A qualidade das pulverizações de defensivos está diretamente relacionada com a eficiência no manejo fitossanitário das culturas agrícolas. Seja a aplicação terrestre ou aérea, diversos fatores relacionados ao ambiente e/ou tecnologia de aplicação podem influenciar na qualidade da aplicação dos defensivos, resultando muitas vezes em perdas por deriva, volatilização ou até mesmo a baixa eficiência na distribuição dos defensivos no dossel da cultura.
Nesse sentido, conhecer os principais fatores envolvidos na qualidade das aplicações de defensivos em culturas agrícolas é crucial para o aumento da eficiência das pulverizações. Dentre os fatores de maior impacto na qualidade das pulverizações agrícolas, destacam-se as condições ambientais no momento da aplicação e as características relacionadas a tecnologia de aplicação.
Os principais fatores climáticos relacionados a qualidade da aplicação dos defensivos, são a umidade relativa do ar, a velocidade e direção dos ventos e a temperatura no momento da pulverização.
Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar no momento da pulverização não deve ser inferior a 50%. Em baixa umidade relativa do ar, a gota ao ser liberada pelo processo de pulverização perde líquido e peso pela evaporação, tornando-se cada vez mais leve, podendo ser arrastada ou desviada de sua trajetória inicial e prevista, chegando a ponto de secar completamente sem atingir o alvo biológico (Azevedo & Freire, 2006).
Velocidade dos ventos
Velocidades de vento inferiores a 2 km/h ou calmarias totais são tecnicamente negativas ao sucesso da aplicação, pois podem ocasionar inversões térmicas, acarretando longa suspensão das gotas mais finas, o que prejudica sua deposição sobre o alvo desejado, além de causar contaminações em lavouras vizinhas e no meio ambiente (Santos, 2006).
O ideal é que a pulverização seja realizada com vento constante de 3,2 a 6,5 km/h, que corresponde a uma brisa leve caracterizada pelo vento perceptível na face, mas capaz de movimentar apenas levemente as folhas. Ventos acima de 10 km/h são prejudiciais, aumentando o risco de deriva (Azevedo & Freire, 2006). Vale destacar que a direção dos ventos também deve ser considerada a fim de evitar derivas a culturas sensíveis.
A nível de campo, sem o auxílio de um anemômetro, pode-se realizar práticas alternativas para estimar a velocidade de vento e identificar a sua direção, como por exemplo com o auxilio do fogo, vegetação e poeira (tabela 1).
Tabela 1. Determinação prática da velocidade do vento para pulverizações.

Temperatura
O ideal do ponto de vista técnico é que a pulverização seja realizada com temperaturas inferiores a 32°C, contudo, Azevedo & Freire (2006) destacam que, temperaturas inferiores a 15°C diminuem a atividade fisiológica das plantas, reduzindo a absorção de produtos que apresentam instabilidade física ou química, como é o caso dos sistêmicos ou de ação translaminar, fato que deve ser considerado no manejo fitossanitário de culturas de inverno.
Além disso, temperaturas elevadas podem acelerar a evaporação das gotas, reduzindo assim o tempo e vida delas e comprometendo a eficácia dos defensivos. Em casos mais extremos, com o uso de gotas muito finas, temperaturas elevadas podem até mesmo extinguir as gotas antes de alcançar o alvo, comprometendo a eficácia da aplicação.
Além dos fatores ambientais, características relacionadas a tecnologia de aplicação como tamanho de gota, número de gotas, vazão, tipo de bico, pressão de serviço, ângulo do jato e propriedades da calda, podem influenciar na qualidade da aplicação.
Dentre os fatores com maior relevância, destaca-se a diâmetro de gotas e o número de gotas, os quais variam em função do tipo de defensivo agrícola, sistema de produção e também método de aplicação (terrestre ou aérea). Definir esses parâmetros com base nas recomendações de manejo é determinante para o sucesso da pulverização, e eficácia do controle químico.
Confira abaixo alguns parâmetros para a volumes de aplicação e padrões de gotas recomendados para diferentes tipos de aplicação de defensivos agrícolas.
Tabela 2. Parâmetros para volumes de aplicação e padrões de gotas recomendados para diferentes tipos de aplicação de defensivos agrícolas, com equipamentos terrestres e aeronaves agrícolas.

Fonte: Santos (2006)
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Referências:
AZEVEDO, F. R.; FREIRE, F. C. O. TECNOLOGIA DE APLCIAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS. Embrapa, Documentos, n. 102, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/426350/1/Dc102.pdf >, acesso em: 07/04/2025.
SANTOS, J. M. F. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS. Visão Agrícolas, n. 6, 2006. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/va06-fitossanidade08.pdf >, acesso em: 07/04/2025.