebanhos também está sendo favorecida pela disponibilidade adequada de água para dessedentação e pelas temperaturas amenas, que proporcionam maior conforto térmico para os animais.
Como muitos produtores concentram o período de parição para o outono no intuito de os terneiros aproveitarem as pastagens de inverno, há, no momento, um grande número de matrizes em ordenha, principalmente em fase final de lactação.
Com as chuvas, aumentam os casos de contaminação do leite e de mastites devido ao acúmulo de barro no entorno dos locais de ordenha.